quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Gazzeta da Chapada Diamantina no ar




 Por Germano Xavier

Saudações, iraquarenses e toda a população da Chapada Diamantina! Hoje, dia 29 de fevereiro de 2012, o blog GAZZETA DA CHAPADA DIAMANTINA adentra o universo de possibilidades infinitas da rede mundial de computadores: a INTERNET. O projeto é o embrião de um Plano-Piloto na área de Comunicação Social/Jornalismo em Multimeios desenvolvido pelo jornalista iraquarense Germano Xavier (DRT BA 3647) em parceria com toda a população, e tem a intenção de, no futuro, fazer com que todas as gerações possam estar conectadas e bem informadas acerca dos acontecimentos mais significativos de nossa cidade e região. Desejamos que esta idéia, que agora já entrou na esfera da prática e do possível, possa promover a discussão acerca de todos os assuntos de interesse geral das pessoas e ajudar na fomentação de um sentimento de cidadania cada vez mais pleno. Você que tem alguma história para contar, que desenvolve algum projeto interessante no município, você que possui fotografias, que deseja divulgar seus textos e/ou seus produtos artísticos, você que deseja fazer a cobertura do seu evento, você que deseja divulgar a sua empresa ou vender algum produto, entre em contato com o GAZZETA DA CHAPADA DIAMANTINA através do e-mail germanoxavier@hotmail.com ou pelos telefones (75) 3364 2229/(75) 9811 2404. O desejo é o de produzir um canal de informação que dialogue com todas as coletividades/comunidades envolvidas. Desejamos, de antemão, um ano de 2012 repleto de informação de qualidade, debate e também de construção de conhecimento. Participem!

Qualquer dúvida, indicação, comentário ou crítica, favor enviar e-mail para: germanoxavier@hotmail.com

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Sorteio do livro "A força da vida"

Por Germano Xavier

O Blog O EQUADOR DAS COISAS fará o sorteio de um exemplar do livro A força da vida, da escritora Giselda Laporta Nicolelis. Para participar, é simples. Basta comentar esta postagem com os seguintes dizeres: "Eu quero ganhar o livro sorteado pelo blog O EQUADOR DAS COISAS", juntamente com o nome completo e sua cidade. A última pessoa que comentar até às 23 horas de hoje, dia 28 de janeiro/2012, ganhará o livro. Vale comentar quantas vezes quiser. Depois de identificado o vencedor do sorteio, entrarei em contato com o mesmo para pegar o seu respectivo endereço e enviar o material pelos correios. Se o ganhador for da cidade de Iraquara-BA ou localidade próxima, pode vir pegar o livro em minha residência.

Algumas notas sobre Ditadura


 Por Germano Xavier

O regime ditatorial é caracterizado pelo exercício do poder absoluto pelas mãos de um seleto grupo de pessoas ou, mais especificamente, por um só indivíduo: o ditador. Nessa modalidade de governo há, de maneira abrupta e constante, a violação de regimentos e leis que vigoravam anteriormente, como também o desrespeito às liberdades civis. Quando se recorre ao termo “Ditadura”, e isso não é um fato raro, logo o associamos a palavras do tipo: tortura, repressão, intimidação, terror, entre tantas outras. E não existe nenhum exagero ao processar nossas impressões desta forma, já que é justamente utilizando-se dessas e de outras metodologias que os ditadores ganham o controle social e político despótico. No Brasil, o movimento militar de 1964 encerrou um período de liberdade política como nunca havia existido no país até então. As liberdades públicas foram gradativamente eliminadas. A situação ficou ainda mais nebulosa quando, no ano de 1968, o então presidente nacional decretou o Ato Institucional Nº 5 (AI-5). Após este decreto, seguiu-se uma fase violenta e repressiva, onde os poderes foram concentrados de modo também brutal. Os brasileiros presenciaram a gestão de cinco governos militares que, ao final de todos os embates, deixaram marcas profundas na lembrança histórica da nação tupiniquim. É sabido que a Ditadura é apenas passado (será mesmo?). Todavia, vale perguntar: até que ponto essa “democracia mascarada” pode não ser confundida com um verdadeiro regime ditatorial? De uma coisa estou certo: dizer que vivemos uma democracia e que desfrutamos das mais ávidas liberdades é desconhecer os reais significados destas expressões, ou seja, é viver o que é de ordem utópica e fantástica.

Alguns apontamentos sobre Ditadura:

• Ditadura é o regime político em que uma pessoa ou um pequeno grupo exerce o poder absoluto, independente da aprovação dos governados.

• O sistema da Ditadura é também chamado totalitário, embora o conceito de Totalitarismo seja utilizado mais especificadamente para designar movimentos ideológicos em que as pessoas e a sociedade estão subordinadas ao Estado, como aconteceu no Fascismo italiano, no Nacional-Socialismo alemão ou no Socialismo Stalinista.

• Platão e Aristóteles enfatizaram que a marca da tirania é a ilegalidade ou o exercício do poder pela vontade absoluta de uma pessoa.

• Assim como os tiranos, os ditadores ganham o controle social e político despótico pelo uso da força e da fraude. A intimidação, o terror, e o desrespeito às liberdades civis são alguns dos métodos usados para a conquista do poder, sendo que a sucessão nessa estado de ilegalidade é sempre muito difícil.

• Para caracterizar o exercício do poder pelas classes trabalhadoras durante um período intermediário entre a abolição do sistema capitalista e a instalação do Comunismo, Karl Marx usou a expressão Ditadura do Proletariado. Nessa fase, o proletariado deveria suprimir a resistência burguesa à revolução socialista, destruir as relações sociais inerentes ao modo capitalista de produção e criar uma sociedade sem classes.

• O regime ditatorial é consequência de um processo de convulsão social profundo, provocado por uma situação revolucionária, ou guerra. Quase sempre a ditadura é imposta por um movimento militar contra as estruturas do sistema anteriormente estabelecido, o que caracteriza um Golpe de Estado.

• Às vezes, o regime ditatorial não se instala por meio de um golpe militar e sim de um Golpe de Estado político a partir das próprias estruturas do sistema que se pretende abolir, como aconteceu na ditadura imposta por Hitler na Alemanha e na ditadura de Mussolini na Itália.

• Os Estados ditatoriais buscam legitimidade em teorias como o Caudilhismo, segundo o qual em determinadas épocas históricas surgem no mundo pessoas dotadas de um carisma especial capazes de governar o povo. Essas pessoas estariam destinadas a conduzir a nação a objetivos e valores transcendentes.

• Além da força policial usada para assegurar a manutenção do poder, as ditaduras recorrem também a propaganda política e ao culto da personalidade do ditador como um meio eficaz de manter apoio da população.

• São exemplos de Ditadura no mundo: a de Miguel Primo Rivera e Francisco Franco, na Espanha, a de Hitler na Alemanha, a de Mussolini na Itália, a de Stálin na União Soviética, a de Antônio de Oliveira Salazar, em Portugal, a de Antônio Lopez Santa’ana e José Antônio Páez no México, a de Juan Manoel de Rosas e Juan Domingo Perón na Argentina, a de Juan Vicente Gomez na Venezuela e a de Francisco Solano López no Paraguai.

• O primeiro regime ditatorial brasileiro foi instaurado pela Revolução de 30, sob a chefia de Getúlio Vargas.

• Na primeira fase, que se prolongou até 1937, o regime Vargas admitiu formalidades democráticas e ampliou o direito de voto às mulheres. Na segunda fase, iniciada por um golpe inconstitucional dado pelo próprio Vargas, caracterizou-se pela adoção de comportamentos típicos da ditadura.

• A ditadura de Vargas caiu em 1945, onde foram convocadas eleições livres. Seguiu-se uma fase de prática política democrática que se estendeu até 1964, apesar da ameaça de golpes militares para evitar a posse do presidente Juscelino Kubitschek em 1955.

• A crise se arrastava desde a renúncia de Jânio Quadros, em 1961. O vice, João Goulart, assumiu e abriu as portas de seu governo para as organizações sociais, o que causou muita preocupação às classes mais conservadoras, como os militares, a Igreja Católica, empresários, etc.

• Os partidos de oposição, como a UDN (União Democrática Nacional) e PSD (Partido Social Democrático) acusavam Jango de estar planejando um golpe de esquerda. Todos temiam uma guinada do Brasil para o lado socialista.

• Em 13 de março de 1964, Jango faz um comício na Central do Brasil, onde promete mudanças na estrutura agrária, econômica e educacional.

• Em 31 de março de 1964, tropas de São Paulo e Minas Gerais saem às ruas. Jango se refugia no Uruguai.

