| Desde 2007 | Por Germano V. Xavier | Em memória de Milton de Oliveira Cardoso Júnior | + de 2.200 textos publicados |
quinta-feira, 30 de setembro de 2021
TRANS, de Age de Carvalho
sábado, 25 de setembro de 2021
Poemas estranhos e estrangeiros (Parte XII)
Por Germano Xavier
Odin e o Mar do Norte
a expectativa era bonita.
depois de muitos quilômetros, estaria eu
diante da possibilidade de tocar as águas
do Mar do Norte.
Amsterdam foi vista pelo retrovisor logo cedo.
a estrada era o meu caminho.
ao chegar em Volendam, após degustar queijos típicos,
o frio tomou conta da pele. era um primeiro sinal.
dobrei algumas vielas e corredores estreitos da pequena vila
e lá estava, o grande mar nórdico, o templo vivo dos vikings!
quando estou no centro de cosmos históricos,
consigo vislumbrar partidas e chegadas, gentes,
batalhas, alegrias e tristezas. não foi diferente ali.
o Mar do Norte me pareceu carregado de dores,
suas espumas eram contidas, havia uma lamúria
na cor do que era líquido.
foi olhando para o Mar do Norte que descobri
que nem toda onda dança em festa de corais.
(Volendam, manhã de 16 de junho de 2017)
ALICE E OS DIAS, de Daniela Delias
sexta-feira, 24 de setembro de 2021
Sobre Opusfabula, de Jonatas Onofre
sexta-feira, 17 de setembro de 2021
OS MITOS DE CTHULHU, de Esteban Maroto (H.P. Lovecraft)
segunda-feira, 13 de setembro de 2021
Palavras paridas
Por Germano Xavier e Leilane Paixão
as palavras estão cansadas
de comunicar. as palavras querem férias,
farão uma greve, reivindicarão
a presença do silêncio.
as palavras estão cansadas,
muito fatigadas de informar. as palavras querem
se esvaziar. as palavras odeiam repetição,
estão fartas de bocas sujas
que profanam os seus sentidos.
as palavras querem silenciar,
para se mostrarem quando necessário for,
em suas esplendorosas
vocações de ser.
que se cancele a greve das palavras
apenas quando elas estiverem grávidas
de sentido!
| as palavras querem parir |
as palavras querem homens e mulheres
gestantes, homens e mulheres poetas,
capazes de enxergar a beleza das coisas.
as palavras querem servir ao Belo.
as palavras são divinas!
está feito. e que se decrete a greve das palavras!
registre-se. cumpra-se!
* Imagem: https://www.deviantart.com/slipperykarst/art/palavras-perdidas-87508000
sábado, 11 de setembro de 2021
RECOMENDAÇÕES PARA UM ANO IMPOSSÍVEL, de Germano Xavier
sexta-feira, 10 de setembro de 2021
Deriva perversa
Por Germano Xavier
o poema é o Grande Objeto
sobre o qual invisto,
obsessivamente,
minhas vias de afeto.
a palavra, imersa em poesia,
acentua o gozo e segmenta o prazer
numa trajetória sólida de sentidos
ou numa deriva perversa.
Imagem: https://www.deviantart.com/patrickleborgne/art/Eolienne-650708934
CRISE E PANDEMIA, de Alysson Leandro Mascaro + DICAS DE JAMES WILKER
quinta-feira, 9 de setembro de 2021
Sete de Setembro
Por Germano Xavier
o genocida
sobrevoa o golpe
as imagens em giro
sufocam o verde e o amarelo
da bandeira
formigas tontas formigam
na grande avenida
o conselho teme
o inconsciente investiga a tristeza
que país se manifesta
quando até mesmo a morte
vive com fome?
Imagem: https://pcdob.org.br/noticias/investimento-no-pais-retrocede-20-anos-com-golpe-bolsonaro-e-pandemia-2/
O PARATEXTO (AS ILUSTRAÇÕES NA LITERATURA), por Luísa Fresta
terça-feira, 7 de setembro de 2021
Sobre Miragem, de Socorro Nunes
segunda-feira, 6 de setembro de 2021
quarta-feira, 1 de setembro de 2021
Os estranhos cavalinhos de J. J. Veiga
O nome do livro já provoca um meio-espanto: Os Cavalinhos de Platiplanto. O curioso, pergunta-se: mas que diabos é Platiplanto? Doze contos e pouco mais de 120 páginas. O apressado diz: livro bom é livro grosso. Um tal goiano de nome José J. Veiga assina o livro. O outro vai e retruca: nunca ouvi falar. Estamos falando do livro que há exatos 62 anos – a primeira edição foi publicada em 1959, com o autor já com 44 anos de idade – inaugurava o gênero Realismo Fantástico na literatura brasileira.
Também há dez anos – o escritor, nascido em 1915, morreu aos 84 anos - J. J. Veiga nos deixava, o que fez surgir, sem sombra de dúvidas, uma imensa lacuna em nossas letras. Tratado como inovador e extremamente maduro pela crítica, seu primeiro livro foi logo abocanhando os principais lauréis literários existentes no Brasil naqueles idos, a citar o Prêmio Fábio Prado, um dos mais concorridos até então.
E justamente nesse contraponto, ao qual se insere o real e o irreal, o que é e o que não é, o verídico e o fabuloso, é que destoa a pena mágica veigueana. Os contos são fabricados de tal maneira que, em dado momento, perguntamo-nos: “mas o que há de interessante nisso?”, como por exemplo, no relato de uma fábrica que é instalada atrás de um morro, fato que causa mudanças rápidas e impensadas no cotidiano das pessoas (conto A usina atrás do morro), ou na história de um pacato professor interiorano que diz saber o roteiro para um antigo tesouro, que sofre com a desconfiança oriunda da população do lugarejo e que um dia resolve fazer um protesto contra todo o descaso vivido por ele (conto Professor Pulquério).
Fruto de uma reformulação literária, presenciada principalmente a partir da instauração do regime militar no Brasil em 1964, a literatura dita fantástica iria romper com as insinuações exacerbadamente realistas, por conseguinte quebrando também com os modelos advindos de um naturalismo já em “irreversível” desgaste. Em seus contos, Veiga busca o insólito, e no uso da ficção faz germinar de suas mãos uma realidade alegórica, distante do que possa simplesmente parecer.
Outro ponto a ser ressaltado é a sua ligação com o momento político brasileiro. Veiga desmente muito da crítica produzida sobre tal relação, mas muitos estudiosos de sua literatura insistem em fazer tais ponderações. Em Os cavalinhos de Platiplanto, talvez o conto mais discutido a partir desse pressuposto seja A usina atrás do morro, cujo teor seria condicionado diretamente ao governo do presidente Juscelino Kubitschek e ao impacto da entrada do capital estrangeiro em nosso país.
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CANDIDO, Antonio. “A nova narrativa” in A educação pela noite e outro ensaios. São Paulo: Ática, 1987.
LIMA, Luiz. Costa. “O conto na modernidade brasileira” in PROENÇA FILHO, Domício (org) O livro do seminário. São Paulo: L. R. Editores, 1983.
VEIGA, José Jacinto. Os cavalinhos de Platiplanto. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989.