por Germano Xavier
As gárgulas de Notre-Dame
há uma espécie de portal do lado de fora do Louvre.
quando nas alturas da famosa pirâmide, observei o horizonte
mentalizado em mapas mentais construídos na noite passada.
era só seguir em frente e, enfim, o Arco do Triunfo.
ah, Napoleão, como a França está impregnada de ti!, balbuciei.
mas não nos esqueçamos: o bom mesmo é o caminho, não o fim dele.
uma pausa para um sorvete de casquinha e um sereno sol
às vésperas dos Jardins das Tulherias.
| uma pose para uma foto? |
logo após os verdes amarelados das árvores, o Obelisco de Luxor
na Praça da Concórdia. de tanto andar, os pés reclamavam.
entrei na Avenida dos Campos Elísios e o relógio no pulso
marcava quase sete da noite. o céu tinha cara de meio de tarde
no nordeste brasileiro. tudo estava azul acima da linha-horizonte.
parada para um chope e algumas amêndoas.
ali, sentado,
fiquei reparando a parca ou quase nula propaganda nas fachadas
dos prédios usada pelas grandes marcas multinacionais.
a tal da discrição, fina e também excludente, pensei.
após um último gole, pensei que não valeria a pena esticar
os passos na direção do Arco Triunfal. paguei um tuk-tuk, dizendo:
para mais próximo do Sena, por favor.
19 euros me deram direito a dois dias de navegações por sobre o Sena.
a embarcação Batobus era rotineira e possuía estações de sobe-e-desce.
toquei para a réplica da Estátua da Liberdade, para a região do Trocadéro,
pontes e mais pontes, e num retorno mais aligeirado,
fiz uma parada para conhecer a morada de Quasímodo na Ilha da Cidade.
por um vacilo imenso e que ainda me fará retornar à França,
deixei de conhecer a Shakespeare and Company, logo ali.
culpa das horas velozes ou das gárgulas de Notre-Dame.
o Tempo do viajante é cruel, muito cruel, amigos.
e há horário para tudo no mundo, sabemos, até para os trens
e para os metrôs.
em sendo assim, olhei tudo em volta e disse: É isso!
hora de voltar para o hotel
e maquinar uma saideira de gala nesta França de tantas coisas.
George Whitman, Sylvia Beach, mil perdões, mas eu voltarei.
(Paris, noite de 12 de junho de 2017)
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