O capitalismo não teme crises, guerras ou instabilidades
(?). O capitalismo é um sistema severo, e talvez por ser tão rígido assim é que
ele conseguiu instalar-se de maneira tão abrupta, marcante e essencialmente
injusta. É dentro desse sistema econômico/social, baseado na propriedade
privada dos meios de produção, na organização da produção visando o lucro, que
emprega o trabalho assalariado e o taxamento de preços, que emerge uma nova
ordem sociocultural: a Sociedade Tecnológica, que também recebe a designação de
Sociedade da Informação, ou Sociedade Pós-Moderna, ou Sociedade Digital ou,
também, Sociedade de Consumo.
A sua notável capacidade em se renovar constantemente, e por
extensão, solidificar-se e fortalecer-se, mesmo sob as mais duras crises, é um
dos fatores ou características que servem para diferenciar a Sociedade
Tecnológica dos períodos anteriores. E é justamente nessa imensa capacidade de
renovação, de reprodução, que reside o perigo. A Sociedade Tecnológica,
utilizando-se do capitalismo e demandando cada vez mais de um aprimoramento e
de uma redução dos gastos condizentes ao tempo de produção, acabou provocando
uma verdadeira revolução no comportamento dos indivíduos. E nesse âmbito, cabe
ressaltar o envolvimento de todos os setores sociais.
É quase que impossível enxergar um espaço que ainda não
tenha sofrido a influência dessa Sociedade Tecnológica e desse capitalismo
selvagem. Percebe-se, claramente, que, com a vigente necessidade de precisão e
velocidade na produção de bens materiais e imateriais, como é o caso da
informação, houve uma nova organização de valores, principalmente no que se
refere às funcionalidades e capacidades humanas. O homem é constantemente
trocado pela máquina, que realiza as tarefas em muito menos tempo.
Enquanto as “constituições capitalistas e tecnológicas”
continuam renascendo indefinidamente, o homem moderno vê-se igualmente obrigado
a se reestruturar, aprender, desenvolver-se, desapegar e evoluir. Porém, esse
desapego e essa evolução não é tão facilmente conseguida, assim, sem custos. A
tatuagem da Sociedade Tecnológica já se encontra em nossa pele, que maculada e
ferida não sabe como cobrir toda essa mancha. Essa nova ordem fez do homem uma
criatura de grandes limitações, escravizado e quase sem nenhuma possibilidade
de conhecer o significado da palavra liberdade.
Perde-se, espontaneamente, os potenciais humanos para as
parafernálias que sequencialmente surgem em nossas vidas; uma inquietação
metabólica que apequena o cidadão, operando em conjunto, no intuito de dominar
nossos antigos domínios.
Nenhum comentário:
Postar um comentário