“[…]Ya no es mágico el mundo. Te han dejado.
Ya no compartirás la clara luna
ni los lentos jardines. Ya no hay una
luna que no sea espejo del pasado […]
Jorge Luis Borges, excerto do poema 1964
Nunca mais
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Nunca mais
Dizem os meus irmãos na outra margem
Do enorme rio atlântico
Nunca mais o pesadelo a tortura
A ignomínia o silêncio
Nunca mais
O nome de Deus e da família em bocas vãs
O amordaçar sumário das ideias
O apagamento de homens e mulheres
A condenatória sentença da dissidência
Nunca mais
A intolerância o ódio o bestial
E sádico prazer do encarceramento
O autoritarismo falho de liderança
A pátria algemada no ardil do nacionalismo
Nunca mais
A ditadura travestida de mão disciplinadora
A opinião condicionada ao medo
A expressão do pensamento algemada
E a liberdade esbracejando para a superfície
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Será sempre
Um sonho de Paz por Martin Luther King
As constatações proféticas e dolorosas de Borges
A Literatura e As Palavras autobiográficas de Sartre
Chilenos marchando lado a lado com Allende
Será sempre
A combate pacífico e LOVE
Na voz de Nat King Cole
Outra Garota de Ipanema
Paris em festa n’as memórias de Hemingway
Será sempre
Os Pastores da Noite de Jorge Amado
Ou Isto ou Aquilo na poesia da Cecília
Millôr Fernandes e uma revista abortada
E também Luuanda do Luandino
Será sempre
Chitty-Chitty-Bang-Bang
Nós Matámos o Cão Tinhoso
A Legião Estrangeira
E O Cavaleiro da Dinamarca
Será sempre
Mariem Mint Derwich
José Rodrigues dos Santos
Adjoua Flore Kwame
E esta esperança que vos fala.
* Imagem: https://www.deviantart.com/s0n-et-lumiere/art/street-at-night-III-105032016