• Em 9 de abril de 1964, os militares tomam o poder e decretam o AI-1, onde se cassava os políticos opositores ao regime militar e tirava a estabilidade dos funcionário públicos.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Sobrepostos


 Por Germano Xavier

dentro do muro
há sempre um rumo
sem prumo
na vadiagem de nossas cabeças

há uma opção de fuga
presa na espiral do tempo
na corrida, dos pés
(altiplanos)
sem planos

12º poema-imagem/imagem-poema da série Preto-e-Branco:Poesia.
Fotografia de Daniela Gama.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Literaturas em rede


Literaturas em Rede, como o nome indica, é uma campanha criada pelo site O BULE (www.o-bule.com) que objetiva reunir o máximo de blogues e sites (individuais ou coletivos) de literatura. O objetivo é, com a campanha, reunir num mesmo local (e em rede) pessoas com afinidades em comum: o texto literário e tudo que gira em torno da literatura.

A campanha Literaturas em Rede funcionará em três frentes:

1) Parcerias entre blogues e sites coletivos & O BULE

2) Parcerias entre blogues e sites individuais & O BULE

3) Rede de blogues e sites (individuais e coletivos)

Banco de dados da Rede

E para aumentar ainda mais os fios da Rede, foi criado um questionário para você, interessado em participar da campanha, preencher. Nele, você pode deixar os seus contatos (e-mail, MSN, Skype), os seus sítios (blogue/site) e suas redes sociais (Orkut, Facebook, Twitter, canal do Youtube etc.) para que os outros integrantes da Rede (apenas aqueles que também preencherem o questionário) possam entrar em contato com você e te seguir. Saiba mais sobre o banco de dados do Literaturas em Rede acessando a página da campanha.


A Rede no Twitter

Como complemento ao Literaturas em Rede, de forma a aumentar ainda mais a rede de leitores, escritores, críticos literários, professores, amantes de literatura, temos uma sugestão de #tag para quem usa o Twitter. Quer saber qual é?


Para conhecer mais os detalhes da campanha Literaturas em Rede e sanar quaisquer dúvidas, é só entrar em contato pelo e-mail coisaprobule@yahoo.com.br

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Filosofia, a vizinha bisbilhoteira de Literatura


Para Germano Xavier,
o poeta por quem Literatura se apaixonou.


Estava Literatura a delirar, gostosamente jogada no sofá, sob um grosso cobertor felpudo. Bebericava um bom vinho e até suspirava, buscando no teto a doce imagem do jovem poeta com quem cruzara à tarde. Se enamorara. Conhecendo-se bem, via aí uma só possibilidade: a do amor.

O encontro havia sido rápido, em condições inapropriadas, mas o rapaz levava na mão Alguma Poesia. Segurava Drummond com segurança e leveza e vez ou outra acariciava suavemente os relevos dourados da capa. Mas era na expressão do rosto, cheia de dignidade e mistério, que residia a sedução. Literatura sabia que se desvirginasse aquele olhar, encontraria lá no fundo um sem fundo de emoções. Sob a aparente quietude, experiente, ela vislumbrava um turbilhão de ânsias, dúvidas, medos, paixões.

Embora Drummond já tivesse iniciado o processo, Literatura, fascinada por inventar, matutava engenhosamente qual estratégia usaria, qual o subterfúgio para chamar-lhe a atenção, quando o soar incômodo da campainha insiste em lhe trazer pro chão.

Aborrecida, joga o cobertor de lado e abre a porta pra barulhenta vizinha, que encontra em total estado de confusão. Pálida, magra, rabo-de-cavalo desgrenhado, olheiras profundas sob o vidro de garrafa de enormes óculos redondos, se apresenta como Filosofia e estica, trêmula, um pote vazio. Tão perturbada estivera durante o dia, tentando achar pelo em ovo, que esquecera de passar no mercado. Agora se via assim: dependente e carente, precisando desesperadamente de uma xícara de café bem doce e quente.

Tanta rima em alguém que parecia tão prosa soou estranho à Literatura. Enfim, se o vício do café vinha acompanhado pelo do açúcar, não seria ela, ainda mais no estado em que se encontrava, a negar um pouco de doçura. Enche o pote, pedindo a Deus que a vizinha importuna se vá logo e a deixe de novo a devanear.

Mas... como toda boa bisbilhoteira, Filosofia, em vez de se ir com seu açúcar, avança pelo corredor e invade a sala, na desculpa de admirar o belo quadro, na parede sobre o sofá.

Literatura, vaidosa, se deixa envolver pelo interesse e admiração da nova amiga, e num arroubo de exibicionismo, louca pra falar do borbulhar de seus sentimentos, a convida ao vinho e até mesmo ao cobertor.

Filosofia não resiste à tentação. Afinal, pra quem esperava da noite um bule de café na solidão, estar sob um cobertor quentinho, inebriada pelo vinho e em companhia de tão sedutora Literatura a levava a imaginar que, enfim, os deuses haviam se lembrado de a presentear.

Já meio alta, Literatura, viciada em intimidade, envereda por conversas pessoais e acaba por narrar em detalhes suas intenções em relação ao jovem poeta. Como o conhecera, o que ele lhe despertara, o que vinha matutando desde o primeiro minuto em que o encontrara.

Filosofia, já corada, escuta, atenta, interferindo apenas com pequenos gestos, olhares assustados e suspiros de admiração. Não teria coragem de se expor assim... de falar de seus próprios sentimentos, de se confessar apaixonada por um inocente rapaz a alguém que acabara de conhecer. Nem ao menos sabia se seria capaz de se apaixonar, nalgum dia... Tamanha autoexposição parecia, a Filosofia, verdadeira extravagância. De seu deserto íntimo, tentava imaginar como Literatura conseguia mergulhar tanto em tão recente sentimento e se perguntava se nalgum dia teria tal capacidade de entrega.

O fato é que enquanto desenvolvia esse raciocínio, quase sem perceber, Filosofia se abandonava à doce voz de Literatura. Aos poucos, a aflição do dia se desvanecia. Desvencilha-se do apertado elástico do rabo- de-cavalo, desfaz-se dos sapatos e da tensão. Acomoda-se melhor, se serve de um pouco mais de vinho e percebe a figura da amiga ficar desfocada, seus lábios em movimentos mais lentos, a voz se distanciando. Envereda por um cochilo em que os sons se vestem de letras, e as letras dançam em harmoniosas frases de sedução. É o poeta, tão jovem, e suas mãos segurando um livro. A expressão cintilando de curiosidade. Seu sorriso comedido, a atenção focada. A paixão, invasiva, penetrando as palavras através do olhar do poeta e as palavras, atrevidas, penetrando o poeta...

Embalada pelo sono, Filosofia sente a fina pele de Literatura empurrando suas pernas, procurando espaço. Ouve, longe, seus suspiros, talvez desejo de ar puro.

Mas, tão possuída pelo sono estava Filosofia, e tanto lhe agradava aquele sono acompanhado, que pouco se importou com o desejo de liberdade da amiga.

Amanhece ao seu lado, e, ainda assonada, num susto, percebe-se apaixonada. Sem desejar ir, se vai.
Ao acordar, Literatura sente a sombra de Filosofia ainda pela casa. A taça vazia do vinho, o interesse enroscado ao cobertor, o elástico que lhe apertava as ideias jogado num canto qualquer. Guarda-o cuidadosamente, prevendo um retorno da amiga, que, com certeza, estranharia ter as próprias ideias circulando muito livremente.

Como era de se esperar, ao entardecer Filosofia vem em busca do elástico opressor.

O primeiro encontro se dera por conta de alguma doçura. O segundo pelo esquecimento. O terceiro se daria por nenhum outro motivo senão o da já avançada paixão. E a cada dia, pílulas de novidades enchiam mais e mais de crescente interesse a já tão curiosa Filosofia. Porque o poeta fora fisgado e já tinha, com Literatura, todos os dias, um encontro marcado.

E se no primeiro momento Filosofia se apaixonara, a cada nova aventura amorosa da engenhosa amiga, sua paixão crescia. Um querer saber, um querer entender, um querer, talvez, ser, através da outra.

Os encontros diários com o poeta vinham emprestando à Literatura um viço cada vez mais flagrante, e as pesquisas da curiosa amiga adicionavam a isso algo ainda mais instigante.

E, se Filosofia vinha saber das carícias que Literatura trocava com o jovem rapaz, Literatura também não se furtava a tentar compreender as frustrações da amiga. Que lhe confidenciava coisas estranhas e tristes. Que se julgava incapaz de criar por si mesma, e que raramente dizia algo que não se baseasse em alguma aventura alheia. Que se enamorava muito, mas não se fixava nem entrava de cabeça. Que tinha dificuldade em se entregar. Que tomava, por precaução, um anticoncepcional que a tornava estéril e que, embora isso lhe frustrasse, lhe trazia alguma tranquilidade, pois sempre temera parir algo que lhe desse asas para voar.

