Por Germano Xavier
Cada
vez mais tenho procurado ler livros de escritoras e escritores negros,
africanos ou que, de alguma maneira, tragam impresso nas páginas ou no contexto
geral um diálogo direto com os acontecimentos e com as coisas de África. É
necessário fazer tal movimento. E tenho quase certeza de que os contos
populares africanos são uma das melhores maneiras de que dispomos para
adentrarmos universo tão vasto e amplificado.
Os
contos populares africanos são capazes de nos colocar diante das essências da
vida de todo um continente, de todo um povo uno-múltiplo e do funcionamento do
mundo. As vozes que eles ecoam dentro de nós são vozes antigas, ancestrais, e
em geral movimentam incontornáveis ensinamentos.
Kalinda, a princesa que perdeu os
cabelos e outras histórias africanas é um vivo exemplo do
que escrevi nos parágrafos anteriores. Celso Sisto, autor e ilustrador, organiza
e reconta cinco histórias fantásticas, em todos os sentidos possíveis,
possibilitando aos leitores uma imersão plena e bastante particular pela riqueza
cultural de diferentes povos retratados no livro.
As
narrativas, por si só, são um capítulos à parte. Com detalhes que muito facilmente
nos ligam aos contos de fadas de raízes europeias, na verdade pedem para serem lidas
e incorporadas como histórias-motores, narrativas geradoras de forças e de
ânimos, além de influenciadoras e condutoras vitais. Em cinco contos, por sinal bem
diferentes entre si, Celso Sisto imprime a ideia certeira de que não há mesmo
limites para a imaginação do ser humano.
Outro quesito de destaque é o catálogo de ilustrações escolhido para pontuar e
intercalar as narrativas. Belíssimas e muito expressivas. Ao final, o autor
ainda situa o lugar de origem de cada um dos contos presentes no livro. Quênia,
Togo, Benin, Nigéria, Angola, África do Sul, Zâmbia, Moçambique, Botsuana,
Zimbábue, Namíbia e Argélia são algumas das localidades por onde passeamos ao
ler os textos e as imagens de Kalinda, a
princesa que perdeu os cabelos e outras histórias africanas (Escarlate, 2018). Dessa forma, podemos interagir com
ainda mais entusiasmo em todo o processo de leitura e conhecimento do material.
Imagem: Google
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