quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Poemas estranhos e estrangeiros (Parte XI)




 Por Germano Xavier


Diamantes, canais e o Distrito da Luz Vermelha


chegando em Amsterdam, fui ver

uns diamantes. falei para a moça que apresentava as

pedras "sou da Chapada dos Diamantes" e quem 

me garante que esse aí reluzente não veio de lá?

ela deu risada, mas em minha fala havia revolta.

minha vingança foi maligna. aliás, eu sempre arranjo

um jeito de me vingar.


meia volta na fabriqueta e eu estava no centro da capital

holandesa. uma cidade belíssima. bicicletas.

muitas bicicletas. por todos os lados. de todas as

cores. bicicletas afundadas nos canais. um festival de 

histórias sobre bicicletas e seus donos. tomei um vinho 


e a embarçação abriu a noite.

dobrei umas ruas estreitas e me encontrei 

no Distrito da Luz Vermelha. observei atentamente

tudo ao meu redor. uma maneira particular de ganhar dinheiro, 

de vender o corpo, de exploração, de tanta coisa... muitos jovens

e muita fumaça e muito álcool e muitas drogas, eu sei.

até hoje relembro os olhos fugidios daquelas moças nas 

vitrines. seminuas e tão nuas de tanta coisa. observei. mas nem tanto.

não quis constranger ninguém. a Holanda é um lugar que 

merece uma atenção especial. muita coisa lá já é uma espécie de futuro.

ou não. um dia iremos saber.


foi quando pensei em Anne Frank. 

fechei os olhos logo em seguida, 

e meu pensamento me distraiu dores.


(Tarde e noite de 15 de junho de 2017)




Nenhum comentário: