terça-feira, 7 de julho de 2009

Itaitu olhada de dentro


Por Germano Xavier,
para Verusa Pinho, colega de Jornalismo.



I


Oeste, lado norte,
sul para quem vai,
sul para quem vem.
Itaitu Chapada Norte
Itaitu sem norte,
ouro que brotou do chão.

Lugar como o meu,
Pote de Mel que cresceu,
minha Iraquara perdida
em minha infância distante.
Ruazinhas de paralelepípedos,
casinhas de janelas grandes,
mundinho sem avenidas, sem
viadutos, sem qualquer saída,
centro onde o vento se perdeu.

Itaitu de hora lerda,
do vendedor de sonho em abril,
da roceira mulher morena,
da criançada de alma febril.
Itaitu que é sem fim
no fim que a vida deu, que é
o de espantar tristeza
e alegrar o homem em escarcéu.

Quem vai quer ficar,
quem já ficou não foge mais,
quem é de lá vira água de cachoeira,
ouro antigo, que bom deus!
Itaitu e Iraquara,
eternos ranchinhos sem breu.
Será vida besta, meu deus?


II

água escorrida
do céu
choro de deus
que não cessa
lágrima limpa
chuva repartida
de vida
de vida
de vida


III
batiza eu deus de quem quer lugar santo pra quem duvida alguma coisa ainda vai acontecer é o que dizem as velhinhas beatas que vão e vem alguma coisa ainda vai acontecer e vai haver sim o dia do juízo ou do júbilo final por que nestas casinhas com cruzes no teto no telhado e praça no derredor quase sempre a semente da cidadezinha que brota flor de margarida branca se esconde um mistério secular umas mulheres vestidas com vestidos e homens que estudaram latim língua morta corpo morto? vontade morta? batiza eu não deus que sou ateu que sou atoa que sou poeta que sou da vida sem grilhões sem lestrigões batiza eu não deus que eu não vou pro céu que eu quero é meu corcel pra galopar certezas melhores por que nestes lugarzinhos esquecidos há gente que reza e há gente que ora e a diferença na fé também da terra perdida nasce