Acontece, enfim, o previsível: Filosofia se vicia nos relatos de Literatura sobre os encontros com o novo amante. Nas descrições pormenorizadas de seu íntimo relacionamento. Na doçura de suas palavras ao falar do toque suave dos dedos gordinhos do poeta correndo por seus parágrafos. De seu hálito, invadindo suas páginas em suspiros prolongados sempre que se mostrava atrevida. De seus dentes, muito brancos e alinhados, em lindos sorrisos roubados. Das emoções, na partilha dos sentimentos, nas constatações de experiências similares. Do bater de seu coração, que se acelerava sempre que o provocava, perturbadora. De seu silêncio, um silêncio cheio de significados. E do desejo, um desejo pulsante de encontros infinitos, sem tréguas, sem pausas. Dos mergulhos profundos de um no outro. E do pesar, do imenso pesar no momento da separação diária.

Não foi preciso muito para que aquela que se julgava incapaz de se apaixonar se descobrisse duplamente apaixonada: por aquela que lhe relatava suas intimidades com o amante e pelo amante, cuja atenção invejava.

Filosofia, ciumenta, questionava Literatura pela imprudente bigamia. Como se atrevia a se entregar ao poeta e ao leitor, e sem culpa, sem remorso, sem qualquer ranço de pudor?

Literatura, paciente, tentava fazer com que Filosofia entendesse que nada havia de vergonhoso no que fazia. Era o poeta que lhe imprimia seus atributos mais caros. Era dele que lhe vinha a graça, a cadência, a intensidade. Era ele que a enriquecia com sentimentos confusos, rimas raras, esplendorosas imagens. E o leitor, com sua admiração e fidelidade, lhe enchia de vaidade e dava sentido à sua vida. O poeta a paria, o leitor a consumia. E Literatura estava radiante, pois encontrara os dois num só, e vinha se sentindo duplamente amada.

Que infinita agonia se apossou de Filosofia ao perceber que Literatura não mais se satisfaria com encontros públicos... Em uma conversa a portas muito fechadas Literatura confidenciou à amiga que encontros em agradáveis cafés já não lhe bastavam. Carícias leves, correr de dedos, olhares apaixonados sempre sob a vista de curiosos vinham deixando Literatura mais ansiosa a cada dia. Não. Ela queria o poeta ali, debaixo de seus lençóis. Queria que ele estremecesse aos seus sussurros, que navegasse em seus mistérios, que a desnudasse e se deixasse desnudar. Que a vasculhasse despudoradamente por todos os recantos, que se desgovernasse em suas entrelinhas mais sutis e que encontrasse nela alento para todos os desencantos da vida. Queria que ele pudesse, na intimidade de seu quarto, chorar aconchegado em seu peito, gemer juras de amor ao seu ouvido, gozar o mais puro gozo dos apaixonados. Que mergulhado nela, o poeta pudesse, enfim, esquecer por completo da realidade. Que ficassem longe, muito longe, todos os medos e todas as dúvidas. Que seu amor fosse a resposta para suas infinitas perguntas e que pudesse lhe trazer, enfim, alguma certeza.

Tão excitada estava Literatura, tão corada e possuída pela expectativa, que nem percebia a palidez crescente da amiga enquanto lhe contava que o poeta lhe visitaria, ali mesmo, em sua casa, naquela noite. Que prepararia algo especial para o jantar, que haveria velas espalhadas por todos os ambientes, e que pretendia que a noite terminasse em sua cama. Separara alguns trechos de seus escritores preferidos, e seu plano era de que o poeta, bom leitor que é, os lêsse baixinho ao seu ouvido.

De repente, Filosofia se entrega a intensa vertigem e não fosse a amiga amparar-lhe nos braços, teria se estatelado de cara no chão. Segue-se então uma série de cuidados. Que sentasse confortavelmente no sofá, que respirasse fundo, que se acalmasse, que esperasse que já faria um chá... afinal, o que é que lhe perturbara tanto?

Depois de uma conversa cheia de reticências, rubores e aflições, firma-se um acordo. Generosa, Literatura não poderia deixar Filosofia minguar consumida pela curiosidade. Se era mesmo verdade o que lhe confessara sobre seu caráter parasitário, muito provavelmente, enquanto literatura estivesse fazendo amor com o poeta, Filosofia estaria sofrendo desgraçadamente no apartamento ao lado.

Não... embora às vezes fosse difícil e um tanto quanto sem graça, Filosofia não merecia isso...

Seria assim o combinado: caso mais à noite – e em todas as outras noites também – Filosofia se sentisse só e precisasse de um café, e percebesse ter esquecido de comprar açúcar, que viesse. A porta estaria sempre destrancada. Podia entrar e se servir. E... caso ouvisse gemidos de amor no fundo do corredor, se soubesse se aproximar pé ante pé, sem se fazer perceber, a porta do quarto estaria sempre entreaberta. Que fosse discreta.

Quanto ao receio de desagradar ao leitor e ao poeta com sua intrusão, Literatura sugeriu à amiga que deixasse por sua conta. Se já conhecia, ao menos um pouquinho, sua natureza, saber de alguém espreitando por uma fresta provavelmente seria mais um componente para aumentar-lhes o tesão.

E – conjecturou Literatura, sonhadora - quem sabe, nalgum dia, fizessem amor a quatro...



Analú
22/02/2012

sábado, 18 de fevereiro de 2012

O buraco


 Por Germano Xavier

estou cavando um buraco
que vai dar no fim do buraco.
minhas mãos estão sujas. minhas unhas,
entupidas de um pó encarnado.
foram desgastados até o limite com a carne
os ossos dos meus dedos,
porque estou cavando um buraco
que simplesmente vai dar no fim.
ao passo que cavo o meu buraco,
vou encontrando criaturas que vivem debaixo da terra
e que também cavam seus buracos.
eu cavo para me proteger do mundo
- o que conheço me desespera demais.
o buraco é o meu muro, minha fortaleza,
minha torre de contenção.
eu cavo, vou cavando,
um túnel fechado na escuridão deixo para trás.
minha sombra ocupa o túnel do buraco,
entra num impulso e faz toda a reforma.
quando eu chegar ao fim da escavação,
quero encontrar na principal galeria subterrânea
a loucura dessa minha ilusão.

Uma crônica em três tempos


Tempo II - A Iraquara do seu Juquinha


Era ele, sempre, como num ritual sagrado e atemporal. Todo santo dia, lá estava “seu” Juquinha, recarregando as lâmpadas dos postes de luz de Iraquara. Foi um avanço quando o prefeito da cidade de Seabra-BA, Manoel Teixeira Leite, ainda na década de 50 do século XX, destinou à cidade algumas unidades das lâmpadas Petromax e Colemam, e em pontos estratégicos iluminou as ruas iraquarenses, outrora escuras e amedrontadoras. Acostumados com uma Iraquara feia e noturnamente intransitável àquela época, pois não havia energia elétrica nas ruas, tampouco nas casas, os antigos moradores, que acendiam fifós em suas casas, acabavam clareando um pouquinho as calçadas nuas e sujas. Ao verem seu Juquinha malinando naquele arcabouço metálico pendurado no mastro, de inox e ar no bojo, bombeando ar para o receptáculo onde ficava a camisa de amianto e a mistura de álcool e querosene, sentiam-se felizes porque o breu tinha hora para acabar, mesmo que por um curto espaço de tempo.

Iraquara bem poderia ter sido, durante seus primeiros anos de vida, cenário para filmes de faroeste norte-americano, com aqueles lugarejos vazios de almas e cheios de mistérios. Iraquara já foi uma cidade-fantasma, não é exagero dizer. As estradas, quase todas em precário estado de conservação, de cascalho e barro, não facilitavam o contato com as outras cidades. A falta de calçamento apropriado, a presença de buracos no meio das vias públicas, o lamaçal em que se transformava quando a chuva apertava, tudo isso fazia com que o recolhimento dos habitantes dentro de seus aposentos fosse marca de um passado nada distante. A falta de conforto, em todos os sentidos e segmentos, era visível. Sem higiene nem saúde, porcos, jumentos e outros animais disputavam com pessoas restos de alimentos após o fim da feira dos sábados, a fim de se lavarem as almas esfomeadas.

E o “seu” Juquinha, tio da Maria Neta¹ escritora, assim como outros personagens iraquarenses, iluminando tudo sem pedir muito ao destino, as dores e as alegrias deste povo que traz o pé encardido como sinal de bem-aventurança desde o momento da nascença. Clareando as quedas das mulheres casadas quando tentavam driblar as poças e os charcos - um escândalo para a época. Aquela luzinha temporária, esgotável, alumiando as infâncias maravilhosas, de brincadeiras de pular, de correr, de esconde-esconde, de galinha-gorda, de dar bolo, pega-pega, baleado, jeribita, boca-de-forno, elástico, casinha, panelinha e de boneca. Tudo para ver a meninada mais livre, sem esta falsa felicidade que os jovens de Iraquara estampam hoje em seus rostos, mancebia regada a combustíveis alienantes e mecânicos.

