meu corpo,
cota medievalesca imprestável,
em tardes de eu-sozinho
e em receitas exageradas
de se combinar braseiros,
apenas acende, no fundo,
a exata forma de uma existência
anulada, esgotada em dor.
o corpo, meu vestido
(multiplicante, pois sou vário)
de andar direito, direto,
reto?
é apenas ele,
o que se sabe dele.
não sou meu corpo,
como também não sou a palavra.
a palavra está.
o corpo está.
não são.
não me são.
tenho certeza, Affonso,
é sal meu corpo,
é sangue minha palavra.
e mesmo morrendo, pouco a pouco,
vivo onde e quando os dois,
o corpo e a palavra,
sem querer me ultrapassam.
* Imagem: Arquivo próprio.
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