“É inegável a fundamental
importância da prática da leitura dentro e fora da escola, visto que, embasados
nesse ato, tornamo-nos aptos a participar ativamente do processo de
reconstrução da sociedade. Somos conscientes do quanto é difícil ler neste
país, especialmente os bons livros, não apenas pelo alto índice de desinteresse
do estudante. Desinteresse que, na maioria dos casos, é gerado pela irregular
seleção e quantidade insuficiente do material de leitura colocado à disposição
dos alunos, como também pela inadequação da metodologia usada pelo professor.
Este, vítima, também, do processo de manipulação da classe dominante, que de um
modo ou de outro o impossibilita de crescer culturalmente, via leitura ou
outros meios de incentivo, tem como consequência a inviabilidade de mudar sua
prática de ensino, posto que o material de leitura adequado é extremamente
deficiente.”
| Desde 2007 | Por Germano V. Xavier | Em memória de Milton de Oliveira Cardoso Júnior | + de 2.200 textos publicados |
quarta-feira, 24 de março de 2010
Todo texto
Todo texto é um hipertexto. É
justamente sobre esse alicerce fundamental que Ingedore Koch vai tentar desvendar
os segredos do texto plurilinear, ou seja, constituído de múltiplos sentidos,
repleto de ramificações, conexões e possibilidades. Koch pretende o hipertexto
como um complexo processual de construção de sentido. Resumindo, o hipertexto
como um corpo plurilinear e multiramificado. Para ela, todo texto é um
hipertexto, independentemente do suporte que utiliza, sendo que a diferença com
relação ao hipertexto eletrônico reside apenas no suporte e na velocidade com
que essas outras “direções” são acessadas. Como exemplo mais contundente, a
autora cita o exemplo do gênero reportagem, que geralmente é
circundado por boxes explicativos, sejam eles gráficos, tabelas ou mesmo
fotografias. O hipertexto possibilita ao leitor ser ele uma espécie de
construtor ou co-autor do texto, a partir do momento em que, na posse do objeto
textual, o leitor desvela diversas fontes de informação, assim como diferentes
aspectos e propriedades que só serão reveladas de forma aleatória e desfocada.
Entre as características do hipertexto, estão a não-linearidade, a
volatilidade, a territorialidade, a interatividade, o descentramento e a
multisemiose. O principal componente do hipertexto, ainda segundo a autora, é
o hiperlink, que é o dispositivo técnico-informático que permite
efetivar ágeis deslocamentos, realizar remissões de outros textos, bem como
possibilitar o acesso a outros campos informacionais. São três as funções do
hiperlink: 1) Dêitica (indicar, sugerir caminhos, enunciar e
focalizar); 2) Coesiva (entrelaçar discursos, amarrar
informações); 3) Cognitiva (“encapsulador” de cargas de
sentido, acionador de memória e de construção estratégica).
Serventia
Por Germano Xavier
Para que serve um texto? Certamente, esta é uma pergunta um tanto que pretensiosa, pois estamos dialogando com um assunto bastante amplo e, diria, ilimitado. Mas, por que ilimitado? A resposta é simples: porque os textos (gêneros textuais) sofrem influência do espaço temporal/tempo, assim como de todas as suas vicissitudes, sofrendo mutações constantes (transmutações) em seus modelos de organização e disposição de seus elementos, sem falar que novos gêneros são criados a todo instante, em diversas partes do mundo, em diversas circunstâncias. Os gêneros textuais são maleáveis. Os gêneros textuais refletem as mudanças pelas quais o mundo e o ser humano atravessam. A cada geração, novos gêneros textuais surgem, acompanhando as modernas ferramentas tecnológicas de comunicação que revolucionam o modo de efetuar a transmissão de mensagens, informação, conhecimento. Cabe ressaltar a importância e influência da internet, como também a fundação de um espaço virtual: o ciberespaço. Em outros tempos, as espécies textuais se restringiam ao romance, novela, conto, crônica, fábula, carta, apólogo, farsa, tragédia, ópera, revista, entre outros. Circunferência aumentada, nestes renovados idos, pelo uso do e-mail, torpedos, mensagens virtuais instantâneas. Construir o conhecimento e a cultura de um povo, registrando a história através da palavra e da expressão, este é o papel primordial que legitima a função de destaque dada aos gêneros textuais.
Ameaçada liberdade
Por Germano Xavier
Falar em liberdade, nos dias atuais, é uma tarefa difícil. Agora imagine se o devido tema estiver ligado à palavra “imprensa”. Em épocas tão conturbadas e de custosos afloramentos de sensibilidade, a autonomia de pensamentos e idéias nos meandros de uma sociedade é, cada vez mais, assunto de destaque em discussões envolvendo profissionais do setor jornalístico, entre outros. Todavia, como é possível tratar esse objeto se, a cada ano que passa, o número de jornalistas assassinados aumenta consideravelmente – só para citar um exemplo de “trucidação no meio”? A população tem por direito conhecer os principais fatos que, cotidianamente, sufocam e despertam o seu interesse. Mas, se as pessoas encarregadas de levar a informação para todos os segmentos das comunidades estão sendo liquidadas, torna-se quase que impraticável o advento da liberdade de imprensa. A atividade de informar e opinar está se tornando um artigo de luxo, fomentando assim um povo débil e acrítico. Somente com o alimento da informação é que os indivíduos alcançarão o título da cidadania plena – é possível isto? -, com certa independência e capacidade para gozar de suas justas regalias. É incompatível depositar credibilidade na existência da falta de interesse dos jornais e dos próprios jornalistas, quando se trata da transmissão de notícias. Saber compartilhar princípios de caráter básico sem prejudicar a transparência da comunicação é, atualmente, o maior desafio da imprensa em todo o mundo. É mais que necessário, em tempos de informação globalizada, que o acesso desse tipo de constituinte formador às comunidades mais desprezadas seja facilitado através de novas políticas de integração social. Não há mais espaço para nenhum modelo de censura no campo da comunicação. Vaidades à parte, a liberdade de expressão tem de assumir, verdadeiramente, o caráter de ser um manifesto livre de aprisionamentos. Só assim a imprensa e o jornalista serão capazes de, juntos, exercerem suas devidas funções perante a sociedade, começando por injetar doses e mais doses de esclarecimento ao povo.
