terça-feira, 25 de setembro de 2007

Polaróides pessoanas



Por Germano Xavier



Eu te amo, João Pessoa.
Tu me amas?




Ponto de Cem Réis


aqui passando,
perguntei ao senhor encostado na pilastra
quem era o sujeito com olhos de bronze sentado no banco.

o senhor olhou para dentro da lanchonete,
como a desejar um auxílio,
mas disse com uma baforada:


“é Linaldo Alves, autiusta. é Linaldo Alves, autiusta famoso!”

eu, já experto com estes idiomas maravilhosos do povo,
criei dúvida e o artista, soube depois, chamava-se Livardo Alves.

mas pouco me importava a exatidão de um nome.
passei bons minutos me aprofundando em corações de pedra,
ao lado do autiusta famoso Linaldo Alves.



De pessoas pessoanas


#1


Markoni é meu amigo mais velho daqui,
e fazia aparições na rodoviária.
O problema é que acho que ele criou asas.



#2


Cêssa foi com quem conversei primeiro
nessa segunda chegada.
Ela me disse que quem tem boca vai a Roma,
e que da Lagoa o céu é o limite.
Eu acreditei.



#3


A mulher do supermercado me achou esquisito,
usando cara de “viagem de 30 horas”.
No outro dia apareci mais dormido,
e ela fez cara de “tá morando aqui perto?”.



#4


Num restaurante no centro,
a dona me ensinou, entusiasmada, como eu fazia
para gastar R$ 5,50 até as rebarbas do prato pequeno.



#5


O homem da padaria é cismado comigo.
É que devo ter cara de cão chupando manga.
(vai saber...)



Imagem: Deviantart.