Neste vídeo, Germano Xavier comenta o livro AFORISMOS REUNIDOS, de Franz Kafka.
| Desde 2007 | Por Germano V. Xavier | Em memória de Milton de Oliveira Cardoso Júnior | + de 2.200 textos publicados |
domingo, 25 de maio de 2025
Seda-sol
por Germano Xavier
para Débora Xavier
há um tecido que cobre
as coisas feitas-vivas
de amor-com-amor,
um tecido que soa
sem a ânsia de uma água
turva em caminho.
é este tecido que torna
o andar, mesmo denso,
pleno-simples de uma lisura
nem-áspera nem-seca.
eu quero dizer, novamente,
posto que preciso:
há um tecido que cobre
as coisas feitas-vivas
de amor-com-amor,
um tecido que ressoa
sem o tormento de uma água
sem caminho:
curva em caminho.
* Imagem: Google
ARAME FARPADO, de Lisa Alves
Neste vídeo, Germano Xavier comenta o livro ARAME FARPADO, de Lisa Alves.
domingo, 16 de março de 2025
Domingo
por Germano Xavier
para Débora Xavier
domingo será um dia
onde toda nuvem no céu
lembrará que o desenho do paraíso
tem suas curvas e esquinas.
domingo (agora) será um dia
que jamais irá morrer
em meu pensamento,
mesmo que eu tema a vinda da hora
sem memória ou do corpo fraco.
domingo fará o tempo
todo um horizonte de amor
e os passos que darei me farão
conhecer o meu derradeiro esforço
em amar.
cairão por terra todas as minhas tristezas.
domingo conhecerei um novo termo vital:
o do desejo eterno.
e alcançarei seu coração
como quem caça a presa indócil,
como quem acorda dum coma,
como quem arfa ou como quem abafa
a morte no peito de toda dor
ou de qualquer dissabor.
domingo (agora) você virá
e eu vou amar você.
Imagem: https://unsplash.com/pt-br/fotografias/conceito-de-amor-surreal-pintura-homem-e-mulher-com-coracao-de-arvore-HsjcjNuOrZE
sexta-feira, 14 de março de 2025
CONJUGAÇÃO DE MAPAS, de Regina Correia
Neste vídeo, Luísa Fresta lê 3 poemas do livro CONJUGAÇÃO DE MAPAS, de Regina Correia.
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025
Palavra eterna
por Germano Xavier
para Débora Xavier
santificado seja o vosso corpo
na alma que amo por ser só
a grande massa de vida que me é
ânimo | que pânico me dá
estar distante na lonjura dos teus olhos
de menina em tanta flor
por nascer | do sol eu espero
a lânguida face de teus gemidos
ungidos sob a lua dos teus seios
e no meio de tuas pernas um mundo
tão bonito em paraísos
ou em parafusos nada difusos
e em nada escusos
mas em avanço lícito de amar
o nosso amor que é
pleno e desescondido e que chega
feito um palácio de insuspeições
adornado em belas aparições
do máximo prazer unindo
o motivo de toda uma busca
e de toda uma espera:
a palavra eterna
* Imagem: Deviantart
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025
O SERTÃO DE ZÉ DO MESTRE (Curadoria: Ticiano Arraes)
Neste vídeo, Germano Xavier comenta o livro-portfólio O SERTÃO DE ZÉ DO MESTRE, de curadoria de Ticiano Arraes.
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025
Florzinha (ou Um jardim-Neruda)
por Germano Xavier
para Débora Xavier
ela era uma doce e triste flor na aurora do Tempo
da menina-rio, ela era. mas em nova era,
uma mulher transformada no quente quarto
das esperas, como uma onça parida na ira
por seu caçador | aberta fenda no(u) corpo,
tal poética de amor - não era mais, já era.
agora, a onça, sentida em si sem dissabor,
invoca a sanha de seu feminino terço:
doce manha a de querer, entre seus baixos lábios,
a mão, o toque, a língua, o beijo,
seu homem.
a mulher, agora, dominada,
dotada e viva de sabor, não quer outra coisa,
senão o campo das delícias, um jardim-Neruda.
a mulher, agora,
não respira, não almeja, não deseja
nada além, em sendo rica e abundante,
que sentir a caudalosidade de seu próprio mar.
