SCHNEUWLY, Bernard. Gêneros e tipos de discurso: considerações psicológicas e ontogenéticas. In:____. DOLZ, Joaquim. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas – SP: Mercado de Letras, 2004, p.19-34.
“A moda das tipologias cedeu lugar à dos gêneros. Entretanto, permanece a necessidade fundamental de toda atividade de pesquisa sobre textos e discursos (e, sem dúvida, de toda prática científica): a de classificar.” (p.19)
O GÊNERO É UM INSTRUMENTO
“[...] “o gênero é um instrumento.” (p.23)
“Os instrumentos encontram-se entre o indivíduo que age e o objeto sobre o qual ou a situação na qual ele age: eles determinam seu comportamento, guiam-no, afinam e diferenciam sua percepção da situação n qual ele é levado a agir.” (p.23)
“Um instrumento media uma atividade, dá-lhe uma certa forma, mas esse mesmo instrumento representa também essa atividade, materializa-a.” (p.24)
“O instrumento, para se tornar mediador, para se tornar transformador da atividade, precisa ser apropriado pelo sujeito.” (p.24)
“[...] a tripolaridade da atividade tem como corolário necessário a bipolaridade do instrumento.” (p.25)
“A escolha do gênero se faz em função da definição dos parâmetros da situação que guiam a ação. Há, pois, aqui uma relação entre meio-fim, que é a estrutura de base da atividade mediada. Portanto, nossa tese inicial – o gênero é um instrumento enquadra-se bem na concepção bakhtiniana.” (p.27)
“A ação discursiva é, portanto, ao menos parcialmente, prefigurada pelos meios. O conhecimento e a concepção da realidade estão parcialmente contidos nos meios para agir sobre ela. Tínhamos dito que o instrumento é um meio de conhecimento: eis a concretização dessa tese.” (p.28)
GÊNEROS E DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM
“Os gêneros e, mais particularmente, os gêneros primários são o nível real com o qual a criança é confrontada nas múltiplas práticas de linguagem.” (p.30)
“Os gêneros se complexificam e tornam-se instrumentos de construções novas, mais complexas”. (p.30)
“[...] os gêneros secundários não são espontâneos. Seu desenvolvimento e sua apropriação implicam um outro tipo de intervenção nos processos de desenvolvimento, diferente do necessário para o desenvolvimento dos gêneros primários.” (p. 32)
“Essa ideia de construir a partir do que já existe e de transformá-lo radicalmente pode ser precisada da seguinte maneira: a construção de um gênero secundário implica dispor de instrumentos já complexos.” (p.34)
“Os gêneros primários são os instrumentos de criação dos gêneros secundários.” (p.35)
“Pode-se mesmo dizer que a introdução do novo sistema, a aparição dos gêneros secundários na criança, não é o ponto de chegada, mas o ponto de partida de um longo processo de reestruturação que, a seu fim, vai produzir uma revolução nas operações de linguagem.” (p.36)
TIPOS E GÊNEROS
“[...] psicologicamente, um tipo de texto é o resultado de uma ou de várias operações de linguagem efetuadas no curso do processo de produção.” (p.36)
“Os tipos de textos – ou, psicologicamente falando, as escolhas discursivas que se operam em níveis diversos do funcionamento psicológico de produção – seriam, portanto, construções ontogenéticas necessárias à autonomização dos diversos tipos de funcionamento.” (p.37)
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