Por Germano Xavier
Em terras de Hergé, mas em busca de Marx
ainda era cedo quando pegamos a giratória do Arco do Triunfo
para um último aceno a Paris. logo Saint-Denis, o Charles de Gaulle,
a Picardia, Champagne, as proximidades da Amiens de Verne, A1, E19,
até um pouso calculado no Atomium.
Bruxelas me recebeu com flores e bastante discrição.
a catedral de São Michel e Santa Gúdula aclimatava a paz
dos meus primeiros passos em solo belga.
ali, nas imediações da Rue d'Arenberg, dobrei e investi passos
por dentro das Galerias Reais Saint-Hubert.
parei por um instante para prestigiar uma moça que cantava lindamente
o que parecia ser uma canção autoral. o som da gaita me cativa.
peguei em diagonal até à Rue de la Colline. Tintin de Hergé
ali poderia ser encontrado e um tempo fiquei.
enfiado por entre as gentes, me fiz andar e logo se abriu para mim
a estonteante Grand Place, considerada por alguns especialistas viajantes
a praça mais bonita da Europa e, quiçá, do mundo. depois de vários rodopios
nas vistas, fixei no Le Cygne. reza a lenda que foi dentro daquele modesto estabelecimento
que Marx e Engels pensaram e escreveram o Manifesto do Partido Comunista.
estar ali, por tudo, era incrível. a gente acaba sentindo um pouco
daquela aura histórica só de respirar nas proximidades dos fatos
e dos sentidos.
havia uma felicidade diferente em mim.
imaginei toda uma memória de reuniões proletárias e de luta
e de enfrentamento. a poesia do socialismo pairava no ar em meio
a tantas narrativas inversas presenciáveis sem nenhum esforço.
após aquele meu natural deslumbre,
toquei a estátua Everard 'T Serclaes, experimentei uma das famosas guloseimas
belgas e ao lado do Manneken Pis sorri sorrisos de liberdade.
a tarde era um destino repleto de guildas.
encostei minhas costas nas paredes do imenso Hotel de Ville
e simplesmente fotografei o Tempo.
(Manhã de 14 de junho de 2017)
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