quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Palavra eterna


 

por Germano Xavier

para Débora Xavier


santificado seja o vosso corpo

na alma que amo por ser só

a grande massa de vida que me é

ânimo | que pânico me dá

estar distante na lonjura dos teus olhos

de menina em tanta flor

por nascer | do sol eu espero

a lânguida face de teus gemidos

ungidos sob a lua dos teus seios

e no meio de tuas pernas um mundo

tão bonito em paraísos

ou em parafusos nada difusos 

e em nada escusos

mas em avanço lícito de amar

o nosso amor que é

pleno e desescondido e que chega

feito um palácio de insuspeições

adornado em belas aparições 

do máximo prazer unindo

o motivo de toda uma busca

e de toda uma espera:

a palavra eterna


* Imagem: Deviantart

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Florzinha (ou Um jardim-Neruda)


 

por Germano Xavier

para Débora Xavier


ela era uma doce e triste flor na aurora do Tempo

da menina-rio, ela era. mas em nova era,

uma mulher transformada no quente quarto

das esperas, como uma onça parida na ira

por seu caçador | aberta fenda no(u) corpo,

tal poética de amor - não era mais, já era.


agora, a onça, sentida em si sem dissabor, 

invoca a sanha de seu feminino terço:

doce manha a de querer, entre seus baixos lábios,

a mão, o toque, a língua, o beijo,

seu homem.


a mulher, agora, dominada,

dotada e viva de sabor, não quer outra coisa,

senão o campo das delícias, um jardim-Neruda.


a mulher, agora,

não respira, não almeja, não deseja

nada além, em sendo rica e abundante,

que sentir a caudalosidade de seu próprio mar.



* Imagem: Deviantart

CORPO PÚLPITO, de Clarissa de Figueirêdo


 

Neste vídeo, Germano Xavier comenta o livro CORPO PÚLPITO, de Clarissa de Figueirêdo.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Oscular


 

por Germano Xavier

para Débora Xavier


teus manejos de língua, menina,

abrem o melhor dos anos como o estampido

no escuro céu de janeiro aclara

as vozes da imensidão


em teus lábios adormeço dores

e invado a rubra alvura do querer,

pois tua boca é toda a sanha que teço:

terço de nossa comunhão


quando me beijas, mulher, traduzo 

a amorosa língua

dos tempos em que te busquei

nas florestas do passado

e do futuro 


oscular, assim, é a rota que me entregas 

quando cruzamos, humidamente,

nossos idiomas de amar 



* Imagem: https://quadras-nadiasantos.blogspot.com/2013/12/boca-sensual.html

A MULHER QUE MATOU OS PEIXES, de Clarice Lispector


 

Neste vídeo, Germano Xavier comenta o livro A MULHER QUE MATOU OS PEIXES, de Clarice Lispector.

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Temporal


 

por Germano Xavier

para Débora Xavier


há pouco tempo para amar você

pouco tempo | talvez |

uma vida inteira 

ou apenas uma estrada infinita

repleta de inexistentes desertos


para muito te amar 

em tão pouco tempo

é preciso gastá-lo melhor entre seus lábios

ou entre suas coxas numa aventura eterna

trocando os dias pelas noites


para muito te amar

em tão escasso tempo

necessário ser a hora que lhe invade o peito

e que abocanha toda forma de espera


há muito pouco tempo para amar você

por isso corro contra a alvorada

que se desfaz nas esquinas da morte

por isso logo revolvo o solo sagrado

de tudo que nos impede o prazer


há pouco tempo para amar você

pouco tempo | talvez |

uma vida inteira (é nada)

ou apenas uma rua sem saída

inscrita nos quarteirões do amor


* Imagem: Google

HOLOCAUSTO BRASILEIRO, de Daniela Arbex.


 

Neste vídeo, Germano Xavier comenta o livro HOLOCAUSTO BRASILEIRO, de Daniela Arbex.

sábado, 4 de janeiro de 2025

Rubra


 

por Germano Xavier

para Débora Xavier


alicatada entre tuas pernas,

esterçada entre tuas coxas,

está a cor que ama, está o som 

que apazigua, o calor que ameniza

a hora | quanto tempo durará o Tempo

quando o Tempo (ao teu lado)

parecer não durar?


e tu, rubra, carnívora alma,

ente que me habita o ser

em lampejos de prazer,

até quando esta quimera,

este sonho camuflado em teu batom?


| dobras o que não vive

em mim e me refaz homem-seu

até o espelho refletir apenas

a nossa manha, a nossa sanha,

o nosso assanho, o nosso amor |


tu és entrada para o paraíso,

porta entreaberta para as cordilheiras

do amar, rota impura, caminho molhado,

| melado | a me induzir erros nada errados.


sem piedade, gerencias o verbo das ânsias,

a palavra sussurrada, o gemido tênue,

o que brota de dentro. infalível, feito

uma dor no peito, impressa nos tantos,

tu me ensinas a te querer, mulher,

como ninguém fez.



* Imagem: https://pt.123rf.com/photo_84802705_menina-sexy-em-lingerie-e-meias-ilustra%C3%A7%C3%A3o-vetorial.html

O PERFUME DO MAR, de Jonas Ribeiro


 

Neste vídeo, Germano Xavier comenta o livro O PERFUME DO MAR, de Jonas Ribeiro e ilustrado por Márcia Széliga.