Por Germano Xavier
Não era o Príncipe Feliz. O barulho dominical tinha terminado para sempre. A casa ficara livre para canários. As sacolas plásticas dançavam valsa. Ursos de pelúcia esparramados pelo corredor da casa agora andavam pelo vestíbulo quase Arco do Triunfo. O suspeito de tudo teria ido. A viagem era de se ir. Todos vão, e o vão é também suspeito, mas apenas isso. Andorinhas não existem nessas horas. Não há itinerários. Somente retornos. O café gelado bem poderia estar gostoso. Não era feliz em nada, coração de bronze, pedaços dados e jogados aos pombos. A praça tinha sabor de bolinho de chuva. Quando pensou que os tempos não eram os mesmos deu seu sinal de bem-aventurança. Cada qual ama aquilo que ama, e ama ser saber o que é amar. Cada qual morre da morte que é, féretro ou terra batida. O príncipe vivia sem viver, e queria morder repolhos. O rouxinol é simples na cor da idade, flor de Aragonita. A igreja foi embora de lá. Deixou o grito e o aperto no peito. A cama ainda suada, corpos nus, ambos, mudos de Deus...
3 comentários:
Crédito da imagem:
"the weary kind
by *permafrost6"
Deviantart
Germano,
eu fico pasma diante do teu domínio sobre a palavra. Com ela, Você consegue criar o que quer. Mas as vezes nos sentimos mesmo assim, cansados e sobrecarregados disso que é o desamparo primordial, fundante. Vão de ponte, furo de vulcão.
Só não vale desistir!
Beijos, querido.
continuemos... e sigo te seguindo...
fica bem!
O abandono não encontra redenção em nenhuma teoria. Não sucumbe à insensibilidade. Uma definição doída: a fotografia da indiferença jogada ao relento.
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