Diamantes, canais e o Distrito da Luz Vermelha
chegando em Amsterdam, fui ver
uns diamantes. falei para a moça que apresentava as
pedras "sou da Chapada dos Diamantes" e quem
me garante que esse aí reluzente não veio de lá?
ela deu risada, mas em minha fala havia revolta.
minha vingança foi maligna. aliás, eu sempre arranjo
um jeito de me vingar.
meia volta na fabriqueta e eu estava no centro da capital
holandesa. uma cidade belíssima. bicicletas.
muitas bicicletas. por todos os lados. de todas as
cores. bicicletas afundadas nos canais. um festival de
histórias sobre bicicletas e seus donos. tomei um vinho
e a embarçação abriu a noite.
dobrei umas ruas estreitas e me encontrei
no Distrito da Luz Vermelha. observei atentamente
tudo ao meu redor. uma maneira particular de ganhar dinheiro,
de vender o corpo, de exploração, de tanta coisa... muitos jovens
e muita fumaça e muito álcool e muitas drogas, eu sei.
até hoje relembro os olhos fugidios daquelas moças nas
vitrines. seminuas e tão nuas de tanta coisa. observei. mas nem tanto.
não quis constranger ninguém. a Holanda é um lugar que
merece uma atenção especial. muita coisa lá já é uma espécie de futuro.
ou não. um dia iremos saber.
foi quando pensei em Anne Frank.
fechei os olhos logo em seguida,
e meu pensamento me distraiu dores.
(Tarde e noite de 15 de junho de 2017)
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