sábado, 28 de fevereiro de 2015

Poemas de Germano Xavier em Francês (Parte VIII)

*
Por Germano Xavier

"tradução livre"


quarta-feira, 04/02/15
As árvores amorosas (parte XI)

Les arbres amoureux (partie XI)

Poème dédié à la femme de l’île de l’Amour

Je veux juste garder le souvenir
de ce ciel violet
que nous avons vu arriver
dans un étrange état
le premier jour du voyage

Je veux garder notre intimité
avec les diamants et les draps
la promenade par les rivières et les monts

Je veux juste être proche
du moment des retrouvailles
sans vouloir analyser le vent ni le temps
avec mes faims et mes soifs insatiables

Je veux juste oublier
ce qui nous a éloignés l’un de l’autre
au fil des après-midis grisâtres
sans départ ni destin
en regardant des navires qui chavirent

Je veux juste effacer
tes étreintes matinales, je ne veux plus les voir
dans le futur
je ne veux plus de tes baisers cruels
qui dessinent des poignés
et inondent les toiles illimitées


* Imagem:  http://www.deviantart.com/art/Meeting-the-spring-morning-sun-425807366

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Do ensinar à ensinagem

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PIMENTA, S.G. & ANASTASIOU, L.G.C. Do ensinar à ensinagem. In: Docência no ensino superior. São Paulo: Cortez, 2002.

Por Germano Xavier*

O texto em discussão traz em sua introdução uma perspectiva histórica sobre a didática comeniana e a predominância do ensinar sobre o aprender. Em tempos mais recentes, esta predominância e centralidade foi transferida ao ser que aprende, perspectiva fortemente influenciada pelo pensamento de Rousseau e desenvolvida pela Escola Nova. Nessa abordagem, leva-se em consideração a criança como sujeito que aprende, valorizando desta forma os interesses e motivações da mesma.

A partir desse contexto, a autora apresenta-nos a importância de adquirirmos o entendimento da natureza do ensinar, para a superação do falso dilema que se estabelece entre ensinar ou aprender. Portanto, apresenta-nos a ensinagem que, para a mesma, comporta em si a superação dessa falsa dicotomia. Ao discutirmos a docência universitária, a autora coloca como ponto importante "a necessidade de compreender o funcionamento do ensino, fenômeno complexo e em situação, suas funções sociais, suas implicações estruturais, e do ensinar como prática social". (PIMENTA, 2002, p. 204)

No contexto da prática social, centraliza-se o olhar sobre o ensino e a aprendizagem, sobretudo, nos processos de ensino em cursos universitários, onde não passam de reproduções, aulas expositivas onde apenas o professor fala. Neste sentido, o conceito de ensinar desconsidera todos os elementos essenciais do processo de aprendizagem em questão.

A docência não pode ser compreendida como sendo apenas um ato de ministrar aulas, visto que tal conceito vai além. A docência no ensino superior requer uma atenção especial às necessidades dos discentes, para nortear a sua "prática" no processo de ensino-aprendizagem, pois o papel do docente é fundamental e não pode ser descartado como elemento facilitador, orientador e incentivador da aprendizagem. Deste modo, na ensinagem, a ação de ensinar é defendida na relação com a ação de aprender, pois, para além da meta que revela a intencionalidade, o ensino desencadeia necessariamente a ação de aprender. 

O processo de ensinagem parte do pressuposto de que é, ele, antes de qualquer conceituação, um exercício de compartilhamento, de convívio e de diálogo entre as partes que compõem o jogo educativo, a citar primordialmente o professor e o aluno. Neste entrelaçado, o conhecimento se acerca de buscas em torno de mobilizações, construções e elaborações sintéticas.

Quanto ao que concerne acerca do tópico "mobilização para o conhecimento", como assim se referiu Vasconcellos (1995), cabe ao professor procurar formas de atrair o seu aluno até a mais próxima face do saber que porventura esteja em destaque. Para que isso ocorra, há de existir vontade e interesse de ambos os lados. A promoção da relação do aluno para com o objeto de estudo é o desafio maior desta etapa.

No que tange à "construção do conheciemento", a prática analítica do aluno em relação ao objeto de estudo faz-se aqui de alvo máximo. Aqui, o aluno, com apoio total de seu orientador, debruça-se no corpo do saber e alicerça seus tijolos de síntese e de visões de futuro. É o momento do aluno ativo e do professor operante. Para tal relação acontecer de forma harmônica, cumpre observar os passos da Significação, Problematização, da Práxis, da Criticidade, da Continuidade, da Historicidade e da Totalidade, cada qual com suas prerrogativas e dinâmicas.

