quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

O moderno Jorge de Lima



Por Germano Xavier



Todas as vezes em que passei pela frente da cidade alagoana de União dos Palmares, duas imagens me foram sempre recordadas. A primeira é a do líder negro Zumbi dos Palmares, refletida na vista que temos da Serra da Barriga assim que logo apontamos nas redondezas da localidade. A segunda, sem dúvidas, é a do poeta Jorge de Lima, que ali nasceu e que, mesmo passando pouco tempo (cerca de seus 7 primeiros anos de vida), carregou União dos Palmares ao longo de toda a sua obra poética. No livro POEMAS (Record, 2004), observamos um poeta muitíssimo interessado em desvendar as coisas de sua aldeia (União e o nordeste em si) para também ser desvendado, elucidado enquanto ser humano. Claro, deixando intacto aquele fio de mistério que nos cobre desde o nascimento até a nossa morte. O conjunto de poemas revela o menino que se abriu à poesia do mundo e o mundo atravessado pelos olhos do poeta visto desde o Rio Mundaú até Terra-Lavada, passando pela Serra dos Macacos e, também, pelos territórios marcados em suas novas feições mundanas ganhadas no tempo das descobertas juvenis. Poeta que atirou no peito do Parnasianismo, ceifando sua vida já por demais avançada em nossos brasis, e que revigorou o Modernismo Brasileiro, Jorge de Lima ainda é um tanto quanto desconhecido da massa leitora neste nosso já entrado século XXI. O que é uma pena, diga-se de passagem. Para este ano de 2019, é bem já de planejado uma minha ida (agora para me enveredar) até as plagas nascentes deste que é um dos nossos maiores nomes na literatura. Jorge de Lima, salve!


* Imagem: Google

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