quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Pró Irlan



Por Germano Xavier



Poeminha escrito especialmente para que os pequeninos da Professora Iudes Ferreira recitassem 
em homenagem à minha mãe, Irlan Xavier.

Evento realizado pelo Colégio Francisco de Assis (Iraquara-BA/2018).



Pró Irlan, mulher destemida,
Fez da educação a sua vida.

Casada com Carlos, mãe de Gustavo e Germano,
Uma grande mulher, um belo ser humano.

Com muito empenho e suor,
Cuidou do outro e mostrou seu valor.

Pró Irlan, professora de uma geração,
Com graça e doçura entregou seu coração.

Do José de Arimatéia ao Francisco de Assis,
Seu caminho foi ensinar o bem ao aprendiz.

Eu, tu, ele, ela, nós, todo mundo não lhe esquece.
Pró Irlan, Iraquara inteira hoje lhe agradece!

São muitos anos alimentando sonhos com amor,
Peço a todos uma salva de palmas para ela, por favor!


* Imagens: Colégio Francisco de Assis

domingo, 18 de novembro de 2018

Sobre a grávida gravidade da vida (Parte I)



Por Daniela Correia e Germano Xavier


Episódio de hoje: Saramago, loucura e lucidez



Desde os primórdios da civilização que o povo vive em constante e, até, em desenfreada deliberação. Mutação. Porque somos assim. Porque somos isso, simplesmente. Uma espécie animal resolvida em transformações, sejam elas fisiológicas, psíquicas ou atitudinais. Cada indivíduo infere, deduz, reflete, analisa e elabora uma forma de mundo diferente, à qual sempre incidirá um tipo de dependência frente ao momento, à situação, aos privilégios e ao lugar que o indivíduo vive.

Com o decorrer do tempo e, também, diante de seu natural transcorrer, o olhar da população diante do que a cerca pode sofrer fortes mudanças de trajetória, já que reflete nos acontecimentos vivenciados durante o decurso da vida e de sentimentos porventura surgidos em meio à jornada a qual estamos dispostos a percorrer. José Saramago, por exemplo, grande referência literária em Língua Portuguesa e antena sensitiva do mundo, afirmou que estamos a destruir o planeta e o egoísmo de cada geração não se preocupa em perguntar como é que vão viver os que virão depois. A sensação é a de que a única coisa que importa é o triunfo do agora. A isto, Saramago chama de “A cegueira da razão”.

Muitas pessoas têm a oportunidade de sonhar, planejar e consumar seus grandes objetivos, realizar metas, reformar e refundar desejos. Outros não têm tempo para seus sonhos, tampouco oportunidades para encará-los de frente, e nesta balada desanimadora logo acabam se tornando parasitas do hábito, numa simbiose por vezes quase incurável; muitos terminam por viver sem questionar o futuro, mais precisamente sobre os seus estilos ideais de vida e as suas preferências por determinadas áreas de trabalho. Tudo acontece numa implacável mecânica, tal qual uma corrente a qual se está preso e que leva boa parte dos cidadãos para uma dimensão escura e de inoperância, onde reina o acaso e a sorte. Há muita dúvida e incerteza para com todos aqueles que almejam por um espaço próprio de identificação no mundo. Como também há pouca esperança diante daqueles que estão longe de alcançar uma felicidade maior e segura.

Entretanto, quando ainda se é criança, é relativamente comum se ensinar a ser e viver de acordo com a sua respectiva realidade. Seria este um dos motivos da crise humanitária na atual sociedade? Uma criança da periferia não pode ter o mesmo acesso às melhores escolas e universidades que uma da zona sul? É obrigação do Estado exercer o seu papel sobre a Nação, bem como, também, é papel das pessoas burlar todos os padrões impostos pela sociedade, quando tais padrões não atendem aos seus desejos mais íntimos e férteis. Mudar o pensamento e a forma de existir quando necessário fosse deveria ser regra. Com estas mudanças, o indivíduo que via um muro em sua frente pode muito bem começar a repensar e criar suas metas para a vida.

Com a luta e a união de todos, qualquer forma de desilusão tende a desaparecer do mapa, e o ato de querer mudança por todos aqueles que não têm voz também passa a ser mais presente na alma do povo. Esta revolução, tão fundamental, ocorre simplesmente com um reflexo diante de um espelho, um instante de força maior, e em seguida abre uma janela de reflexão que revela que a existência humana não é unicamente posta à prática no intuito do bem individual, mas, acima de tudo, para um bem maior e múltiplo, para a inclusão de todas as classes excluídas.

Evidente que se torna indispensável o desenvolvimento da autoconsciência, do que podemos e do que não precisamos fazer. E saber que a aparência é um aspecto meramente referendado em padronizações. E saber que muito do que ensinaram ou ensinam, na realidade, é o oposto do que toda pessoa é capaz de conseguir. Saber, principalmente, que hierarquia dos povos existe sim (o Tempo soldou-a em vis moldes), mas que a educação também existe para que ela seja quebrada, desvelada, reformulada, reorientada. Para um bem maior e múltiplo, sempre.


* Imagem: https://www.deviantart.com/vermontster/art/Hand-500722555

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Ars Poetica em linguagem mista



Por Germano Xavier



Eu me pego a pensar, meio que jubiloso, desde o momento que o li pela primeira vez, em como se deu todo o processo — ou apenas os seus meandros, os mais melindrosos, que sejam! — de confecção do livro Contexturas – Quadros de Armanda Alves “ilustrados” pelos contos de Luísa Fresta, lançado em Portugal no dia 13 de maio de 2017 e fruto de uma experiência arrojada de duas artistas (Armanda na pintura e Luísa na literatura).

