No tocante ao quarto capítulo do livro GÊNERO, HISTÓRIA, TEORIA, PESQUISA E ENSINO, intitulado de Gênero nas tradições linguísticas: inglês para fins específicos, Bawarshi e Reiff (2013) engendram olhares esclarecedores sobre os estudos de gênero em English for Specific Purposes – ESP, sem antes pontuar a relação existente entre as tradições retórica e a linguística. Os autores definem os estudos de gênero em ESP como sendo aqueles voltados para o estudo e para o ensino de variedades especializadas do inglês e, em tabela, geralmente direcionadas aos falantes não nativos que porventura se encontram em ambiente acadêmico-profissional de modo mais avançado.
Segundo os autores do livro supracitado, foi a partir do pioneirismo de Swales (1990) que os estudos de gênero em ESP começaram a ganhar um corpo mais definido. A natureza aplicada a qual os estudos em ESP sempre estiveram atrelados foi, desde sempre um aspecto de definição marcante desta ramificação. Para Swales, os estudos em ESP tratariam de aproximações para com as propriedades linguísticas dos registros da língua com ênfase no quantitativo e, por isso, sofreriam consideráveis evoluções ao longo do tempo, tornando-se mais específicos e, por conseguinte, mais aprofundados, já que passaram a se comprometer com categorias de registro mais abrangentes e, igualmente, com a descrição não só dos traços linguísticos, mas também dos propósitos e dos efeitos de base comunicacional presentes nas variedades da língua.
Tomando como ponto nevrálgico esta citada evolução dos estudos em ESP, Swales segue por investigar a referida área, entregando a ideia de que tal aparelhagem de marcação do pensamento em vista dos gêneros está continuamente atrelada aos estudos linguísticos e, concomitantemente, aos estudos retóricos de gênero. Bawarshi e Reiff (2013) esboçam, pois, ainda no capítulo intitulado Gênero nas tradições linguísticas: inglês para fins específicos, um panorama ideário e comparativo acerca das implicações tanto da ESP quanto dos estudos de gênero em LSF, definindo suas linhas limítrofes para que assim fosse possível, sobremaneira, sedimentar os espaços de interesse das referidas áreas de estudo.
Muito do que postulam, pensam e refletem as duas abordagens se confundem ou se conflitam no decorres de suas interações evolutivas. Tanto os estudos em LSF quanto os estudos de gênero em ESP comungam de estratégias de análise, como também partilham compromissos pedagógicos, mas não entram em acordo quando o assunto é o público-alvo de aplicação e o enfoque de seus respectivos estudos, só para citar dois exemplos de divergência.
A partir do momento em que Swales emprega valores de relevância e de carácter distintivo à ESP, delineiam-se aí conceitos-chave de imprescindível funcionalidade para o entendimento de tal abordagem, que são, a citar: a comunidade discursiva (dotada de seis características definidoras), o propósito comunicativo (o gênero desenha-se tal qual uma classe de eventos que partilha de propósitos de base comunicacional) e o próprio conceito de gênero.
De acordo com os posicionamentos de Bawarshi e Reiff (2013), outro ponto a se destacar nesta área dos estudos linguísticos (a abordagem ESP de gênero) é, a saber, o tom múltiplo de abordagem de análise de gênero em ESP, que permitiria um enfoque inicial pela identificação do gênero dentro da comunidade discursiva, passando pelo estudo da organização do gênero (questões estruturais) e, por fim, desembocando no exame de aspectos textuais e linguísticos. Tal modelagem de estudo foi repensada por alguns autores, como por exemplo Bhatia (1993), que esboçou um contingente de passos em número de sete para a análise de gêneros. Bathia, por sua vez, parte do contexto para a análise textual, aplicando diferentes níveis de análise linguística aos estudos propostos em seu portfólio investigativo.
As problemáticas envolvendo os estudos de gênero em ESP, para Bawarshi e Reiff (2013), durante bastante tempo ficaram restritas aos setores ligados ao propósito comunicativo, ao contexto e à natureza dinâmico-intertextual dos gêneros. Todavia, as tendências mais recentes do estudo em ESP invocam novos olhares acerca de tal complexo ideário. Askehave, Bhatia, Hyon e Hyland terminam por reconhecer a complexidade do propósito comunicativo e findam, cada qual em sua perspectiva, por admitir a natureza dinâmico-interativa dos gêneros, priorizando em conjunto uma melhor apreensão da intertextualidade e da interdiscursividade no que concerne ao gênero.
Assim posto, ao se tomar a relação dos estudos em ESP e as abordagens críticas aos gêneros, Bawarshi e Reiff (2013) deixam submergir das páginas do capítulo quarto a existência de um longo processo de compreensão que retoma possíveis interconexões aos preceitos dos estudos retóricos, colocando em xeque pontos importantes que dizem respeito à conceituação de alguns termos e temas, bem como a aplicabilidade desses movimentos de entendimento imiscuídos ao gênero.
REFERÊNCIAS
BAWARSHI, A. S; REIFF, M. J. Gênero nas tradições linguísticas: inglês para fins específicos. In: Gênero, história, teoria, pesquisa e ensino. Tradução: Benedito Gomes Bezerra. São Paulo: Parábola, 2013, p. 60-78.
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