sábado, 20 de março de 2010
Mais um pitaco saussuriano
Por Germano Xavier
Uma relação entre compadres é como se assemelha os elementos fundamentais do estudo da Semiótica e da Semiologia. Interessante perceber como se dá o processo de ligação entre termos essenciais para o funcionamento da sistemática estudada por Saussure.
Tomando como exemplo os termos “Linguagem”, “Língua” e “Signo”, pode-se ver, claramente, esse tipo de intercâmbio. No caso da “Linguagem”, a sua formação/existência ocorre a partir da junção entre “Langue” e “Parole”, ou seja, Língua e fala. No quesito “Língua”, estamos sempre tratando de uma relação binária entre signos. Já no caso do “Signo” propriamente dito, há sempre a dualidade entre um conceito e uma imagem acústica ou, ainda, por outro prisma, entre significado e significante. Todos, numa ótica de obrigatoriedade, corroboram a idealidade de Saussure.
E, para fortificar esse pensamento, em Pierce essas manifestações continuam existindo, mudando apenas a quantidade de envolvidos; ao invés de binária, a relação em Pierce é triádica. Agora os elementos fundamentais fazem parte de um complexo jogo estrutural composto pela Sintaxe (Estrutura propriamente dita), Semântica (ligado ao significado) e, por último, pela Pragmática (Referente ao uso e prática nos diversos ambientes sociais).
quarta-feira, 17 de março de 2010
Um pouco mais
Por Germano Xavier
XV
Já chega de lugar-comum, eu não estou conseguindo suportar esta minha inapetência, este meu semblante soturno, cabisbaixo e descorado. É horrível o que escrevo, e mais repugnante ainda são vocês, que lêem e nada absorvem. Basta! Basta deste ilusionismo barato! Basta! Até quando iremos aceitar tudo isso? Nós somos todos iguais, temos os mesmos direitos, os mesmos deveres, não podemos esperar mais tempo. Caro leitor, se você chegou até aqui e nada mudou em seu pensamento, peço que volte ao primeiro capítulo destes meus sonhos. Leia calmamente, deixe o seu sentimento mais adormecido ser tocado pelo poder das palavras, estes seres tão magníficos, tão indispensáveis. Tentem não seguir os axiomas deste mundo caduco. A partir de hoje, véspera de um tempo que pode começar, tente despertar sempre que ouvir o primeiro canto dos pássaros em sua janela. Se em seu quarto não existir janelas, construa algumas. Façam-nas enormes e com vista para o quintal de sua casa. Há tantos bons fantasmas, esquecidos no quintal da infância, e que ainda te esperam para brincar de "caça ao tesouro". As nossas raízes são mais importantes, jamais devem ser esquecidas, postas de lado. O almoxarifado talvez seja o espaço mais rico de seu aposento. Muito do seu passado está ali, sob uma camada espessa de poeira, cobertas por teias de aranha. O seu passado, as poucas conquistas, os seus erros, enfim, boa parte de sua vida ali se encontra. Pouco senti de vocês. Quase não enxerguei mudança, menos ainda reflexões. Esta é a minha parte. De vocês espero a prática, a andança, a caminhada, a armadura. Poucos estão acreditando em tudo o que eu disse até agora. Confesso que a minha leitura é um verdadeiro esforço para a sua paciência, mas as minhas palavras são loas ao que é mais urgente neste "mundo". O passado tem de ser revisto, mas nunca como o modelo único de desenvolvimento para o presente, nunca ressentido. O passado é tudo, menos o arrependimento. É, antes de qualquer coisa, o aprendizado e a descoberta das primeiras paisagens que irão atingir os segmentos cognitivos do seu ser. Eu vou continuar a escrever, agora caberá a você decidir se estás apto a avançar a página ou a retroceder - o que recomendo. Pergunte ao seu coração, à sua essência. Certamente ele responderá com a maior das sabedorias: a honesta paciência. Então, seja honesto consigo mesmo! Tente outra vez, mas seja o mais rápido possível, porque tudo aqui é passageiro, o Tempo, os Homens, a Vida... E lembre-se, tentar o mais profundo é olhar o que está por trás das coisas. É somente isso o que quero, que vocês me entendam. Eu sou incapaz de fazer mal a alguém. Eu acredito na existência de "mundos". Eu sei de todos os caminhos, os menos escuros e aterrorizantes. Peço um pouco mais de paciência. Eu não sou louco! Vocês deviam acreditar no que eu digo. Ou será que será sempre assim, mais do mesmo?! Ah, quanto a isso, só depende de vocês.
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