sexta-feira, 5 de março de 2021

Poemas estranhos e estrangeiros (Parte III)


 

por Germano Xavier


Para além dos Inválidos


havia um café bem na frente do túmulo de Napoleão.

a França tem o estrategista e homem de guerras como um consenso 

e na Église du Dôme colocou-o a descansar sob o Tempo.


eu não estava ali para vê-lo numa urna.

virei o rosto e continuei observando o café abarrotado de pessoas 

em uma manhã de sol com fiapos de frio por entre as nuvens.

eu tentava captar Paris de todas as maneiras.


Rue de Grenelle, Esplanada dos Inválidos, Bonaparte....

Oh, França, teus heróis de guerra são menores ou possuem

a mesma estatura de Jean Valjean!, sussurrei.


algum tremor de terra deve ter acontecido naquele momento, 

mas eu estava interessado nos caminhos: 


Rodin, o café onde Sartre e Simone pensavam

nossas existências, Saint-Germain, o bairro latino, Sorbonne.

tantas referências literárias, os cemitérios, as avenidas, jardins, praças,

as cenas dos Nouvelle Vague que assisti.


foi quando olhei o relógio após longas descobertas. era o fim 

daquela manhã. 


no meio da rua, estiquei o olhar um pouco acima de meus ombros

e vi a alta treliça de ferro nas imediações do Campo de Marte.


Napoleão vai ter de esperar, balbuciei.


(Paris, manhã de 12 de junho de 2017)

2 comentários:

Rozana Gastaldi disse...

São duas viagens imperdíveis. A primeira pelos seus versos e a segunda pelas dicas em Paris.

Germano Viana Xavier disse...

Guardo memórias incríveis, Rozana.
Continue na carona comigo!