segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Pólvora



Por Germano Xavier


Miniconto nascido de um desafio proposto pelo escritor Marcelino Freire,
na ocasião de sua oficina de criação literária intitulada de Toca Literária.


Cama para quê? Dormimos mesmo na pele do solo. Na verdade, fingimos sono madrugada adentro. Eu mesmo me espantei várias vezes com os melindrosos sons do sítio de meu tio. Aquilo tinha arquitetura de evento. Meus dois primos levaram a carabina de pressão. O velho, sua espingarda cartucheira. Eu levei minha coragem. Pintos estavam morrendo às multidões. Suspeitávamos de tudo, até de Braulino, o encarregado dos galpões. Ele havia descumprido ordens ultimamente, sem motivos reais. Armamos tocaia nos fundos da granja. A manhã brotaria sob a bandeira da paz. De preferência, sem o cheio da pólvora.


Imagem: https://www.deviantart.com/chibilacra/art/Polvora-y-luz-I-90289031

Nenhum comentário: