segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Flor de Narciso



Por Germano Xavier

Ela se apaixonou perdidamente. Ela se apaixonou perdidamente por um alguém perdidamente apaixonado. Punida, ela perdeu a fala. Perdeu sua voz, perdeu o seu "self" corporal. Ela, aos poucos, foi perdendo a força de amar, pois não fora mais ouvida, por ninguém, nem pelo coração de seu amado, amado pelo destino pueril de amar. Ela, em seu estado pathos de amar, não desejou sofrer de amor, dor doída dor. Quis ela amar o amor, amado amante. Amou profundamente, profunda-mente, o senhor do amor. Sofreu profundamente, profunda-mente, sua dor. Ela, rejeitada, morreu de amar o amor. Morreu, caiu perturbadoramente sobre o duro regolito do "não", do não-ser o deveras quisto, para si. Humano-mito, morreu como morrem muitos, como morrem amores, como se arruínam amares, como morrem amantes... Morreu de morrer de amor, de morrer de amar, perdidamente apaixonada por um alguém perdidamente apaixonado. Assim, Eco, Narciso virou flor.

3 comentários:

Germano Viana Xavier disse...

Crédito da imagem:

"narciso
by ~Alexanika"
Deviantart

Indizível de Ser disse...

Texto tão lindo, meu querido...
=)
Carinho.

♪ Sil disse...

Germano,

Vim agradecer por estar no meu blog, e olha a situação:
Eu "ME VI" nesse texto.
Juro. Tudo eu, tão eu.
Mas sabe? Quando se morre de morrer de amor, a gente não quer morrer outras vezes, e como diria minha linda Elisa Lucinda, eu to ficando craque em ressurreição.
Eu não morro mais de morre de amor, porque eu não amo mais. Ahhh, amor?
Só o de mãe rs.
Não é assim que se diz?

Perfeito seus escritos.

Virei fããããã!

Um beijo!