Por Germano Xavier
uma homenagem a Zé do Mestre,
à Pega de Boi Elizeu Xavier (meu avô), de São Bento do Una-PE,
e a todos os vaqueiros do mundo
vaqueiro de verdade é o da cara lascada,
que destripa a caatinga e rasga todos os portais
da seca, da imensidão: seu ofício e seu lar.
no meio de coronéis e lampiões, vai definindo
o vento áspero dos mil Gerais.
vaqueiro veste a serra, o morro e o gibão,
traja o perigo e o couro dos animais rurais.
nas feiras marca o adorno, costura o ritual dos santos
de proteção. vaqueiro sovela o sol,
vaza o dia e molda a noite.
e no limiar dos sertões, o peleiro
o aguarda para remendos encourar, quando
Senhor Bom Homem e São Crispim tecem
as novas coragens.
repasse imortal do mestre gonzagueando
sábados de criação. vivo é o passo do pai nas
mãos do filho. perneira, guarda-peito, chapéu e luva...
a peça quase inteira se da peste não for
o indumentado cabra, se da cara lascada não for
o bendito vaqueiro.
* Imagem: http://g1.globo.com/pernambuco/noticia/2013/12/exposicao-no-recife-retrata-universo-do-artesao-ze-do-mestre.html
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