Incansável Juquinha, dando carga com a força dos braços para ver Iraquara crescer, para ver a menina Maria se deslumbrar com uma boneca que chorava e a outra que dormia, trazidas por seu pai dentro de uma malinha de lá de Belo Horizonte, em uma de suas inumeráveis viagens pelo Brasil. Eram brinquedos que ninguém possuía na cidade, sem falar na cama Patente para as bonecas que também ganhou. Para ver a Maria voltar do Instituto Ponte Nova nas férias, hoje cidade de Wagner-BA, e engolir piaba viva e amarrar cabaça no corpo para aprender a nadar no rio que a sede nunca possuiu, mas que foi distribuído em abundância pelos povoados de Caiçara, Ingazeira, São José, Pratinha, Riacho do Mel e tantos outros. Luz para ver a Maria sonhar em ser aeromoça, policial feminina, assim como ajudar a “costurar” perna de rapaz ferido e ver o doutor Américo Chagas cauterizar gente doente usando de talos de folha de côco raspados e enrolados em algodão. Tio bombeando luz para que a Maria pudesse ler nas noites as revistas O Cruzeiro e Manchete que o pai Abdias Dourado fizera assinatura, para no futuro ver nascer dentro dela o gosto pela escrita e pela educação.

Juquinha que quis ver o "vestido venturoso" no corpo da Maria, ganhado do deputado Souto Soares, depois de recitado o seguinte versejo numa festa de recepção ainda bem lá nos idos de brotação citadina:

"Neste dia venturoso
cheio de luz e esperança
aceitas, doutor Souto,
estas flores por lembrança?"

Homem Juquinha que viu a chegada do “motorzinho” movido a óleo diesel que acendia Iraquara todinha às 18 horas, dava sinal que ia apagar dez para as dez da noite e que parava de gerar energia pontualmente às 22 horas, dispensando no porvir próximo seu trabalho de acendedor de postes, num já calculado pequeno indício de "progresso" dos tempos aportando na Chapada, sem ter dó de ninguém.

Iraquara mudou, sim, e cresceu - o mínimo que poderia crescer, é de se saber - em débito impagável para com milhares de Juquinhas, que com amor e ação fizeram com que os dias iraquarenses fossem preenchidos com radiações luminosas, ancorados nos raios matinais que não cansam de nos surpreender quando ultrapassam a barreira das serras e dos morros diamantinos.


Notas.
1 – Anna Maria Félix dos Santos é escritora, autora do livro Iraquara Ontem, hoje e sempre.

Auditório Robinson Ribeiro é palco de formação de gestores escolares


 Por Germano Xavier

Aconteceu na última quarta-feira, dia 15 de fevereiro, na cidade de Iraquara-BA, o primeiro Encontro de Formação de Equipes Gestoras em Educação do ano de 2012. O evento tem como público alvo os diretores e coordenadores de toda a rede de ensino municipal e acontece de acordo com a demanda de atividades neste setor, geralmente mensal ou bimestralmente, servindo para efetivar um diálogo condizente às problemáticas das escolas ou sobre algum projeto específico da Secretaria de Educação (SEMEC) que tenha necessidade de ser discutido coletivamente com todas as comunidades escolares. “O encontro de hoje tem o propósito de iniciar um debate acerca de alguns projetos que temos em mente para os festejos do cinquentenário iraquarense, no mês de julho deste ano, e também para o decorrer de todo o ano letivo. As equipes gestoras terão de desenvolver atividades de leitura, produção de textos e pesquisas nas escolas a fim de produzir material de cunho memorialístico para posterior publicação”, afirmou Cleide Cerqueira, Supervisora Técnica do Ensino Fundamental I e uma das organizadoras da pauta matinal do encontro. “Queremos também publicar uma antologia de memórias a partir do material produzido em cada pólo de educação do município”, confirmou Elaine Alves, Supervisora Técnica do Ensino Fundamental II. “O papel do pessoal da SEMEC é o de instrumentalizar as equipes gestoras na direção do desenvolvimento das atividades que são feitas seguindo algumas etapas”, reforçou Cleide. O primeiro encontro foi separado em duas partes: durante o período da manhã, desenvolveu-se uma oficina de produção de memórias literárias com a intenção de discutir quais são as características desse gênero textual, quais as fases necessárias para se produzir as memórias, partindo do ler, passando pelo entrevistar (ficou claro que a intenção é buscar informações oriundas de pessoas com faixas etárias mais elevadas) e indo até a escrita propriamente dita. Para isso, foram feitas algumas leituras em conjunto no auditório Robinson Ribeiro, espaço que faz parte da Biblioteca Pública Municipal Elias Vieira Gama, seguidas de socialização dos comentários por parte dos gestores presentes. Já durante o período vespertino, foi trabalhado o Projeto Sessões Simultâneas de Leitura (PSSL) e, também, deu-se início às propostas e debates referentes às comemorações dos cinquenta anos de emancipação da cidade de Iraquara. Encontros formadores neste modelo já são uma prática da SEMEC desde o ano de 2009. De acordo com Flávia Alves, Diretora Pedagógica da Secretaria de Educação (SEMEC), “as ações do PSSL acontecerão antes, durante e depois das aulas de leitura e objetivarão qualificar o ato de ler, já que é perceptível em nossa rede escolar a presença de um público leitor já devidamente consolidado. O foco será trabalhar com textos literários, que serão selecionados pelos próprios professores, tendo em vista alguns critérios já pré-estabelecidos. A partir da seleção do material, o professor levará o livro para casa, fará a devida leitura, escreverá uma resenha sobre ele, divulgará sua resenha no ambiente escolar convidando todos os estudantes para a sessão de culminância. Feito isso, professor e coordenador planejarão a aula de leitura referente ao PSSL, tentando garantir as condições didáticas do antes, do durante e do depois da leitura. Por exemplo, se o texto escolhido foi um conto de terror, a sala precisa ser caracterizada para dar a sensação de terror, da mesma forma um conto de fadas, tentando sempre transmitir esse tipo de encantamento aos alunos. Outro projeto discutido foi o Projeto Cinquentenário – História e Vivências de Iraquara, que tem por base discutir questões pertinentes à educação patrimonial dentro das escolas iraquarenses. Para isso, as escolas definirão suas propostas de trabalho, seguindo os seguintes recortes: Belezas Naturais, Aspectos Históricos, Artesanato, Aspectos Geográficos, Manifestações Culturais e Tradições, Memórias, Causos e Lendas, Personalidades, População, Escritores da terra e suas obras, Educação, Comércio, Aspectos Políticos, Atualidades, Saúde, Economia, Culinária, Arquitetura, Comunicação, Religiosidade, entre tantos outros. Flávia Alves ainda revelou que haverá a publicação de produções textuais e artísticas feitas por estudantes e professores das escolas municipais no intuito de valorizar os nossos talentos nos diversos campos das artes e da literatura. Sirleite Neves, Supervisora Técnica do Ensino Infantil, disse que a SEMEC intenciona lançar ainda no final deste ano uma revista para prestigiar outras produções de nosso município.

Escritora iraquarense lançará seu terceiro livro


 Por Germano Xavier

A escritora Maria Neta pretende lançar neste ano de 2012 o seu terceiro livro, intitulado de Casos e Causos. A obra trará em suas páginas uma coletânea de histórias que dialogam com acontecimentos verídicos e, também, com situações fictícias, brotadas da imaginação da escritora, que aproveita para fantasiar criando personagens, enredos, paisagens e ações bem particulares. “Tem histórias que muita gente da cidade sabe ou saberá do que estou dizendo quando começarem a ler, já outras são totalmente novas, criadas por mim e baseadas em minhas vivências. Eu também transformei várias histórias numa só, no caso específico de alguns textos do livro, o que deixará o meu leitor ainda mais curioso para saber do que se trata”, diz a filha do emblemático Seu Douzinho. “A maioria dos casos que retrato nesse livro eu ouvia do meu pai, que me contava muita coisa, principalmente fatos relacionados à vida dos antigos garimpeiros daqui da nossa região. Minha preocupação maior é a de resgatar um pouco mais acerca de nossa vasta cultura, valorizando o que é nosso através da história, para que o jovem de hoje leia o livro e tenha, ao menos, uma noção do que foi o nosso passado, tentando fazer com que saiba ele fazer as devidas comparações com relação ao passado e ao presente”, reforça. O livro Casos e Causos, que foi revisado por Hermano Queiroz e que contará com ilustrações do artista plástico Marcel Gama, será dividido em capítulos e também destacará a esfera da religião, das rezas e das rezadeiras, fará um esboço comparativo entre os modos de vida do sertanejo e do lavrista (uma alusão ao período das Lavras Diamantinas), uma parte dedicada às crianças/infância e também à vida como educadora na cidade de Iraquara-BA. “No começo, eu achava repugnante quando meu pai chegava e começava a me contar aquelas histórias de bravura dos jagunços, mas hoje sei que é uma parte de nossa história e que precisa ser registrada”, confessa Maria Neta, que ainda diz que a escolha do formato capitular de seu livro se deu porque assim haverá uma maior fluidez na leitura, o que tornará menos cansativo para o leitor. “Com o Casos e Causos eu objetivo retirar o meu leitor, mesmo que por poucos instantes, dessa vida de correria, de tanta violência, fazer com que ele se distraia um pouco e com uma distração de qualidade. Já estou vendo algumas parcerias, tanto aqui como na capital baiana, para que o livro esteja pronto o mais rápido possível. Se tudo der certo, gostaria muito que o lançamento fosse na mesma época das comemorações do cinquentenário da nossa cidade, vamos ver.” A escritora ainda revela que já pretende começar a finalizar o seu quarto livro, este agora de poemas, com o título já definido de Além da Imaginação.

