Por Germano Xavier
(Cepe, 2018)
Poemas-caldos, de cana a gana da vida que aflora dentro dos sóis de morte de uma vida cabralina e severina pernambucana e universal. Quanto caldo humano extraído como suor das magrezas agrestes e solenes e quanta mata fechada é o destino de tantos e de muitos de nós! Um golpe de facão amolado é o galope embolado nas gargantas secas de homens curvados sem pés nem chão com seus pés no chão. Que guerra é essa que nunca cessa? Que fronteira é essa que nunca se enche de paz? Caldo amargo é o viver embotado de tanto açúcar no sangue cristal. Sangue preso. Sangue duro. Sangue frio. Coagulado. Mancha na própria pele, uma nódoa eterna. Homem que se esgana para ter nem-se-sabe-o-quê.
Nós suamos.
A literatura não se cansa. E depois da poesia, o que mais haverá? Um facão cortando o fogo? E uma manta divinal e rubra derramada sobre o leito dos rios poluídos e massacrados por nãos e mãos... As quadras em quatro: um sobreaviso. Eu sobrevivo? É tiro pra cima, pra riba, é chute, é esporro, é pelourinho. É gozo pra quem? Quem tem pena deste pobre robô-maracatu? Não será a grande empresa multinacional quem virá disfarçada de Salva-Pátria. Vamos jogar todas as bombas possíveis! Bombas-poemas! Minha alma é pólvora, como a dos irmãos que morreram e morrerão sem merecer. Poemas-caldos enquadrados numa pornopopeia chamada Vida. Escravidão. Mutilação. Garganta nua. Torpeza. Castigo.
Malvadeza mesmo.
A literatura não se cansa. E depois da poesia, o que mais haverá? Um facão cortando o fogo? E uma manta divinal e rubra derramada sobre o leito dos rios poluídos e massacrados por nãos e mãos... As quadras em quatro: um sobreaviso. Eu sobrevivo? É tiro pra cima, pra riba, é chute, é esporro, é pelourinho. É gozo pra quem? Quem tem pena deste pobre robô-maracatu? Não será a grande empresa multinacional quem virá disfarçada de Salva-Pátria. Vamos jogar todas as bombas possíveis! Bombas-poemas! Minha alma é pólvora, como a dos irmãos que morreram e morrerão sem merecer. Poemas-caldos enquadrados numa pornopopeia chamada Vida. Escravidão. Mutilação. Garganta nua. Torpeza. Castigo.
Malvadeza mesmo.
Puta merda, por que somos assim? Tanto ódio, para quê? Desgraça! Desgraçados de nós, homens nojentos! Esse açúcar sem açúcar que não adoça a vida de ninguém que trabalha e que só trabalha e que não desfruta da Beleza. Beleza é morte? Deus não está aqui, na usina. Deus é a fumaça da queima. Preta. Grossa. Com fuligem. Vegetal. Deus vegeta. Deus trabalha feito avestruz. Deus não usa luvas. Deus se corta. Deus adoça a boca do consumidor. Deus sem usina, nu, sendo usado, moído, garap'alma, sugado, um grude só. Todo-caldo. É Deus.
Chã. Chapada. Enoo Miranda. Sim. Seremos moídos. E remoídos. Pela poesia. Insisto.
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