sexta-feira, 25 de março de 2022

Poemas estranhos e estrangeiros (Parte XIV - em Francês)


 

Por Germano Xavier

Tradução: Luísa Fresta

 

Poemas estranhos e estrangeiros (Parte XIV)

Des poèmes étranges et étrangers (Partie XIV)

 

À la recherche des sirènes du Rhin

 

je suis parti tôt pour une dernière journée de découvertes.

au dessus d’un énorme pont, à l’ouest allemand,

j’ai traversé la Moselle en respirant un air d’adieu.

l’Allemagne était déjà un dessein conquis.

 

à Boppard, j’ai débarqué en Rhénanie après avoir parcouru une forêt.

région bellissime qui possède une délicieuse bière de blé.

tout de suite après, la proximité de la Valée du Rhin

et toutes ses créatures légendaires.

 

j’ai pris la direction de Loreley avec une vaine attente passagère.

serait-ce vraiment possible d’être avalé par ses charmes et ses recoins?

je m’interrogeais à ce sujet et pendant tout le parcours fluvial,

entre deux châteaux médiévaux en marge de ces eux froides,

je me suis mis à l’écoute, pour vivre, qui-sait, un moment de défi attachant.

 

pourtant, je m’y attendais, Loreley tenait à se déguiser

au milieu de bruits quelque peu étranges.

 

ce qui est sûr c’est que ma dernière première vision

d’une Allemagne presque rurale et presque ancienne et presque

moins développée de ce qu’elle est réellement m’a fascinée

par le regard et par l’écoute.

 

«je suis chanceux de ne pas avoir été avalé par le Loreley» — ai-je pensé.

 

 

P.S. Après cela, je me suis arrêté à Frankfurt am Main.

La nuit tombait.

Il était l’heure de dormir puis de rentrer au Brésil…

 

(Cologne, Valée du Rhin et Frankfurt, le 17 juin 2017)


sábado, 5 de março de 2022

A VIDA NÃO É ÚTIL, de Ailton Krenak


 

"O pensador e líder indígena Ailton Krenak volta a apontar as tendências destrutivas da chamada "civilização": consumismo desenfreado, devastação ambiental e uma visão estreita e excludente do que é a humanidade". Neste vídeo, falo um pouco sobre o seu último livro: A VIDA NÃO É ÚTIL (Companhia das Letras/2020). Angélica Carem também nos oferta mais uma de suas preciosas dicas em sua coluna Fala & Escuta.

#avidanãoéútil #ailtonkrenak

sexta-feira, 4 de março de 2022

Poemas estranhos e estrangeiros (Parte XIII - em Francês)


 

Por Germano Xavier

Tradução: Luísa Fresta

 

Des poèmes étranges et étrangers (Partie XIII)

 

Une sorte de Pequod

 

la Mer du Nord était toujours là dans mes pensées

depuis que j’avais quitté Volendam.

je ressentais une sorte d’appel, comme un cri.

 

mon après-midi venait de commencer à Marken.

il faisait froid, il y avait du vert partout dans les maisons en bois

des fenêtres ouvertes, des gens nus là-dedans.

ils se déplaçaient à gauche et à droite dans les pièces

insouciants, délivrés de toute sorte de pudeur,

comme s’ils habitaient un petit Éden.

 

au cœur d’un petit comté,

j’ai remarqué un Pequod ancré sur un rivage.

et j’ai fixé le bateau pendant un bon moment.

le froid me réchauffait le cœur.

des souvenirs de voyages par le biais des livres m’ont assailli.

c’était un moment simple et beau

et j’éprouvais le besoin de te le raconter.

