| Desde 2007 | Por Germano V. Xavier | Em memória de Milton de Oliveira Cardoso Júnior | + de 2.200 textos publicados |
domingo, 29 de janeiro de 2023
PASSEIO PELAS RUAS DE MIM (E DE OUTROS), de Mailson Furtado
quarta-feira, 18 de janeiro de 2023
Bolsonaro é fascista?
@germanovianaxavier
Acho que muitos de vocês já ouviram falar no Henry Bugalho. Li recentemente um ensaio rápido dele, intitulado de BOLSONARO E O FASCISMO. Creio que faz parte de uma série de textos chamada de LEITURAS RÁPIDAS e que é disponibilizada de forma gratuita para leitura via aparelho Kindle. O texto é de caráter didático, filosófico, bem fácil de se ler e bastante esclarecedor, sem deixar de ser crítico. O autor inicia seu percurso narrativo tentando explicar as origens do termo “fascista”. Para isso, retoma preceitos estabelecidos em textos produzidos por George Orwell, entre outros nomes fortes do pensamento mundial.
Há também a preocupação em situar o brotamento e a expansão do uso do termo “fascista” no seio da sociedade brasileira. "Esse uso irrestrito serviu para esvaziar e empobrecer o debate, e mais confunde do que esclarece. Um dos dilemas decorrentes disso é justamente a ideia de que, ao se munir de maneira incorreta e exagerada de um termo forte e específico como “fascista”, atribuindo-o a todo e qualquer opositor político, será que, quando nos vermos confrontados com um fascista real, seremos capazes de reconhecê-lo? E, mais até do que isto, alguém prestará atenção às nossas advertências?", questiona Bugalho logo nas primeiras linhas.
É quando o Bugalho entra mais intimamente na figura do ex-presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro. Mais precisamente nele e em sua visível atividade fascista ao longo de sua história política desempenhada no país. Enfim, Bolsonaro é mesmo um fascista? Partindo desse questionamento – de resposta óbvia, considero -, Bugalho inicia o processo de cavoucamento e explicação para diante da resposta pungente, deixar que o leitor responda por si próprio.
Todavia, o que é mesmo o FASCISMO? O que fazer para se reconhecer um FASCISTA? "E essa, por si só, é outra questão problemática, posto que o fascismo, por ser um movimento nacionalista, possuía suas particularidades em cada nação na qual floresceu. Os fascistas italianos não defendiam as exatas mesmas noções ou propostas dos alemães nazistas, ou dos falangistas na Espanha ou do movimento integralista brasileiro, só para citarmos alguns casos." Bugalho, como se lê na citação supracitada, atenta em seu texto para as múltiplas facetas que o termo adquiriu ao longo do tempo e em diferentes regiões do mundo. Para tanto, considera que a maior parcela dos atuais estudiosos do tema utiliza como pressuposto inicial a definição proposta por Roger Griffin, em 1993, que diz: “Fascismo é um tipo de ideologia política cuja essência mítica em suas várias permutações é uma forma palingenética de ultranacionalismo populista.”
Assim posto, em seu ensaio, Bugalho segue afirmando que "Nessa definição de Griffin, estão presentes todos os elementos necessários para a compreensão do fenômeno político do fascismo: o nacionalismo, o populismo e o renascimento mítico desse espírito nacional". E continua, ao longo do material, colocando em debate as várias acepções e os inúmeros entendimentos acerca de tão nefasto conceito. Robert O. Paxton, Federico Finchelstein e Jason Stanley foram alguns dos autores utilizados por Bugalho para a construção do seu ensaio. Como disse, Bugalho deixa a conclusão em aberto. Evidentemente que a resposta é simples. Mas é sempre bom buscar o conhecimento das coisas de maneira cada vez mais ampla. Como texto de adentramento ao assunto, funciona bem. Enfim, fascista ou não, o certo é que Bolsonaro nunca mais.
