Por Germano Xavier
em Bruxelas
enquanto muitos passavam
enquanto muitos passeavam
e viam e riam e bebiam e viviam
eu morri no olhar de uma pedinte
na Grand-Place
em plena abertura solar do meio-dia
eu morri dentro dos olhos de uma mulher
que não me conhecia | mas que me conhecia
| bem mais do que me conheço |
em uma de suas mãos uma pequenina lata
em seu corpo um colorido tecido-cobertor
em sua voz um descuido milenar da humanidade
em seu chegar uma dor comum sentida
em Brussels
quase às vistas do Manneken Pis
bem no meio da praça mais bonita do mundo
no centro dos olhos daquela mulher
eu morri uma de minhas tantas mortes | guturais
e espantosamente silenciosas
* Imagem: https://www.deviantart.com/art/Bruxelas-213335121
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