Sobre a "elaboração da síntese do conhecimento", último tópico que compõe o processo de ensinagem de acordo com Pimenta (2002), o aluno caminha ao lado do professor e já esboça o que podemos chamar de consolidação de conceitos, sabedor de que tais conceitos devem ser vistos como entidades mutáveis, pelo simples fato de que nunca deixamos de aprender coisas novas e que, por conseguinte, a qualquer momento podemos adentrar por novas mutações de base ideária.

O processo de ensinagem é uma busca mútua, professor e aluno na direção de um só objetivo, as duas figuras marcando territórios e superando obstáculos que podem, com certa facilidade, impedir o livre curso das formações de saber. Ensinagem, pois, é compromisso com o que vai além do necessário dentro dos universos do conhecimento. Destarte, ensinagem é também uma espécie de amor, ou de amar, na acepção mais justa e bonita possível.


* Texto escrito em parceria com Dayse, Denise, Débora, Edjane, Elizabeth, Hugo e Noêmia, colegas de pós-graduação em Ensino de Lingua Portuguesa na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru - FAFICA.

** Imagem: https://whatsonmyblackboard.wordpress.com/

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

A mão do irmão

*
Por Germano Xavier

para Gustavo Xavier, meu irmão

quando eu tiver
de nomear as coisas do céu,
as coisas do mar e quando eu tiver
de dominar com a alma em fúria
o timão incerto do tempo

e tiver de rememorar
as lutas de menino que lutamos
na plasticidade autoritária da vida
a conduzir correntes e grilhões,
terei sabido a verdade sobre os montes
de nossa escola de andar a partir da mão

na mão do outro.


* Eu e meu irmão Gustavo, em Palmeiras-BA. Meados dos anos 80.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Nada muito sobre filmes (Parte XIII)

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Por Germano Xavier


CINQUENTA TONS DE CINZA

O livro CINQUENTA TONS DE CINZA tem uma legião de fãs/leitores pelo mundo afora e não demorou muito para virar filme - óbvio. Sinceramente, fico muito feliz quando vejo o povo lendo. Ler é sempre bom e importante. Não li os "polêmicos" livros de E. L. James, talvez os devesse ler antes de falar mal do filme. Mas, como imagino que não vou ter paciência para chegar ao final da trilogia, então fico com este meu olhar apenas aparente. O que vi no filme CINQUENTA TONS DE CINZA (2015), dirigido por Sam Taylor-Johnson? Vi um lenga-lenga interminável entre um "príncipe" adepto do BDSM (Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo) e uma "plebeia" apaixonada, costurado num enredo desprezível e sem força que o legitime a tamanho deslumbre. Na literatura universal, há tantas estórias mais relevantes e profundas e de teor erótico, pessoal! Investiguem Safo, Anais Nin, Bataille, Sade, Drummond, Patrick Suskind, Gregório de Matos, Bocage, Hilda Hilst, Rubem Fonseca, Nelson Rodrigues... De todo modo, que façam do supracitado livro o princípio-motor para continuar exercitando a leitura e para que, aos poucos, adentrem sem pena pelo fantástico e mais sublime da literatura. Sigamos, bucaneiros!


O EXPRESSO POLAR

Eu particularmente gosto de filmes assim, com ares mágicos e que dialogam com a fantasia de uma maneira um tanto que ingênua. O EXPRESSO POLAR (2004), dirigido por Robert Zemeckis, é um filme bonito que mescla aventura e animação digital. Com Tom Hanks em formas computadorizadas e no papel de condutor do trem que leva alguns garotos crentes e descrentes acerca da existência de Papai Noel até o Polo Norte. O filme é um marco em termos tecnológicos e foi baseado num conto de natal escrito por Chris Van Allsburg. Vale a pena conferir, bucaneiros!
 

A HORA DO PESADELO

Fica tudo muito estranho quando você, após longos anos, resolve rever um clássico do terror que foi produzido bem no ano de seu nascimento. A HORA DO PESADELO (1984), dirigido por Wes Craven, parece ter falhas absurdas quando observado hoje, mas ainda assusta em algumas passagens. E cá para nós, Freddy Krueger é um ícone do gênero, não há como não reconhecer isso. Para quem não tem ojeriza por sangue em jorros, vale a pena ver de novo.


ENTREVISTA COM O VAMPIRO

Se eu gosto dos livros de Anne Rice? Não são a minha praia, eu lhe digo. Nada contra quem goste. Se eu gosto de histórias cujas personagens são vampiros? Depende, eu lhe digo. A expressão máxima vampiresca no cinema que conheço é Nosferatu. Todavia, o filme ENTREVISTA COM O VAMPIRO (1994), dirigido por Neil Jordan, coloca-nos diante da história de Louis de Pointe du Lac, uma espécie de vampiro de "alma boa", nem tão cruel e sanguinário como imaginamos. O filme é bem costurado e acaba prendendo nossa atenção. O ponto de destaque da obra, para mim, fica para a atuação da infante Kirsten Dunst. Recomendo a todos os mortais!


