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Por Germano Xavier
"Agora não quero saber mais nada, só
quero aperfeiçoar o que não sei."
(Manoel de Barros)
Se um dia eu tivesse a oportunidade de conhecer o nosso tão estimado poeta das “coisas desprezíveis”, Manoel de Barros, não ia, jamais, almejar sair tagarelando com ele chatices alheias sobre o mundo das normalidades cotidianas. Ia, sim, querer saber se ele poderia me conceder a honra de um passeio por sua fazenda a passos bem lentos, com ele a me contar sobre lesmas e caracóis, com ele a me estupendear acerca das pedras e dos sapos.
Que com ele, amigo, é assim. A gente aprende a se coçar por dentro. Coçar, tanto e tanto, até sair borboletas da gente. Num passeio assim, decerto que eu ia aprender até que, se cultivarmos bem, viver a vida inteira na infância não é nada mal. Só ter infância é fantástico, é o que nos ensina o seu livro MEMÓRIAS INVENTADAS – AS INFÂNCIAS DE MANOEL DE BARROS. Já pensou a gente poder enxergar tudo sempre com nossos olhos ingênuos de espanto e inauguração?
Manoel é um desconstrutor das temperaturas mornas, inventor de linguagens do ver, amador de tudo aquilo que não possui serventia. Eu não sei você, mas durante o passeio, perguntaria coisas mais ou menos assim a ele:
1. Manoel, sapos sofrem solidão?
2. Manoel, os bocós não são os salvadores do mundo?
3. Manoel, o que fazer para ter a primazia das garças?
4. Manoel, isso era não é mania de amar as fontes?
5. Manoel, vamos brincar de lisonjear palavras?
Seria um passeio incrível, amigo. Certeza que, ao final, eu teria tocado o rosto dos dons da poesia através dos olhares e dos meneios do poeta amado. Ou me transformado num passarinho, que seria a mesma coisa.
* Imagem: http://www.vermelho.org.br/noticia/253513-11
2 comentários:
Eu adoraria ir nesse passeio convosco...poderia?
Pode sim, Isabel!
Venha conosco!
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