segunda-feira, 27 de maio de 2019

Os manejos em assanho de Orobó (Parte IV)



Por Germano Xavier


reza a lenda que os dois se tornaram um só:
corp'alma e todo um aspecto plástico-poético,
ou ainda mesmo pura pirotecnia.



O fogo se instaurou quando dentro
e uma narrativa solidária fora brotada.

No canal, esperm'ardente em avanços,
Ikan foi sendo Muhatu e Muhatu foi sendo Ikan.

Orobó agora deixara de ser real.
Orobó era magia sem Tempo.

Condenados à coragem, astutos imaginaram
o persistir: modos únicos de revolução.

A hora em que Ikan iluminou Muhatu
fora também a hora em que Muhatu, 
já diagnosticada com "doença de amor",
fartou de nomes as coisas-meras-coisas.

Toda uma maneira se desintegrou.
Então, compartilharam personalidades.


sábado, 4 de maio de 2019

Os manejos em assanho de Orobó (Parte III)



Por Germano Xavier


reza a lenda que eles pousaram no Grande Horto 
e que o pouso fora a certeza do amanhã.
e que o amanhã era o ind'agora em ontens.



Pedra brilhante de Itá Berá: é brasa na Chapada.
Lugar incendioso das matas antigas e do povo bom.

Brigadista é Ikan, mas antes tocador de fogo,
que é ser-liberdade em cores e crepitares.

Saiu para fazer arte no céu das dúvidas.
Levou Muhatu, a Pequena, pois dela é o Reino.

Quem liga o sol é o próprio calor da hora.
A massa é antes o forno: carvão ativado.

Pássaros sobre o fio - alta tensão.
Porta-porto: pousada. Lama no beijo.

Mel. Água. Suor. Rosto. Corpo. Seios.
Vãos nada vãos. O Gigante e a Pequena.

IkanMuhatuIkanMuhatuIkanMuhatu.

Os dois, pálidos de tantos.
Os dois, certos de que sempre.
Ikan e Muhatu, corações grávidos.


* Imagem: https://www.deviantart.com/einsilbig/art/Signs-of-the-future-707174452