por Germano Xavier
para Débora Xavier
ela era uma doce e triste flor na aurora do Tempo
da menina-rio, ela era. mas em nova era,
uma mulher transformada no quente quarto
das esperas, como uma onça parida na ira
por seu caçador | aberta fenda no(u) corpo,
tal poética de amor - não era mais, já era.
agora, a onça, sentida em si sem dissabor,
invoca a sanha de seu feminino terço:
doce manha a de querer, entre seus baixos lábios,
a mão, o toque, a língua, o beijo,
seu homem.
a mulher, agora, dominada,
dotada e viva de sabor, não quer outra coisa,
senão o campo das delícias, um jardim-Neruda.
a mulher, agora,
não respira, não almeja, não deseja
nada além, em sendo rica e abundante,
que sentir a caudalosidade de seu próprio mar.
* Imagem: Deviantart
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