segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Das raízes antropofágicas


Por Germano Xavier

Não sou das Antas lerdas
devoradas por predadores velozes.
Pinto-me de azul e branco,
e não do conservadorismo caviloso
do Verde-Amarelo.

Meu Brasil é assim: um mundo!
Meu Brasil é primitivo.
Chega a ser obsoleto, mas original.
Sem elementos falsos.
...

E o tempo é índio!
É consciência e revalorização.
É a semente da cultura,
o rosto descalço,
o pé descamisado e feliz.
...

Feliz por não ter porções
imprestáveis do sangue
deste “Velho Mundo”...
Feliz por ser Abaporu.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Oaristo em madrigal


Teu gosto na minha boca
teu olhar no meu colo
nossos poemas entrelaçados
sem rima, sem remos...
poesia à deriva

páginas viradas
com dedo salivado,
a filosofia existencial
sussurrada nas entrelinhas
tocadas como cordas
de um instrumento mudo
clip under graund
dos nossos hits mais profundos

corpos textuais
espalhados entre livros-livres
escritos no silêncio
do pós-fácio
de um único Ato

uma pixação humana
sobre lençóis imaginados
adormecidos num hiato
balbuciam em sonho
sílabas de des-pe-di-das...
prá manter a conexão
num até...

Só Bataille traduz o dia seguinte.

Presenteado por Cláudia Lemos.