Por Germano Xavier
anos de agora, a droga é nova
(por que não usar de um palíndromo
e resgatar o contrário de tudo?).
o mundo inteiro aperta o passado,
mas ele nem.
quem vai bodar na viagem sem fim
da vida? abrir a boca em vômito, as prisões
sem grade, bocarras sim.
o filho vai matar e comer.
a mãe vai matar e comer.
o pai vai matar e comer.
a família carnívora, que come.
minha teoria social é a de que nada há
fora deste samba de matança e do espelho.
nem mente, nem dor, nem alucinações.
a viagem é apenas cardíaca, e o coração se amplia.
deus criou o verbo para acionar a bomba e a cena.
e um segredo para um possível escape:
fotografar a anedota que é nossa essência fátua
para os meninos do destino nos anos de amanhã.