Imagem mais antiga da cidade de Iraquara-BA



Por Germano Xavier

De acordo com a escritora e professora iraquarense Maria Neta, esta é a primeira e mais antiga imagem da cidade de Iraquara-BA. O ícone retrata Nossa Senhora da Conceição e pertenceu ao seu bisavô, Manoel Félix da Cruz, ainda no século XIX.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Silêncio


Muito cuidado, o fogo está apagado.
Ainda é cedo,
pode ser tarde demais,
muito cuidado, lume morto.
O fogo está apagado,
mas há um incêndio em todo fogo apagado,
há um incêndio!

Labaredas, chamas combustivas,
calor, matéria inflamável...
Muito cuidado, você, que o fogo está apagado!
Língua de fogueira, fogão, lareira, fósforo, isqueiro,
quem riscará? Quem se arriscará?
Pirotécnico artifício, queima em artilharia, energia e ardor,
dor somente, entusiasmo ou espasmo, excitação com brilho,
fulgor, fogacho, focus ignífero.

Escândalo, padre nosso, o fogo está apagado!

- Silêncio – pede o homem na gare Saint-Lazare.
- Silêncio – clamam os partícipes d’A Cruzada Santa, do Dario Fo.
- Silêncio – insinua o cenho de Madalena, a pecadora.
- Silêncio – reclama o sono de Maria Nys Huxley.

Muito cuidado com o fogo apagado,
há sempre um incêndio previsto para o amanhã.

11º poema-imagem/imagem-poema da série Preto-e-Branco:Poesia.
Fotografia de Daniela Gama.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

II SIA – 2ª Semana de Integração Acadêmica UPE


 Por Germano Xavier

Com a intenção de debater temas e problemas do cotidiano universitário, tanto no que abrange questões de interesse nacional como mais particularmente das problemáticas da Universidade de Pernambuco (UPE), ou ainda, das dificuldades enfrentadas pela comunicada universitária do Vale do São Francisco, a Semana de Integração Acadêmica (SIA), que está em seu segundo ano de existência, realizou uma série de discussões em prol do melhor esclarecimento, da aproximação e do desenvolvimento de posicionamentos críticos saudáveis por parte do corpo discente/docente perante toda a esfera alcançada pelos meios acadêmico-universitários. Com a proposta de discorrer sobre o tema “O que é a Universidade?”, o professor e sociólogo Celso França esforçou-se para trazer um apanhado geral condizente ao assunto. Entre tantos tópicos abordados, alguns merecem destaque, como por exemplo:

• O verdadeiro papel da universidade;
• A universidade e a formação ideológica;
• Universidade e campo sociológico;
• O que é ser intelectual;
• Mercantilização da educação;
• Universidade e campo revolucionário;
• Gratuidade da universidade;
• Classes sociais (dominantes e dominados);
• Microsociologia;
• Os problemas e dificuldades enfrentadas pela universidade pública;
• A universidade como instituição democrática;
• Sul/Sudeste: centros de excelência;

No segundo dia de debate, João Adolfo Monteiro, representando a União Nacional dos Estudantes (UNE), expôs idéias e pensamentos referentes à reforma universitária. Temáticas trabalhadas por ele podem ser resumidas em:

• Restaurantes universitários;
• Verbas direcionadas;
• Assistência estudantil;
• Condições de moradia mais favoráveis;
• Creche universitária;
• Ensino, pesquisa e extensão;
• Comunidade universitária excluída;
• Abertura de novas vagas nas universidades públicas;
• Exploração de mão-de-obra estagiária;
• Cotas para negros e estudantes carentes;

No terceiro encontro, a gratuidade da universidade pública foi o tema trabalhado pelos palestrantes da noite. Este tema conseguiu abarcar um contexto bastante singular, posto que a UPE é a única universidade pública que cobra uma tarifa mensal do alunado, mesmo que mínina. No quarto dia, a professora da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), Liliane Caraciolo, marcou a noite com um discurso bastante contundente e sistemático sobre o atual panorama da educação no Vale; e, por fim, houve a apresentação de um vídeo-documentário sobre a vida e a obra do cientista e médico Josué de Castro. Ao todo, muito pode ser aproveitado, mesmo enxergando algumas falhas na organização do evento. Ficou a promessa de praticar o que foi ouvido, no âmbito de mudança social e, porque não dizer, tendo como ponto de partida a própria matriz universitária.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Notas sobre a leitura no mundo


 Por Germano Xavier

A expansão avassaladora do Império Romano foi, entre outros fatores, um dos principais motivos para o desenvolvimento de uma cultura de leitura entre os indivíduos do mundo antigo e, posteriormente, em todas as épocas históricas vindouras. O Latim, língua que abarcou e agregou todas as “ferramentas” comunicativas e toda a produção de conhecimento da época, também representou uma forte arma para o progresso da prática da leitura naquela época. Todos queriam “beber” dessa fonte, pois era a partir dela que os indivíduos poderiam figurar em melhores condições sociais dentro do próprio contexto social em que viviam. Foi, também, com o advento da Reforma Protestante, formulada e praticada por nomes como Lutero e Calvino, que textos, antes considerados sagrados e extremamente sigilosos, vieram à tona, fato que acabou incentivando muitos leitores a desempenharem suas respectivas funções. Após este momento, a discussão sobre os relatos e passagens bíblicas começou a fazer parte do cotidiano das pessoas. Outro fato que ajudou a proliferação do hábito da leitura foi justamente a invenção da imprensa, em meados do século XV, pelo alemão Gutemberg, um dos maiores responsáveis pela popularização do objeto livro no mundo e, também, quem ajudou a lançar as premissas básicas e materiais para uma moderna e dinâmica economia baseada no conhecimento, assim como na disseminação da aprendizagem de proporção de massa. No Brasil, um pouco antes da promulgação do regime republicano, grande parte da população, principalmente a dos grandes centros urbanos, já tinham o conhecimento de publicações oficiais, como as vindas da Imprensa Régia e também por conta dos pasquins, folhetos de cunho revolucionário e crítico que circulavam livremente e/ou clandestinamente por diversos setores da sociedade. Pouco depois, a implantação de um sistema de ensino regular tornou-se no maior objeto para favorecimento da leitura em nosso país, fato bastante discutível nos dias de hoje. A partir de sua fundamentação, a escola passou a exercer função básica na construção de um país de leitores, o que, de fato, ainda é muito precário e de proporções diminutas se comparado a países do primeiro mundo. Claro, tudo isso antes da popularização da rede internacional de computadores: a internet. Daí para frente, é uma outra história.

Poema do acreditar


 Por Germano Xavier

Não medes,
o medo é um acerto com o cão
feroz que dissipa a vida.

Toda a verdade
é uma pergunta esquecida
no chão do que ainda é não.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

