quinta-feira, 18 de março de 2021

Poemas estranhos e estrangeiros (Parte IV)


 

por Germano Xavier


A batalha de Rivoli

 

estando eu à Rue de Rivoli, ali quase à beira do Sena,

lembrei-me novamente de Napoleão.

porém, agora (e novamente), ele pouco me importava.

eu estava literalmente ao lado do Musée du Louvre, simplesmente

o maior museu de arte do mundo.

 

este fato diz alguma coisa a qualquer pessoa que, de uma ou outra forma,

ama a Arte. cruzei a rua,

conheci subsolos centrais parisienses e busquei por um ticket.

15 euros para a entrada em um dos paraísos na Terra.

 

o movimento estava até tranquilo.

dava para parar várias vezes e observar

a fundo variadas peças, entre antiguidades egípcias, gregas,

romanas, etruscas, islâmicas,

artes decorativas, esculturas, impressões, desenhos

e pinturas.

 

passa-se, facilmente, um dia inteiro a andar pelas galerias do Louvre.

a Monalisa me fez recordar uma crônica do Affonso Romano de Sant’Anna

e, com base nela, eu reafirmo: "Não deixem de viver o Louvre por ela".

 

busquei Michelangelo Merisi desde o primeiro passo, confesso.

depois de duas paradas para descanso, quando as pernas já ardiam

em passos incontáveis, deu-se o grande encontro.

deu também vontade de chorar, de ficar ali para sempre.

 

depois, já sentado à margem da pirâmide exterior do Louvre,

e observando os contornos do Arc de Triomphe du Carrousel, peguei-me a pensar:

“Que me perdoem Gustave Eiffel, Napoleão, tantos outros...

mas vejo o verde em minha frente...”

 

os tons terrosos de Caravaggio

(ainda em mente) me aclararam, naquele instante,

impiedosas luzes.


(Paris, tarde de 12 de junho de 2017)

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