Por Germano Xavier,
em especial para o CANAL DO POETARIADO (YOUTUBE).
É
com enorme satisfação que esboço aqui uma apresentação sobre a escritora Luísa
Fresta, voz poderosa de nossa literatura contemporânea em Língua Portuguesa.
Sua carreira literária é marcada por textos de tonalidades muito
diversificadas, perfazendo um percurso que vai da literatura infantojuvenil às
formas mais clássicas e tradicionais da poesia, passando por outros importantes
gêneros como o conto e a crônica.
Luísa
Fresta é amplitude portuguesa e angolana, uma dupl'alma concentrada em uma
força-motriz-feminina que entrelaça Angola, Portugal, Brasil, Áfricas e Mundos
em um coração delicado e dedicado a enxergar a mais pura arte literária nas
situações mais comuns ou nas circunstâncias mais rudes. Suas mãos tecem um
conjunto de textos que pontuam suas múltiplas influências culturais e humanas
como quem aborda o próprio espelho das grandezas da vida. Uma mulher que a todo
instante nos apresenta à lusofonia e ao africano, uma mulher que não se cansa
em opinar sobre livros, filmes, artes em geral... uma mulher em constante
movimento.
Com
a escritora Luísa Fresta, aprendi que o essencial está por vir, ainda no
próximo verso, ainda no próximo parágrafo, porque a literatura está no que
avança e no que nos desdobra, no que nos recobra e no que nos aplaina,
apontando para as mazelas mundanas mais irrefutáveis. Com a escritora Luísa
Fresta, aprendi que é necessário perceber e revelar os centros das pequenas
coisas, os núcleos sísmicos dos elementos que fazem a vida de todas as pessoas,
mesmo que estas fontes interiores e, por vezes, ulteriores de e acerca da vida
sejam ou estejam integradas à própria faculdade vital do ser humano: o viver, o
estar vivo-e-além.
Ao
lado de Luísa Fresta, numa jornada de parcerias que já ultrapassa uma década,
aprendi que o verdadeiro poeta fotografa o caos, que o verdadeiro escritor registra
os medos de nós-gentes e articula a chama que fará o fogo-máximo de nossas idas
e vindas, de nossas descobertas e, também, de nossas decepções. Luísa Fresta
soa quase sempre maternal, como uma mãe que ensina as suas crias os segredos do
caminho.
A
escritora Luísa Fresta nos questiona, em seus textos, se a felicidade é um
bônus ou uma guilhotina. Dentro de suas palavras, tombamos por cima das
farturas e das fraturas dos símbolos mundanos, adentramos o sagrado nas coisas
triviais e bulimos com o absurdo das naturalidades cotidianas oriundas de
convenções sociais e institucionais. Tudo isso, regado com uma pessoalíssima
dose de maturidade artística e pessoal. Aliás, ensinagens não faltam nas
páginas dos livros e na obra geral escrita por Luísa Fresta. E isso me chama
muito a atenção. Luísa Fresta sempre está a nos ensinar algo. E de uma forma
muito espontânea e inteligente.
A
escritora Luísa Fresta, por vezes, quase ignora o real para nos abrir um mundo
de percepções suavemente surreais, quando no tempo das intermitências e das
incertezas da vida, colocando-nos numa posição de combate e, também, de
respeito perante o tempo futuro. Afinal, o que faremos da vida que nos resta? O
que estamos fazendo com o nosso Hoje, com o nosso Agora? Aquela velha batalha
já por demais esgotada e profética: cada dia que passa é um dia a menos, não um
dia a mais. Luísa Fresta tenta parar o tempo para que possamos observá-lo,
tamanho o seu poder perante todos nós. Luísa Fresta é, por fim, a voz de uma
humanidade revista e ressonhada, cheia de memórias e refundada em
anunciações.
* Imagem: https://www.voaportugues.com/a/4324514.html
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