Reflexões acerca do pensamento de Anthony Giddens, com base na leitura de Cândido Alberto Gomes:
Por volta da década de 70 do século passado, o renomado sociólogo britânico Anthony Giddens criou o que ficaria conhecido por Teoria da Estruturação, esfera do pensamento sociológico que acredita que a Estrutura e o Sujeito se influenciam mutuamente a partir de práticas recorrentes, ou seja, a Estrutura molda o Sujeito e vice-versa. A teoria de Giddens vai de encontro, principalmente, a dois outros paradigmas de pensamento, a citar: o Estruturalismo (estruturas dominam o homem) de Althusser e o Subjetivismo (eleições subjetivas) de Max Weber.
Para Giddens, duas características basais identificam o homem: a sua Capacidade (possibilidade de realizar as coisas de maneiras as mais diversas) e a sua Cognoscibilidade (os sujeitos possuem saber sobre o social, portanto conhecem o que fazem). Estas duas faculdades humanas, juntas, elaboram o que Giddens destaca como sendo a possibilidade de Atuação Social, i.e., de Política.
As transformações da contemporaneidade não indicam para Giddens um rompimento para com a modernidade, mas o seu aprofundamento (uma espécie de fase crítica da modernidade). Sobre isto, Morin (2011, p.23) vai dizer que "a crise da modernidade surgiu a partir do momento em que a problematização, nascida da modernidade e que se voltava para Deus, a natureza, o exterior, se voltou, então, para a própria modernidade".
Neste ínterim, persiste uma espécie de resistência às teorias totalizantes ou globais (referências parciais, sem validade geral - renega a interação de culturas e a harmonização de valores), o que pode ser explicitado em alguns pontos, como por exemplo:
- Fim das metanarrativas (esta nova modernidade é descentralizada, dinâmica e pluralista).
- Multipolaridade (Mundo Pós-Guerra) x Globalização.
- Minorias mais participativas.
- A percepção dos "outros".
- As palavras de ordem são: pluralidade e especificidade.
- Abalo do Eurocentrismo e importância realçada aos países mais periféricos, como o Brasil.
Para Giddens, a modernidade é profundamente dinâmica, flui sempre e gera novas formas culturais e institucionais. Como consequência da mudança, o sociólogo britânico prega o abandono de teóricos clássicos, como Marx, Weber e Durkheim; esboça um fenômeno de dualismo: Segurança x Perigo, Confiança x Risco (onde uma existência segura passaria tranquilamente pela destruição do meio ambiente, pela existência do Totalitarismo e pela industrialização da guerra).
A vida torna-se problemática, os pressupostos são provisórios e os objetivos são questionáveis (tudo o que é sólido se desmancha no ar?). Falta de sentido pessoal (um convite à Prostituição do Ser x Mass Media x Aldeia Global x Cultura de Massa). O corpo agora é mercadológico (moda/publicidade). A possibilidade de produção de auto-identidades (Literatura Pop x Poema-Processo x Concretismo/Neo-Concretismo x Sociedade do Espetáculo) dão o tom de alguns setores, e tudo parece atestar a racionalidade das tendências conflituais.
Tudo parte para a sensação de caos numa modernidade que se liquidifica, tal qual um recorte a la Bauman. Diante de tamanho imbróglio, e parafraseando Paul Valéry, será o homem capaz de dar conta de tudo aquilo que sua própria mente criou?
* Imagem retirada do Google.
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