As perguntas sem respostas de Matrix


 Por Germano Xavier

A trilogia cinematográfica Matrix, dirigida pelos irmãos Wachowski, é um produto midiático de ficção científica que mistura tecnologia, efeitos especiais com mitos, crenças, religiões e, evidentemente, filosofia antiga e atual. Os paralelos que podem ser estabelecidos entre temas abordados nos três filmes da série (mormente o primeiro) e as idéias de Sócrates e Platão, principalmente aquelas ligadas ao seu famoso e tão discutido Mito da Caverna, são inumeráveis. A caverna de Platão é o mundo das sombras, o mundo onde reina o desconhecido mais geral e também onde vive a ânsia pelo saber, e o filme nos questiona o que é, para nós que vivemos numa época em que ciência e tecnologia predominam, a nossa real e atual caverna? Matrix é, assim como o antigo mito platônico e antes de qualquer outra coisa, uma alegoria, uma pantomina dos pensamentos de Sócrates e seu discípulo-mor. Há nos filmes a preocupação com os encadeamentos do “descobrir” e com o do “descobrir-se”, este otimizado como num processo de autoconhecimento que busca a retratação de uma outra atmosfera e de uma outra realidade, tanto mais próxima quando mais distante da realidade pensada enquanto real. Tanto em Matrix como nas idéias desses dois filósofos, existe uma ênfase para com a construção de diversos valores distritais humanos e sociais, como o enraizamento da curiosidade, a fortificação do desejo, a eterna fome por conhecimento e até a “apalpação” do que é real e/ou matéria-caminho para fuga do que fosse apenas virtualidade ou imatéria. O reflexo das pessoas na parede, o mistério, a dúvida pelo que é novo, os choques entre personas e rostos de fidedignidade, assim como os contrastes produzidos pela realidade são matérias importantíssimas e, por conseguinte, fundamentais para o entendimento do enredo dos respectivos filmes. A nossa caverna é o próprio ser humano, que ainda não conseguiu alcançar a sua mais íntima substância, o seu âmago, a sua mais rica profundeza, o seu lado verdadeiramente distinto dos outros animais, que não sabem que estão pensando ou que sabem que são capazes de pensar - o ser humano, criatura de sentimentalidades e manifestações, em sua maioria, superficiais e dicotomias. Pode-se, a partir de tais pressupostos ligados ao filme e à filosofia, dissertar também sobre o conhecimento filosófico abarcado em Matrix, destacando as diferenças no tocante às outras formas de conhecimento e relatando como se deu a passagem do pensamento mítico-religioso para o pensamento filosófico. A filosofia é uma ciência e não é, tudo ao mesmo tempo. A filosofia cientifica o que é contemplação e reprodução, emite concepções diversificadas do mundo e das relações interpessoais, transcende o que é matéria e alcança uma forma de plenitude de olhar, de enxergar, o que a faz diferente das outras formas de conhecimento, que funcionam atreladas ao pragmatismo e ao tecnicismo. Estes, por sua vez, malbaratam e desvalorizam a subjetividade e o distanciamento do visível. O mito foi usado no início como uma forma de retratar a formação do mundo e das relações humanas, através de narrativas alegóricas e imaginativas, deixando que a ficção e a oralidade corroborassem tais tentativas de explicações. Somente quando a filosofia conseguiu se adaptar melhor às necessidades do homem é que ela tomou as suas devidas proporções. Matrix nos lega uma questão: por que a pergunta é mais importante do que a resposta no processo de filosofar? A pergunta, manifestação de busca e saciedade, é muito mais essencial que o “responder”, até porque não há apenas uma verdade, uma resposta. A resposta é um produto da subjetividade, da incerteza – a pergunta não, a pergunta é a própria certeza, talvez a única forma de certeza, mas também uma certeza falida, diagnosticada infame e cancerosa, posto incompleta -, e este não é o princípio básico que faz movimentar a filosofia. Filosofar é, antes de tudo, ater-se ao Belo, à negação das ordens naturais das coisas e um elogio ao que é de ordem imprevisível e, para conseguir um melhor entendimento condizente a este fato, nada mais inteligente que perguntar, questionar. Será que é mesmo assim?

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Rio Sonhém é beneficiado com projeto de revitalização


 Por Germano Xavier

O assoreamento das margens e a destruição de manancias de rios são problemas generalizados e já conhecidos de toda a população mundial. E no município de Iraquara, um dos rios que vem atravessando uma situação que demanda extremo cuidado é o Sonhém, rio de média extensão, que corta os povoados souto soarenses de Mata Cavalo e Cercado, e os iraquarenses de Sonhém, Água de Rega, Riachão, Rio Verde, Passagem de Januário, Caiçara e Canabrava, só para citar alguns. Percebendo a dificuldade crescente para com o usofruto da água do referido rio, algumas pessoas de localidades banhadas pelo Sonhém resolveram se unir para elaborar e colocar em prática um projeto que ajudasse na revitalização e no desassoreamento de suas encostas. "O projeto começou porque o rio Sonhém estava dando sinais de que estava morrendo. O rio começou a secar e o pessoal da Canabrava, que é hoje o destino final do rio, até mesmo porque lá fica uma barragem, começou a sentir uma dificuldade enorme com relação ao abastecimento de água em suas casas. Eu lembro que quando chovia muito, o curso dele chegava até Iraquara, o rio descia forte e ninguém tinha aquela preocupação de preservar. Hoje já começou a secar na Passagem do Januário, começou a secar no Rio Verde e atingir cada vez mais pessoas. Foi então que vimos que era a hora de começar a fazer alguma coisa para mudar este quadro desanimador", afirma Sidney, morador do Rio Verde e um dos maiores colaboradores do projeto. A revitalização do Sonhém partiu da idéia dos moradores de algumas localidades por onde o rio Sonhém passa, e funciona em parceria com o Instituto de Gestão das Águas e Clima da Bahia (INGÁ) e também com o apoio da Prefeitura Municipal de Iraquara, que ajudou com material, transporte e apoio logístico, oferecendo também um curso de capacitação para trabalhadores que se interessaram em contribuir com o andamento das tarefas. "Foi muito rápido. Depois de pensado, o projeto foi aprovado em cerca de 3 dias e logo começamos todo o processo", completa Sidney. O projeto não consiste em apenas fazer a plantação de mudas, plantas. É porque a região aqui é muito brejada, tivemos de desassoriar o rio para que ele descesse com mais fluência, porque estava tudo alagado. Onde a retroescavadeira não podia entrar, a gente ia pessoalmente fazer todo o trabalho de limpeza. Depois do desassoriamento, foi a vez da roçagem. Deu muito trabalho, mas depois de alguns meses a gente já enxerga uma melhoria no crescimento das plantas e na diminuição das tiriricas, vegetação que prejudica o rio. O projeto inicial contemplava 500 mudas de ingazeira". Sidney conta que providenciou mais 1000 mudas para plantar o mais próximo uma da outra, com a finalidade de fazer o máximo de sombra possível, pois a sombra mata as tiriricas, que vão crescendo dentro e ao lado do rio, caindo também, parecendo uma bucha que sai absorvendo tudo ao redor. "A plantação da ingazeira é mais para isso mesmo, para matar a tiririca e deixar o rio descer de maneira mais uniforme. A gente também plantou mudas de Jatobá, Cedro D'Água, entre outras. Tem também a questão dos cipós, que sufoca a planta, dificultando também o acesso ao local, assim como nossa posterior manutenção", disse o morador. A previsão é que, dentro de alguns anos, as tiriricas comecem a desaparecer de forma mais visível, dando lugar a um curso de água bem mais saudável. "Tem gente que até faz uma limpeza de vez em quando, para tomar banho ou coisas do tipo, mas a maioria não cuida do Sonhém", conclui Sidney.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Greve da Polícia Militar baiana afeta população iraquarense


 Por Germano Xavier

A greve deflagrada pela Polícia Militar no estado da Bahia, iniciada no dia 31 de janeiro de 2012 e que vem se arrastando já há alguns dias, também já deu seus sinais na cidade de Iraquara. Temos informações concretas de que alguns comerciantes chegaram a fechar seus estabelecimentos em horários incomuns nos últimos dias, devido principalmente ao receio de que arrastões e furtos esporádicos possam vir a acontecer. Muitos boatos surgem a cada instante, mas pouca informação com base na verdade dos fatos. De acordo com uma fonte oficial ligada à Delegacia de Polícia da cidade, que preferiu não se identificar, até a manhã de hoje não há nenhum registro oficializado sobre ocorrência de furtos, saques e/ou arrastões em nossa localidade. “Muito do que chega ao conhecimento da maioria da população não passa de falácia. Por exemplo: ontem disseram que existiu um arrastão na cidade vizinha de Souto Soares. Ligamos para o departamento de lá e tudo foi desmentido. As nossas atividades estão normalizadas. Não vemos motivo suficiente para todo este alarde.” Os policiais que aderiram à greve reivindicam melhores condições salariais e de trabalho. O Governo diz que o fim da greve está bem próximo de ocorrer. Ao todo, são aproximadamente 31 mil policiais militares efetivos na Bahia.

Pequenos olhares sobre alguns poemas


Poema 1

RETIRA-SE DESDENHOSA DO POETA PARA HUM SOLDADO DE CUPIDO A TEMPO, QUE ELLE FAZIA O MESMO COM ANNICA.

Quita, como vos achais
com esta troca tão rica?
eu vos troco por Anica,
vós por Nico me deixais:
vos de mim não vos queixais,
eu, Quita, de vós me queixo,
e pondo a cousa em seu eixo,
a mim com razão me tem,
pois me deixais por ninguém,
e eu por Anica vos deixo.

Vós por um Dom Patarata
trocais um Doutor em Leis,
e eu troco, como sabeis,
uma por outra Mulata:
vós fostes comigo ingrata
com a grosseira ingratidão,
eu não fui ingrato não,
e quem troca odre por odre.
um deles há de ser podre,
e eu sou na troca odre são.

Eu com Anica querida
me remexo como posso,
vós co Patarata vosso
estareis bem remexida:
nesta desigual partida
leve o diabo o enganado,
porque eu acho no trocado,
que me vim a melhorar
mais na Moça por soldar,
que vós no Moço soldado.