 

 

 

(Marken, après-midi du 16 juin 2017)


quarta-feira, 2 de março de 2022

MENINA A CAMINHO, de Raduan Nassar


 

A escritora luso-angolana Luísa Fresta tece alguns comentários acerca do livro MENINA A CAMINHO, escrito no início dos anos 1960, mas que só começou a ser disponibilizado ao grande público em 1997. Seu autor, Raduan Nassar, exerceu diversas atividades antes de estrear na literatura em 1975, com Lavoura Arcaica, sua obra-prima e um dos grandes marcos da literatura brasileira contemporânea. Ainda neste vídeo, Angélica Carem nos oferta mais uma de suas preciosas dicas em sua coluna Fala & Escuta. #raduannassar #meninaacaminho

Sobre "êxodo,", de Carlos Gomes




Por Germano Xavier


(Cepe, 2016)



Sair para quem sabe, chegar para quem pode. Mas antes a PARTIDA, uma partida. De que é feita uma partida? Doze cavalos em trote, vida ainda adormecida nas vontades de cada um de nós-ali-narrativa. Correnteza de homens mundo afora e um sertão de gentes, de forças, de cantos, de juventudes, de rios. Deus-vento que monitora os passos. Eles-nós são andarilhos e a vida não tem fim. Não tem mesmo? Doze cavalos procurando pouso. Ginetes agalopados. Raça de peçonhas e de assombros. Cavalo morde? A vida morde? Para que serve o ir? E o sonho? Meu Deus, o sonho, para quê serve o sonho? 

Crer que seríamos os onze cavalos apenas, em menos-um andante. Música menor é o passo dado a esmo. Corredor mais vago. A vaga de cada ser no mundo. E a correnteza de gentes, a correria dos homens. Tudo acabará? Menos a música dos ventos? Enfim, perdemos sempre. Precisa-se aprender a perder, mesmo que sempre. Acostumar-se? O lugar algum deve existir. Pelo menos o lugar-comum existe. Triste estrada a de nós, capazes de tantas atrocidades, aptos a tantas desgraças e mortes e mais mortes. E mais.

Quando paramos com tudo isso? A ESTRADA engole os fracos. Seremos a mais real catástrofe. Já somos. Já somos? Mas os fortes também vão ficando pelo caminho, marginais, avessos, traídos. Dez cavalos e o som do vento incessante. Vento-deidade. Vento-morte. Vento-desventura. Para qual aposento levaremos a memória? Dormir é pouca-morte para tanta vida lá fora? Lá fora é onde mesmo, grilhão? Lá na beira da estrada éramos destino, enorme boca assanhada de se lamber mil léguas. 

Ah, o LUAR! Varre para longe todas as nossas reservas de esperança, que acreditar é despedaço! Cavalos morrendo aos pés dos montes. Troupe perdida. Tropa em carne viva! No desespero a fome tem outro nome, a dor tem outra cor, a sede outro cheiro. Estrela também pode ser sinônimo de treva. Mas que nem tudo pode ser visto assim, com pesar. Oito cavalos que eram nove. Nove cavalos que eram dez. Dez cavalos que eram onze. Onze cavalos que eram doze cavalos e quantos mais poderiam ser?

Quando a AURORA aparecer, pensariam todos, o mundo seria outro. ROSA-DOS-VENTOS e cinco cavalos. Umas lágrimas velhas, novas e insuportáveis. Etéreas palavras como feridas. Labirinto-cantiga. Orquestra de contrários. Salivaremos até não podermos mais com a voz-mais-mentirosa. Salivaremos sangue se for preciso. Até termos as MARAVILHAS. Até sentirmos umas maravilhas de riso, de aposta, de feto novo no colo, de lado atravessado, de pele sem ranhuras, de choro vencido, até as maravilhas do eterno, caminho que temos dentro de nós, mesmo quando só nos sobram dois cavalos, ou um cavalo, quando nos tornamos os próprios equídeos, mesmo pangarés em fantásticas cavalgadas, ou quando formos simplesmente a CHEGADA.


terça-feira, 1 de março de 2022

O VELHO E O MAR, de Ernest Hemingway


 

O Velho e o Mar (The Old Man and the Sea, em inglês) é uma novela de Ernest Hemingway, escrita em Cuba, em 1951, e publicada em 1952. Última grande obra de ficção do escritor norte-americano a ser publicada em vida. Conta a história do velho pescador Santiago, que luta com um peixe gigante no mar. Quer saber mais sobre esta história? De quebra, ainda neste vídeo, Angélica Carem nos oferta mais uma de suas preciosas dicas em sua coluna Fala & Escuta.

#ovelhoeomar #ernesthemingway