quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Bolsonaro é fascista?


 Por Germano Xavier

@germanovianaxavier


Acho que muitos de vocês já ouviram falar no Henry Bugalho. Li recentemente um ensaio rápido dele, intitulado de BOLSONARO E O FASCISMO. Creio que faz parte de uma série de textos chamada de LEITURAS RÁPIDAS e que é disponibilizada de forma gratuita para leitura via aparelho Kindle. O texto é de caráter didático, filosófico, bem fácil de se ler e bastante esclarecedor, sem deixar de ser crítico. O autor inicia seu percurso narrativo tentando explicar as origens do termo “fascista”. Para isso, retoma preceitos estabelecidos em textos produzidos por George Orwell, entre outros nomes fortes do pensamento mundial.

Há também a preocupação em situar o brotamento e a expansão do uso do termo “fascista” no seio da sociedade brasileira. "Esse uso irrestrito serviu para esvaziar e empobrecer o debate, e mais confunde do que esclarece. Um dos dilemas decorrentes disso é justamente a ideia de que, ao se munir de maneira incorreta e exagerada de um termo forte e específico como “fascista”, atribuindo-o a todo e qualquer opositor político, será que, quando nos vermos confrontados com um fascista real, seremos capazes de reconhecê-lo? E, mais até do que isto, alguém prestará atenção às nossas advertências?", questiona Bugalho logo nas primeiras linhas.

É quando o Bugalho entra mais intimamente na figura do ex-presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro. Mais precisamente nele e em sua visível atividade fascista ao longo de sua história política desempenhada no país. Enfim, Bolsonaro é mesmo um fascista? Partindo desse questionamento – de resposta óbvia, considero -, Bugalho inicia o processo de cavoucamento e explicação para diante da resposta pungente, deixar que o leitor responda por si próprio.

Todavia, o que é mesmo o FASCISMO? O que fazer para se reconhecer um FASCISTA? "E essa, por si só, é outra questão problemática, posto que o fascismo, por ser um movimento nacionalista, possuía suas particularidades em cada nação na qual floresceu. Os fascistas italianos não defendiam as exatas mesmas noções ou propostas dos alemães nazistas, ou dos falangistas na Espanha ou do movimento integralista brasileiro, só para citarmos alguns casos." Bugalho, como se lê na citação supracitada, atenta em seu texto para as múltiplas facetas que o termo adquiriu ao longo do tempo e em diferentes regiões do mundo. Para tanto, considera que a maior parcela dos atuais estudiosos do tema utiliza como pressuposto inicial a definição proposta por Roger Griffin, em 1993, que diz: “Fascismo é um tipo de ideologia política cuja essência mítica em suas várias permutações é uma forma palingenética de ultranacionalismo populista.”

Assim posto, em seu ensaio, Bugalho segue afirmando que "Nessa definição de Griffin, estão presentes todos os elementos necessários para a compreensão do fenômeno político do fascismo: o nacionalismo, o populismo e o renascimento mítico desse espírito nacional". E continua, ao longo do material, colocando em debate as várias acepções e os inúmeros entendimentos acerca de tão nefasto conceito. Robert O. Paxton, Federico Finchelstein e Jason Stanley foram alguns dos autores utilizados por Bugalho para a construção do seu ensaio. Como disse, Bugalho deixa a conclusão em aberto. Evidentemente que a resposta é simples. Mas é sempre bom buscar o conhecimento das coisas de maneira cada vez mais ampla. Como texto de adentramento ao assunto, funciona bem. Enfim, fascista ou não, o certo é que Bolsonaro nunca mais.

 

* Imagem:  https://www.amazon.com.br/Bolsonaro-Fascismo-Henry-Bugalho-ebook/dp/B09ZTCFZYY

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