* Imagem: https://www.amazon.com.br/Bolsonaro-Fascismo-Henry-Bugalho-ebook/dp/B09ZTCFZYY
domingo, 8 de janeiro de 2023
RUA DA PADARIA, de Bruna Beber
Neste vídeo, o professor e jornalista Germano Xavier fala sobre o livro Rua da Padaria, da escritora, poeta e tradutora Bruna Beber. Fique atento! #ruadapadaria #brunabeber #poesia #canalliterário #oequadordascoisas
sexta-feira, 6 de janeiro de 2023
Sobre O RAIO QUE ME PARTIU, de Neuma Rozendo
Por Germano Xavier
@germanovianaxavier
Do mundo eu sou e sei que o mundo é um moinho. O mundo gira a roda da vida sem dó e na maior parte das vezes nos parece moer. O mundo é um imenso moedor. A vida, idem. A vida não amolece para ninguém - ou melhor, para quase ninguém. A vida é quase sempre injusta, ou justa demais. O mundo é feito de pessoas. A vida é feita de e com pessoas. Todavia, nem toda pessoa é humana. Nem toda gente é gente, entende? Tem gente que é monstro mesmo. Tem gente que é demônio mesmo. Tem gente que torce e retorce a alma de uma pessoa, que tritura, que atropela, que desordena, que faz sangrar. Tem gente que faz isso e pronto. Tem gente que não tem um pedaço sequer de compaixão por dentro, nem por fora. Tem gente que é só por fora e nunca por dentro.
Sendo o mundo assim, justo e injusto, é plausível pensar que, infelizmente, estaremos para sempre rodeados pela violência. A violência humana é a mais violenta das violências. E violar uma pessoa, uma pessoa que é humana, é profundamente estarrecedor. Só sabe, de verdade, quem sofre a violenta violência humana desumana. Só sabe, ao certo, quem foi moído ou moída, quem sucumbiu e quem foi ao abisso num rompante, quem não teve tempo nem de gritar por socorro ou quem não teve a chance de vociferar na hora da agonia dilacerante. Triste é o mundo, sim. Triste é o nosso mundo, constituído de tudo isso que nos envergonha e nos revolta e que nos abocanha.
O livro de estreia da escritora pernambucana Neuma Rozendo, intitulado de O RAIO QUE ME PARTIU (Multifoco, 2022), versa sobre violentos e diversos atravessamentos de corpo e de alma que modificaram para sempre a história e a trajetória de vida de diversas mulheres ou, simplesmente, da Mulher que existe em cada mulher - assim mesmo, com M maiúsculo. Um livro sobre mulheres partidas ao meio, esquartejadas em golpes definidores e indefinidores de destinos - o que é mesmo um destino? A obra traz em seu miolo curtos textos em forma de contos/crônicas que fazem com que o leitor seja parte da dor impressa nas 88 densas e pesadas páginas do livro.
É um livro sobre sobrevivências múltiplas e unas e únicas e dolorosas e sobre partidas e sobre quebras e sobre quedas e sobre redemoinhos e sobre tantas outras coisas. Conhecendo a autora como a conheço, posso admitir que o livro é composto por verdades mais que sinceras, sentidas, vividas, vivenciadas, choradas, verdades rudimentares e memoriais, verdades ancestrais. O RAIO QUE ME PARTIU me partiu ao meio, me deixou aberto com uma tremenda ferida exposta aos ventos. Não é um livro como outro qualquer. As camadas de ficção nele tingidas são meros detalhes do fazer literário da talentosa autora. O que está em jogo é própria vida, maltratada e incontrolável. A vida em perigo, em constante perigo.
O primeiro livro de Neuma Rozendo é, também, um retrato agudo do descaso com que o mundo e, em especial, o Brasil, trata o ser mulher na sociedade. Um recorte fixo e etéreo sobre a barra que é ser mulher dentro de todas as violências e violações possíveis e impossíveis, pensadas e impensáveis. O primeiro livro de Neuma Rozendo é um grave acerto de contas com o passado e com a vida que ainda temos de viver, nós todos, sim, homens e mulheres, imiscuídos ou não a monstros e demônios humanos desumanos. O primeiro livro de Neuma Rozendo é, por fim, arma contra a obsolescência de nossas formas mais rebeldes, contrárias a quaisquer desmandos e violências cometidas a outrem. Um recado duríssimo a nos dizer, em voz alta, que é preciso estarmos atentos e fortes, atentos e fortes, atentos e fortes...
Considere lê-lo.
Imagem: https://editoramultifoco.com.br/loja/product/o-raio-que-me-partiu/
CONTATOS NA CHAPADA DIAMANTINA, de Adolfino Alves Pereira Neto
segunda-feira, 2 de janeiro de 2023
A casa dos poemas regidos à óleo e torque
CONTOS DA ARÁBIA: O CAMPONÊS, O REI E O SHEIK, de Amina Shah
O claro mundo literário de Thiago Medeiros
nada é ridículo, nada é grotesco no instante inicial da criação.