segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Sobre "Kalinda, a princesa que perdeu os cabelos e outras histórias africanas", de Celso Sisto


 

Por Germano Xavier


Cada vez mais tenho procurado ler livros de escritoras e escritores negros, africanos ou que, de alguma maneira, tragam impresso nas páginas ou no contexto geral um diálogo direto com os acontecimentos e com as coisas de África. É necessário fazer tal movimento. E tenho quase certeza de que os contos populares africanos são uma das melhores maneiras de que dispomos para adentrarmos universo tão vasto e amplificado.

Os contos populares africanos são capazes de nos colocar diante das essências da vida de todo um continente, de todo um povo uno-múltiplo e do funcionamento do mundo. As vozes que eles ecoam dentro de nós são vozes antigas, ancestrais, e em geral movimentam incontornáveis ensinamentos.

Kalinda, a princesa que perdeu os cabelos e outras histórias africanas é um vivo exemplo do que escrevi nos parágrafos anteriores. Celso Sisto, autor e ilustrador, organiza e reconta cinco histórias fantásticas, em todos os sentidos possíveis, possibilitando aos leitores uma imersão plena e bastante particular pela riqueza cultural de diferentes povos retratados no livro.

As narrativas, por si só, são um capítulos à parte. Com detalhes que muito facilmente nos ligam aos contos de fadas de raízes europeias, na verdade pedem para serem lidas e incorporadas como histórias-motores, narrativas geradoras de forças e de ânimos, além de influenciadoras e condutoras vitais. Em cinco contos, por sinal bem diferentes entre si, Celso Sisto imprime a ideia certeira de que não há mesmo limites para a imaginação do ser humano.

Outro quesito de destaque é o catálogo de ilustrações escolhido para pontuar e intercalar as narrativas. Belíssimas e muito expressivas. Ao final, o autor ainda situa o lugar de origem de cada um dos contos presentes no livro. Quênia, Togo, Benin, Nigéria, Angola, África do Sul, Zâmbia, Moçambique, Botsuana, Zimbábue, Namíbia e Argélia são algumas das localidades por onde passeamos ao ler os textos e as imagens de Kalinda, a princesa que perdeu os cabelos e outras histórias africanas (Escarlate, 2018). Dessa forma, podemos interagir com ainda mais entusiasmo em todo o processo de leitura e conhecimento do material.


Imagem: Google

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