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poema para a mulher que se escondia no hábito do padre
Por Germano Xavier
para você
acendo um fado português
no meio da tarde macia
de rememórias
no simbolizar o desalento
para o tempo investido e minhas culpas
de quase infância
o padre é a mãe
o ditado já diz
o hábito não faz o monge
muito menos a oração
sua mãe nem suspeitava
dos meus pensamentos
em ira por todas as trancas
o candeeiro nas ruas noturnas
nos domingos de missais
meu peito pueril não te assumia
precisei cruzar o país
e longe de pais que castram filhas
acabar de uma vez por todas
com sua candura impostora
com seus demônios de pureza
e após tanto sofrer em suas falsas falas
agora já lido em versos de Charles Bukowski
sangrado e singrado um homem como Simbad
larguei você no choro fingido
quando Goiás deixei no ônibus
de te abortar
de mim
que o caminho no escuro
imposto sob decisão interna
é lugar de olhos e almas arrancar
de luzes espocar sem falências
para novas mortes em se renascer
* Imagem retirada do site Deviantart.
2 comentários:
Lindo como O buraco da agulha. Para quem te lê em tudo, será bonito de acompanhar :)
Beijo, G.
Olha só que inspirador, Germano! Gostei muito Luísa
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