BRANCA DE NEVE E O CAÇADOR

Entretenimento, nada muito além disso. Eis o filme BRANCA DE NEVE E O CAÇADOR (2012), dirigido por Rupert Sanders. Nova roupagem para o conto clássico dos irmãos Grimm, com boa apresentação nos aspectos mais gerais. Não gostei da escolha da atriz para o papel da protagonista, acredito que existiam melhores possibilidades. Essa onda de remodelar narrativas clássicas da literatura virou febre em Hollywood. Vez ou outra sai alguma coisa interessante. O filme em questão é apenas razoável. Há produções bem piores na mesma linhagem. Vai encarar?


AMOR, SUBLIME AMOR

Sinceramente, eu não gosto de musicais. Deve haver alguém que goste. Todavia, o filme AMOR, SUBLIME AMOR (1961), dirigido por Robert Wise, fez-me relevar as cantorias chatas muito facilmente e acabou se revelando demasiado apetitoso ao olhar. Um clássico, super premiado e que não pode deixar de ser visto. Na trama, um amor proibido e a discussão eterna envolvendo xenofobia em solos norte-americanos. Um belíssimo filme. Eu diria até que foi o melhor musical que já assisti até o presente momento em minha vida. Recomendo a todos os mortais!


O DIÁRIO DE ANNE FRANK

São raros os filmes que se equiparam em qualidade aos livros que os servem de inspiração. O cinema, penso eu, nem tem nem deve ter a função de repassar as mesmas informações presentes num livro-base, por exemplo, mas antes ser ponte para ressignificações e avanços de perspectiva. Dentro deste espectro, o filme O DIÁRIO DE ANNE FRANK (1959), dirigido por George Stevens, supera todas as expectativas. A obra cinematográfica consegue ser fiel ao livro e, ao mesmo tempo, revela-se ao espectador como que possuidora de uma carga simbólica demasiado sólida, tanto em termos narrativos quanto estéticos. 15 Oscars e 5 Globos de Ouro. Leiam o livro, assistam ao filme. Recomendo a todos os mortais!


SICKO S.O.S SAÚDE

O documentário SICKO S.O.S SAÚDE (2007), dirigido por Michael Moore, é de causar revolta em quem o assiste. O filme revela um pouco do deficiente e corrupto sistema de saúde norte-americano, infelizmente copiado em terras tupiniquins. Um sistema que maltrata a maioria dos cidadãos comuns, negando o direito à saúde de qualidade e humanizada, impondo uma conduta de assistência à pessoa doente que engana, segrega e que, no fim das contas, só beneficia a indústria dos planos de saúde e aos donos do poder - de novo, alguma semelhança com o Brasil?. Moore exemplifica o seu discurso fazendo comparações com as relações de saúde praticadas em países como o Canadá, Inglaterra, França e Cuba, que não medem esforços para cuidar de seu povo quando o assunto é direito à vida, e de forma gratuita. O documentário também aborda, em segundo plano, o papel massacrante da mídia, construtora de um imaginário negativo para o que podemos chamar de "medicina social". Recomendo a todos os mortais!


O ESPETACULAR HOMEM-ARANHA

Eu gosto de histórias em quadrinhos desde muito pequeno, gosto desta coisa toda de super-heróis lutando contra o caos e ajudando a derrotar o mal (ou o inverso), apesar de não ser nem desejar ser um especialista neste delicado universo onde a paixão reina soberana. Dentre os mais famosos representantes desta categoria, Spider-Man talvez seja o que menos me apetece até então. Já vi alguns filmes mais antigos da série e este reconto da história, intitulado de O ESPETACULAR HOMEM-ARANHA (2012), dirigido por Marc Webb, continuou muito sem graça para mim. Andrew Garfield colou como Peter Parker? Pode ser ranço, não sei. Quem importa com isso, afinal? Sigamos, bucaneiros!


SEXTA-FEIRA 13 – PARTE III

SEXTA-FEIRA 13 - Parte III (1982), dirigido por Steve Miner, quando visto em uma noite de sexta-feira de um dia 13 fica ainda mais interessante. Não que o filme seja um espetáculo do gênero, longe disso. O filme é apenas mais um ícone do terror dentre muitos, vamos dizer assim, e o terceiro da famosa série é o primeiro em que Jason aparece com a famosa máscara. Os diálogos são banais, o roteiro é o mais do mesmo, mas Jason inaugurando a persona de Jason é sem igual. Vai encarar?