Antes de ler o prefácio e o texto de apresentação, como costumo fazer com toda e qualquer leitura de âmbito literário, imaginei uma história de amizade muito forte e bonita entre as duas, com passagens de apego maior e de fortalezas mútuas. Confesso que quase logrei 100 % de êxito ao pensar assim. Em conversa rápida com Luísa Fresta, “ilustradora” responsável por “contar” os quadros da Armanda no respectivo livro, a autora terminou por me revelar, resumidamente: “Decidi extrair histórias de alguns dos quadros dela (Armanda), que selecionei previamente”.

Armanda Alves é uma artista luso-angolana que adotou Portugal como morada há bastante tempo. No começo, tinha a pintura como uma espécie de passatempo, produzindo peças primeiramente para o seu deleite pessoal. Como autodidata que é na arte da pintura, vive por maquinar diariamente novas técnicas e soluções para os seus quadros, entre as quais a mera aplicação dos dedos para a realização das telas, dispensando terminantemente qualquer espécie de pincel. Já a engenheira civil formada na França, Luísa Fresta, nasceu em Portugal, porém viveu boa parte da infância e da adolescência em Angola. No ano de 2014 publicou a obra 49 Passos - Entre os Limites e o Infinito (poesia), pela Chiado Editora.

O livro é um pequeno tratado de “Ars Poetica”, ao melhor e mais útil parafraseio-molde horaciano. Uma aguda dose de poesia e magia por todos os lados e por todas as páginas e por todas as imagens. Sendo ele uma fabricação de base retórica ficcional, a junção tela-texto convence-nos a partilhar uma dada visão de mundo dual/duplicada, de “realidade” amplificada, que pode a qualquer momento ser desviada para outros espaços interpretativos, afinal de contas se trata de duas linguagens artísticas bastante diferentes. Uma revelando a outra, nas 20 unidades de imagem-conto, num intenso e eterno entrelaçar-se.


* Imagem: https://artesecontextos.com/2017/05/contexturas-luisa-fresta-armanda-alves/

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Psicotrópico, de Mateus Dourado




Mateus Dourado é um dos caras mais inteligentes com quem já tive a oportunidade de estar/conhecer em vida. Hoje é professor no município de Irecê-BA, onde morei durante três anos com meu irmão mais velho e duas primas na época do Ensino Médio. Natural desta cidade, que já foi conhecida como “A capital do Feijão”, devido ao seu forte pendor agrícola, é formado em Filosofia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e autor do e-book “Palavrar” (2014). Penso que, para Mateus, um livro de poemas tem de benzer o gesto pagão, beber a escória das verdades, vomitar purezas. Mateus Dourado, em seu compêndio digital PSICOTRÓPICO, ensina a ser impuro. Impuro, de tão cru e desnudo. Um poeta feliz em se lançar perante o mundo, diante do outro. Sem medo, sem frescura, um poeta com seus quimbas escancarados ao vento, destemida voz em amplidão. Para Mateus, um livro de poemas deve cheirar ao gosto das roceiras infâncias, ao grude dos espermas adormecidos, despejados como tiros de misericórdia nas paredes dos banheiros de solidão. A voz de Mateus Dourado é uma inteira filosofia própria. Discípulo dele mesmo e de tantos outros grandes nomes das artes, músicos, literatos, pintores e teóricos. O livro é divido em setores, com assim resolvo chamar: NO TEMPO QUE ERA SEU & OUTROS VENTRES, MARMÓREO e O OVO DO NOVO. Cada parte é uma pancada de sinceridades. Poemas escritos para serem musicados ou pintados por chicos, linikers, picassos, jimmy pages, magrittes, zecas baleiros, van goghs. Um livro de poemas deve viver. E este vive. E como vive!

Obrigado por me permitir prefaciar teu livro, mestre Mateus. 
Honra. 

Sigamos!


* Imagem:https://twitter.com/mbdourado

Bolsonaro não é preciso



Por Germano Xavier


em apoio à democracia,
outro parafraseio pessoano contra o retrocesso no Brasil



lutar é preciso bolsonaro não é preciso democracia é preciso bolsonaro não é preciso tolerância é preciso bolsonaro não é preciso respeito é preciso fascismo não é preciso lutar é preciso bolsonaro não é preciso democracia é preciso bolsonaro não é preciso tolerância é preciso bolsonaro não é preciso respeito é preciso fascismo não é preciso lutar é preciso bolsonaro não é preciso democracia é preciso bolsonaro não é preciso tolerância é preciso bolsonaro não é preciso respeito é preciso fascismo não é preciso lutar é preciso bolsonaro não é preciso democracia é preciso bolsonaro não é preciso tolerância é preciso bolsonaro não é preciso respeito é preciso fascismo não é preciso lutar é preciso bolsonaro não é preciso democracia é preciso bolsonaro não é preciso tolerância é preciso bolsonaro não é preciso respeito é preciso fascismo não é preciso lutar é preciso bolsonaro não é preciso democracia é preciso bolsonaro não é preciso tolerância é preciso bolsonaro não é preciso respeito é 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* Imagem: http://centrovictormeyer.org.br/voto-critico-voto-nulo/