Se bem vos não vai na troca
pela antiga benquerença,
eu sou de tão boa avença,
que farei logo a destroca:
porém se Amor vos provoca
a dar-me outros novos zelos,
hemos de lançar os pêlos
ao ar por seguridade,
e eu sei, que a vossa amizade
há de custar-me os cabelos.


Poema 2


EPITAFIO À MESMA BELLEZA SEPULTADA

Vemos a luz (ó caminhante espera)
De todas, quantas brilham, mais pomposa,
Vemos a mais florida Primavera,
Vemos a madrugada mais formosa:
Vemos a gala da luzente esfera,
Vemos a flor das flores mais lustrosa
Em terra, em pó, em cinza reduzida:
Quem te teme, ou te estima, ó morte, olvida.


Para começo de conversa, é preciso salientar que o poeta Gregório de Matos tinha absurda e considerável ciência acerca do que produzia. É preciso uma boa dose de vivência para que um determinado escrito consiga elevar-se como obra e conquistar outras dimensões de significação e representatividade. Ele, o “Boca de brasa”, é um retrato fiel da idéia de que a vida imita a arte, e também o inverso. Gregório viveu, comeu e bebeu do seu tempo. Para Alfredo Bosi, o bardo “é mais do que uma figura e um autor porque retrata, sob muitos aspectos, e tipifica, em quase toda a sua obra, o meio e o tempo”. E quando voltamos o nosso olhar à retratação da figura feminil em sua obra, cuja autoria é ainda bastante polemizada, nada acontece de modo discrepante. Analisando os poemas supracitados, percebe-se claramente um posicionamento ideológico baseado em extremismos. De um lado, fica fácil identificar uma visão essencialmente preconceituosa perante a mulher negra. Diante da questão, Gregório não titubeia, e escreve com a inicial maiúscula o termo “Mulata”. O destinamento e a evidência de um racismo é por demais escancarado. O poema tem como enredo, se assim pode-se aferir, um troca-troca envolvendo duas mulheres e dois homens. As mulheres, aqui, são negras e vêem-se traduzidas à míseras mercadorias ou produtos de negociação. O poema primeiro se desenvolve, do início ao fim, numa atmosfera densa, marcada por uma tensão que envolve os paradigmas do “ter”, do “poder” e, mormente, da efemeridade das relações humanas. Comparado ao segundo poema, este totalmente encaminhado sobre um território ameno, livre de aturdimentos e tensões, fluido e mais contemplativo, uma vez que o seu destinatário é uma mulher de pele alva, portanto digna dos mais altos congraçamentos. O primeiro poema expõe uma linguagem mais coloquial, chegando a beirar a vulgaridade, aproximando-se de um erotismo encadeado por expressões e jogos de palavras por demais singulares. Para corroborar da idéia de aproximação do que é popular através do uso de uma linguagem diferenciada, Alfredo Bosi vai ainda dizer que “não menos interessante é o estudo da contribuição de Gregório de Matos para a aproximação entre a linguagem literária e a linguagem popular, pela maneira como introduziu em suas composições não só palavras até então proibidas ou vedadas ou mal aceitas como expressões de uso comum”. No segundo poema, dedicado a Dona Ângela, a comparação elogiosa concebe à personagem um caráter de gigantismo e inesgotável estima. Dona Ângela, mesmo morta, é possuidora de uma beleza quase inefável, indiscutível. Aqui, a dualidade temática Vida X Morte faz-se demasiado presente. Eis, pois, poemas comprimidos em antagonismos, dum poeta-marco do Barroco, que pouco soube fingir a arte do fingimento das relações humanas, das coisas e do mundo.


Agora leia os seguintes poemas, de Gregório de Matos e Cláudio Manuel da Costa, respectivamente:


Ao Braço do Mesmo Menino Jesus quando Appareceo

O todo sem a parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga, que é parte, sendo todo.

Em todo o Sacramento está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda a parte,
Em qualquer parte sempre fica o todo.

O braço de Jesus não seja parte,
Pois que feito Jesus em partes todo,
Assiste cada parte em sua parte.

Não se sabendo parte deste todo,
Um braço, que lhe acharam, sendo parte,
Nos disse as partes todas deste todo


VI

Brandas ribeiras, quanto estou contente
De ver nos outra vez, se isto é verdade!
Quanto me alegra ouvir a suavidade,
Com que Fílis entoa a voz cadente!

Os rebanhos, o gado, o campo, a gente,
Tudo me está causando novidade:
Oh como é certo, que a cruel saudade
Faz tudo, do que foi, mui diferente!

Recebei (eu vos peco) um desgraçado,
Que andou té agora por incerto giro
Correndo sempre atrás do seu cuidado:

Este pranto, estes ais, com que respiro,
Podendo comover o vosso agrado,
Façam digno de vós o meu suspiro.


Fazendo um quadro comparativo entre os dois poemas:

Poema de Gregório de Matos

• Cultismo – o jogo intencional com palavras;
• Tentativa de reafirmação de um teocentrismo titubeante;
• O “chocar” em cada verso;
• Ambiente tenso, conflituoso;
• Construção imagética superestimada;

Poema de Cláudio Manuel da Costa

• A natureza como elemento primordial;
• Presença de elemento mitológico (fílis), com retorno aos ideais greco-romanos;
• Linguagem simples, sem rebuscamentos gratuitos;
• Relação de intimidade com a natureza, vista como fonte para a razão;

No poema árcade, o homem consegue, após consideráveis embates, encontrar-se. E é a natureza, o ambiente bucólico, o fator que ilumina o ser. Nela, sendo-a e estando inteiramente entregue a ela, o homem encontrar a necessária paz e a vida harmoniosa, pautada numa lida ponderada, racional, e sem aflições. Já no poema barroco, o humano confunde-se com a própria parte e o próprio todo conflituoso. O linguajar, o modo como a palavra e a imagem é confeccionada transforma-se em mais um entrave para a compreensão, impedindo o suave transcorrer da leitura por parte do leitor.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Escola desenvolve grupo de Reisado mirim em Iraquara


 Por Germano Xavier

A Escola Municipal Pequeno Sabidinho de Iraquara-BA, situada à Rua Canabrava, mantém vivo em sua sede um projeto que revaloriza a cultura popular do município, ajudando na preservação de um de nossos costumes mais nobres e valiosos: o Reisado, dança profano-religiosa de origem portuguesa bastante difundida em nosso país, principalmente no norte-nordeste brasileiro. A diretora da escola, Eliana Carvalho, afirma que “o projeto começou a funcionar a partir da segunda visita que o Instituto Brasil Solidário (IBS) fez à cidade, onde conseguimos engatar uma apresentação cultural. A partir desta confirmação, começamos a fazer pesquisa para saber o que nossa terra tinha de interessante em termos de manifestações culturais interessantes para expor lá no dia. Vimos que o Reisado é muito forte em todos os cantos de Iraquara, apesar de ter enfraquecido ao longo dos últimos tempos”. Eliana conta que este trabalho teve o apoio direto do professor Manoel Menezes (falecido ano passado), que possuía um grupo de Reisado na comunidade de Mato Preto. “Foi ele quem treinou o grupo. Nós lançamos uma idéia e o convidamos para ensinar a garotada sobre a história do Reisado e do porquê do Terno de Reis. Depois de tudo já encaminhado, nós demos seguimento ao trabalho”, reforça a diretora. O grupo está ganhando corpo aos poucos, tanto que já fez apresentações nas cidades chapadenses de Seabra e Lençóis. “Para este ano, vamos preparar apresentações para os festejos referentes ao cinquentenário de emancipação de Iraquara. Cada sala fará uma pesquisa diferente para descobrir como surgiu o Reisado em Iraquara, quais foram os primeiros Ternos de Reis daqui, saber um pouco mais da história dessas pessoas que fundaram esta manifestação em todo o município, convidaremos também o irmão do professor Manoel para falar sobre o trabalho do mestre”, reforça a educadora. Hoje, o grupo é formado por 15 alunos, meninos e meninas que apresentaram interesse espontâneo e são coordenados por alguns professores e até mães de alunos, que tiveram já experiência com o Reisado e se dispuseram em ajudar na transmissão dos ensinamentos básicos. Ao tempo que vão aprendendo mais sobre a manifestação, o grupo faz mudanças no visual dos trajes e nas canções, o que proporciona uma rotatividade temática nas apresentações. Por outro lado, a diretora diz que “os alunos que participam do grupo avançaram muito dentro do ambiente escolar. Hoje são mais participativos e desenvolvem as atividades rotineiras com mais facilidade. Temos muitos alunos maiores, que já foram para outras escolas, mas que não querem deixar de participar do nosso Reisado mirim”. Eliana Carvalho destaca ainda a importância do trabalho que o Iraquara News vem fazendo no município, divulgando e informando a população acerca de iniciativas positivas como a nossa. “A gente até estava comentando isso na Jornada Pedagógica. Fazemos tanta coisa boa e bonita de se ver, mas acaba ficando tudo dentro da própria escola. Temos muita coisa para expor, como os projetos da rádio escolar e do jornal, e divulgar tudo isso é fundamental”, conclui.