* Imagem: Deviantart
CORPO PÚLPITO, de Clarissa de Figueirêdo
Neste vídeo, Germano Xavier comenta o livro CORPO PÚLPITO, de Clarissa de Figueirêdo.
terça-feira, 4 de fevereiro de 2025
Oscular
por Germano Xavier
para Débora Xavier
teus manejos de língua, menina,
abrem o melhor dos anos como o estampido
no escuro céu de janeiro aclara
as vozes da imensidão
em teus lábios adormeço dores
e invado a rubra alvura do querer,
pois tua boca é toda a sanha que teço:
terço de nossa comunhão
quando me beijas, mulher, traduzo
a amorosa língua
dos tempos em que te busquei
nas florestas do passado
e do futuro
oscular, assim, é a rota que me entregas
quando cruzamos, humidamente,
nossos idiomas de amar
* Imagem: https://quadras-nadiasantos.blogspot.com/2013/12/boca-sensual.html
A MULHER QUE MATOU OS PEIXES, de Clarice Lispector
Neste vídeo, Germano Xavier comenta o livro A MULHER QUE MATOU OS PEIXES, de Clarice Lispector.
terça-feira, 14 de janeiro de 2025
Temporal
por Germano Xavier
para Débora Xavier
há pouco tempo para amar você
pouco tempo | talvez |
uma vida inteira
ou apenas uma estrada infinita
repleta de inexistentes desertos
para muito te amar
em tão pouco tempo
é preciso gastá-lo melhor entre seus lábios
ou entre suas coxas numa aventura eterna
trocando os dias pelas noites
para muito te amar
em tão escasso tempo
necessário ser a hora que lhe invade o peito
e que abocanha toda forma de espera
há muito pouco tempo para amar você
por isso corro contra a alvorada
que se desfaz nas esquinas da morte
por isso logo revolvo o solo sagrado
de tudo que nos impede o prazer
há pouco tempo para amar você
pouco tempo | talvez |
uma vida inteira (é nada)
ou apenas uma rua sem saída
inscrita nos quarteirões do amor
* Imagem: Google
HOLOCAUSTO BRASILEIRO, de Daniela Arbex.
Neste vídeo, Germano Xavier comenta o livro HOLOCAUSTO BRASILEIRO, de Daniela Arbex.
sábado, 4 de janeiro de 2025
Rubra
por Germano Xavier
para Débora Xavier
alicatada entre tuas pernas,
esterçada entre tuas coxas,
está a cor que ama, está o som
que apazigua, o calor que ameniza
a hora | quanto tempo durará o Tempo
quando o Tempo (ao teu lado)
parecer não durar?
e tu, rubra, carnívora alma,
ente que me habita o ser
em lampejos de prazer,
até quando esta quimera,
este sonho camuflado em teu batom?
| dobras o que não vive
em mim e me refaz homem-seu
até o espelho refletir apenas
a nossa manha, a nossa sanha,
o nosso assanho, o nosso amor |
tu és entrada para o paraíso,
porta entreaberta para as cordilheiras
do amar, rota impura, caminho molhado,
| melado | a me induzir erros nada errados.
sem piedade, gerencias o verbo das ânsias,
a palavra sussurrada, o gemido tênue,
o que brota de dentro. infalível, feito
uma dor no peito, impressa nos tantos,
tu me ensinas a te querer, mulher,
como ninguém fez.
* Imagem: https://pt.123rf.com/photo_84802705_menina-sexy-em-lingerie-e-meias-ilustra%C3%A7%C3%A3o-vetorial.html
O PERFUME DO MAR, de Jonas Ribeiro
Neste vídeo, Germano Xavier comenta o livro O PERFUME DO MAR, de Jonas Ribeiro e ilustrado por Márcia Széliga.