domingo, 5 de junho de 2016

Sobre modelos de análise do discurso (um fichamento)

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Por Germano Xavier


SOBRE MODELOS DE ANÁLISE DO DISCURSO

SWALES, J. M. Sobre modelos de análise do discurso. In: BIASI-RODRIGUES, B.; ARAÚJO, J. C.; SOUSA, S. C. T. (orgs.). Gêneros textuais e comunidades discursivas: um diálogo com John Swales. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009, p. 33-47.


REFLEXÕES SOBRE MODELOS ESTRUTURAIS

“Apesar da potencial importância de modelos estruturais como demonstrações do que a análise do discurso pode produzir e elucidar em um nível acima da sentença e do enunciado, a reflexão meta-analítica séria sobre seus usos e papéis é rara na literatura de linguística aplicada ou de inglês como segunda língua (ISL) (p.35).”

“Os modelos também tendem a ficar desconfortáveis entre aqueles que adotam abordagens processuais à escrita, entre os que privilegiam a expressão individual e a criatividade e entre os que acreditam que modelos são inerentemente conservadores e restritivos, diminuindo, portanto, as oportunidades que alunos e professores têm de desconstruir os sistemas hierárquicos de que fazem parte (PENNYCOOK, 1997) (p.36).”

“É como se a simplicidade tornasse os modelos memoráveis, e isso por sua vez tornasse possível seu uso, sua citação e seu ensino (em algum sentido a ser discutido) (p.37).”

“Talvez da mesma forma que os compositores aparentemente só conseguem escrever um único concerto para violino, os analistas do discurso só possam produzir um modelo de sucesso (p.38).”


UM CASO-TESTE

“Agora parece que, afinal, a qualidade de ser bom como adequação aos dados globais pode não ser um critério de definição necessário nem suficiente para modelos estruturais úteis do ponto de vista pedagógico ou prático em nosso campo (p.41).”


REVISITANDO AS INTRODUÇÕES DE ARTIGOS DE PESQUISA

“O modelo CARS (create-a-research-space), de 1990, tem sido comparativamente bem-sucedido, em termos tanto descritivos quanto pedagógicos (ou pelo menos é aquilo em que ingenuamente acredito), por ser relativamente simples, funcional, apoiado em corpora, sui generis para o gênero a que se aplica e por, pelo menos no estágio inicial, oferecer um esquema que até o momento não estava amplamente disponível (p.41).”

“Suponho que poderíamos agora construir um modelo alternativo para dar conta desse novo tipo de dados, um modelo que poderia se chamar OARO, ou Open a Research Option [abrir uma opção de pesquisa] (p.42).”

“Esse modelo alternativo capta um mundo da pesquisa mais gentil e suave, em que há pouca competição por espaços de pesquisa, mas onde pode haver competição por leitores (...) (p.42).”

“Seriam elas (as disparidades entre os quatro modelos apontados no texto) determinadas por uma tradição cultural hereditária, pelo ethos sociopolítico, pela formação acadêmica, tamanho da comunidade discursiva ou maturidade do campo nacional, e em que proporção e combinação? (p.44).”


OBSERVAÇÕES CONCLUSIVAS

“Neste trabalho, apresentei alguns argumentos para que se vejam os modelos retóricos e estruturais como metáforas potencialmente reveladoras dos arranjos discursivos que operam como hipóteses testáveis e rejeitáveis para o planejamento comunicativo por parte de escritores, leitores, ouvintes e falantes (p.44).”

“Uma óbvia razão para se fazer isso é uma apreensão como os assim chamados “formulaicos” e uma preocupação com o modo pelo qual a análise descritiva pode se tornar um controle normativo, como quando meus alunos de pós-graduação em linguística me dizem que escrevem seus resumos “de acordo como o manual” (p.44-45).”

“Se, como parte do despertamento de sua consciência retórica e metalinguística, todos os participantes de nossas classes hoje são analistas do discurso, então, para esses estudantes de tempo parcial, é melhor criticar e modificar modelos mais simples do que aprender e aplicar modelos sofisticados (p. 46).”


Imagem: http://www.revistabula.com/1236-etica-livro-13-mandamentos/

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