O CAMINHO 

Em O CAMINHO (2010), dirigido por Emilio Estevez, o veterano Martin Sheen encara o famoso Caminho de Santiago de Compostela depois de saber que seu filho morreu tentando fazer a travessia. Como num esforço de recompensação espiritual, o protagonista vê seu coração abrandar ao passo que vai encontrando pessoas que o auxiliam na jornada. O filme traz imagens reais do milenar trajeto e serve de inspiração para quem um dia deseja encontrar seu "verdadeiro eu" nas plagas históricas. Recomendo a todos os mortais!


* Imagem: Google.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

A vida na berlinda

*
Por Germano Xavier

“Se viver é sentir-se perdido, a lucidez é saber-se perdido.”
(Frédéric Schiffter)


Para se viver, não há uma receita única. “A vida é a de cada um”, já dizia José Ortega Y Gasset. E cada qual é um vazio à espera de alguma água. Durante toda a nossa vida, fugimos de quem já fomos um dia, mesmo que por pouco tempo - sinal de aprendizados? Por vezes, conseguimos escapar, outras não. A todo instante, parece que entramos em contato com a existência da essência das coisas, chegamos a entendê-la como real, mas logo somos afetados por sua falta. Sim, cavalheiros, o essencial existe e falta. E como falta, some.

E como às vezes o único bem é o nosso ser, requeremos o bem que mais nos aporta, que mais nos incendeia, que menos nos castiga. Por isso, buscamos em meio a nossas mortes diárias o amor nas qualidades de alguém, o abrigo nas aparências que nos são generosas e o estilo naquilo que tende a se perder de vista. Traímo-nos compassadamente em busca de mil caminhos que não nos levarão a absolutamente nada, mas caminhos. Seguir ou se deixar abater pela desordem do mundo, eis uma questão difícil. 

Qual o limite de nosso próprio charlatanismo enquanto ser humano? Onde dará o impostor de nós? A traição é mesmo a maior característica do homem? Sacrificamos verdades históricas em prol de verdades ideais, assim sem mais nem menos? Quão vago se encontra nosso ideário ontológico? A vida e suas questões perturbadoras, fazendo-nos duvidar de movimentos antes tidos como pétreos, inquebrantáveis, mas de composições bem tênues. 

A ideia da realidade a la Platão, alimento de cárcere do homem por longos séculos da civilização ocidental, pode a qualquer momento dar lugar à crença na verdade do reflexo. Para isso acontecer, basta acreditarmos na refundação do homem e na possibilidade de reformulação do caos instalado, porque antes da essência vem a existência. E existir, como sabemos, custa muito.

Viver, cavalheiros, é saber onde enfiar a cara no resoluto espaço necessário de aparição, mas também saber desaparecer na hora certa. Burrice é esquecer-se de si mesmo e procurar no outro a base para uma ideologia. O ser ideológico, que é artefato mais da massa do que de si próprio, pode ser encarado como uma aberração. Por que mesmo deixamos de cuidar de nós e passamos a transferir cuidados aos outros, se a preocupação maior é manter-se vivo diante das possibilidades diuturnas de morte?

Viver é deixar de disse-me-disse. E doar-se, é morrer? Onde fica a fonte de todo o prazer possível? Quais as puras aspirações a sentir nossos pulsos em sangue? Emprestar um pouco de nossas vidas a quem? Por que acreditar que ser grande é conseguir trocar de pele facilmente? E esse palavrório todo, de que servirá ao final de tudo? Um conselho soaria impróprio? Se possível, deixemos de concluir os pensamentos, a vida requer reticências. Muitas reticências...


Este texto foi escrito após a leitura do livro SOBRE O BLABLABÁ E O MAS-MAS DOS FILÓSOFOS, de Frédéric Schiffter.


Imagem do topo: http://www.deviantart.com/art/sea-ghost-03-62561352

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Poemas de Germano Xavier em Francês (Parte VII)

*
Por Germano Xavier

"tradução livre"


sábado 31/01/15
A sangria

Saigner

Quand l’homme au Café Brasileirinho
m’a vu en train de lire mon livre
la couverture rosâtre, imprimé en Chamois Fine Dunas
il a dit tout de suite sans réserve
qu’il n’en avait lu qu’un seul dans sa vie
et que celui-ci l’avait fait pleurer

je l’ai écouté attentivement
j’ai vu les mots qui naissaient dans sa bouche

ils avaient des formes mémorables
des tons changeants de désespoir
une humeur blessée en taches
c’étaient des mots de vieux

Il a saigné dans mon corps pendant l’après-midi
et malgré les froids insipides
j’ai avalé les symboles des ruines
on a pris congé
je lui ai filé du fric
en traversant la rue

la nuit allait bientôt tomber
et le Printemps
pourrait finalement être touché


* Imagem:  http://www.deviantart.com/art/A-Bar-85296784