Flor doentia


Por Germano Xavier

Existem flores na casa do poeta. Estão enjauladas em jarros afeitos à beleza impostora, mas elas existem. Existem golpeando-se umas às outras, como se pudessem pôr toda a carga de desculpa na força da ventania que se abre. Existem rosas, e margaridas. Flores vermelhas e alvas, de pétalas rosáceas - estas rosas rosas, de verdade -, de botões caídos. Será que existem flores na casa do poeta?, você me pergunta. Eu te respondo, será que em mim há flores, flores do mal? E ainda mais... será que alguma flor do bem? Quem dirá, poeta, tua alma é quem! É quem? Tua alma é quem? É quem sabe. Você só sabe que pássaro cheira a céu, e qual é o cheiro do teu céu, que tanto te incide? Qual a cor dessa tua cor? Não me diga, insisto - ou melhor, clamo -, que esta flor doentia, no jarro presa, de vermelha cor, desbotada e pálida, é a flor do amor!

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Casa de Biscoitos Quixaba é exemplo de iniciativa em Iraquara


 Por Germano Xavier

A Casa de Biscoitos Quixaba, com sede no povoado homônimo do município de Iraquara-BA, é um empreendimento que nasceu da parceria entre a Associação Comunitária local e o SEBRAE. O grupo é formado somente por mulheres de diferentes faixas etárias, em sua maioria donas de casa, que produzem diversos tipos de alimentos de forma artesanal. “Todas eram donas de casa e depois do curso resolvemos montar o grupo. Depois que o grupo já estava formado, recebemos uma doação do Instituto Brasil Solidário (IBS), através do Projeto Amigos do Planeta na Escola, que incluiu boa parte dos equipamentos industriais de que dispomos hoje”, diz Graciela Dourado, 26 anos, líder da Associação de Mulheres de Empreendedoras da Quixaba. “O espaço onde a Casa de Biscoitos funciona atualmente surgiu através da parceria com a Associação Comunitária quixabense. Um galpão que não estava sendo usado é onde hoje funciona a nossa cozinha. Para isso, fizemos, com muita dificuldade, uma reforma e estamos adaptando cada vez mais o nosso local de trabalho para melhorar e aumentar a produção”, conta Nilza Lina dos Anjos, uma das gestoras da iniciativa. “Atualmente, a maior parte das vendas é feita no sistema porta a porta, porém a produção também recebe encomendas e estamos tentando viabilizar uma forma de vender também em feiras livres da região”, completa Graciela. “Ainda encontramos muita dificuldade para vender nossos produtos, que são saudáveis e feitos com amor. Muita gente prefere comprar um pacote de bolacha recheada, repleto de conservantes e produtos químicos prejudiciais à saúde, e não investe num potinho de nossos biscoitos”, informa Graciela. Além de Nilza e Graciela, a equipe é formada por Larissa Macedo, Sindalva Neves, Aureci Santos, Valdetina Rosa, Maria Eunice Macedo. Esta história de sucesso começou da seguinte forma: “Cada uma das integrantes levava um produto de casa para dentro da cozinha com o intuito de produzir biscoitos. Todo dinheiro arrecadado servia para comprar mais ingredientes, e assim tudo foi funcionando”, reforça Nilza. Os biscoitos produzidos na Casa são: Flor do Campo (feito com tapioca e goiabada), bolachas tradicionais de coco, coco com açúcar, coco com leite de coco, maracujá, limão, chocolate, o Joaquim Teodoro - também conhecido como Quinca ou Te Adoro -, Avoador e os biscoitos Divinos, que derretem na boca. Além destes produtos, o grupo ainda faz alguns tipos de salgados: lasanha, pizza, coxinha, pastel, sorvete, pudim, empadas, empadão, tudo tendo a mandioca como ingrediente principal. O trabalho realizado na Casa de Biscoitos Quixaba gera um ciclo de produção, de compra e de venda dentro da própria comunidade, pois as trabalhadoras envolvidas fazem questão de adquirir a maioria dos ingredientes na mão de pequenos produtores rurais do próprio povoado, gerando emprego e renda para a comunidade. “É comum as pessoas não aproveitarem a massa da mandioca por completo, aqui aproveitamos ela para fazer os bolos. Também fomos treinadas para fazermos o reaproveitamento das embalagens. Se o cliente devolver 10 embalagens ganha um desconto na próxima compra”, afirma Graciela. “O SEBRAE sempre está fazendo uma reciclagem com todo o pessoal para ajudar na administração do projeto”, completa Nilza. A revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios, da Editora Globo, publicou, na edição de janeiro de 2012, uma matéria sobre a Casa de Biscoitos Quixaba, o que prova que a proposta dessas mulheres empreendedoras já é uma realidade transformadora não só no âmbito da Chapada Diamantina, mas também um exemplo a ser seguido em todo o mundo. Inaugurada oficialmente em 6 de outubro de 2011, a proposta para o ano de 2012 é a melhor possível. “Esperamos que os comerciantes e os administradores públicos da região abram mais as portas para os nossos produtos. Estamos realizando um sonho antigo. Quanto mais gente para realizar junto esse sonho, mais longe chegaremos”, reforça Nilza, que também destaca a importância da Casa na elevação e na divulgação do nome da cidade de Iraquara.

Prática da capoeira é incentivada em escolas de Iraquara


 Por Germano Xavier

O grupo de capoeira Origem da Bahia, coordenado pelo professor Fidélio Rocha (Professor Pessoa) e monitorado por José Fabio (Mandinga), vem desenvolvendo no município de Iraquara-BA o projeto Oficina de Capoeira na Escola – Identificando Nossas Origens desde meados do segundo semestre do ano de 2011, atuando com crianças e jovens de escolas da rede municipal de ensino. “A capoeira nasceu da necessidade do negro de tentar lutar contra toda e qualquer forma de escravidão. Desde então, a capoeira começou a ganhar novos rumos e também passou a sofrer diversas modificações em sua estrutura. Hoje a capoeira é uma arte de expressão corporal, um esporte, uma dança, onde dois participantes, envoltos por uma roda de capoeiristas e de um público, dialogam entre si usando seus potenciais de expressividade em diversos movimentos cadenciados por instrumentos típicos, como o berimbau e o atabaque”, diz o monitor Mandinga, fazendo um pequeno balanço histórico do movimento. “A capoeira desenvolveu-se primordialmente em antigos quilombos, que nada mais eram que pequenas comunidades formadas por negros fugidos das senzalas, e como era realizada sempre em locais de mato ralo, ganhou o nome “Capoeira”, que é justamente uma alusão a esta paisagem de vegetação parca e rasteira”, reforça seu discípulo Fabrício Santos, conhecido dentro das rodas como Nego D’água. O projeto é realizado em dez comunidades iraquarenses, tais como as de Queimada (Escola Anísio de Souza Marques), Mato Preto (Escola 23 de Setembro), Quixaba (Escola Jorge Alves de Oliveira), Santa Rita (Escola Artemísia Rodrigues Nogueira), Zabelê (Escola Altino Rodrigues), Lagoa Seca (Escola Julião de Souza Braga), e também nas comunidades quilombolas de Morenos (próximo à Lagoa Seca), Mato Preto e Esconso. Ainda de acordo com o monitor Mandinga, a proposta do projeto não é somente a de incentivar a prática da capoeira, mas também a de ajudar os indivíduos envolvidos no reconhecimento de sua própria identidade. “Nossas aulas contemplam tanto o exercício em si, como a teoria acerca da história da capoeira. Fazemos também momentos de debates e reflexão, caso seja verificado alguma necessidade”, diz o monitor que, apesar da pouca idade, já tem a capoeira impregnada em sua vida há bastante tempo. O Prof° Pessoa, que também faz trabalho semelhante nas cidades de Mulungu do Morro-BA e Souto Soares-BA há quase 8 anos, frisa a boa atuação do projeto em Iraquara e destaca a importância da capoeira para o aumento da auto-estima dos participantes. “A gente percebe que o aluno de capoeira desponta na escola, melhora a aprendizagem, reconhece mais facilmente suas limitações físicas e psíquicas, além de se tornar um ser humano mais participativo”, conta. Depois de três meses do projeto instalado, os líderes do grupo Origem da Bahia já começaram a visualizar muitas mudanças positivas. “Algumas mães nos procuram para agradecer pelo trabalho de transformação percebido em seus pupilos. Até os professores já chegam até nós expondo alguns avanços sentidos dentro das salas de aula”, confirma Pessoa. Capoeira é ritmo, é estilo, é música, é letra, é ginga, é ludicidade, é luta, é força, é elasticidade e, principalmente, é cultura, e das melhores. Durante entrevista cedida ao Iraquara News, os integrantes ainda explicaram a diferença dos estilos de capoeira (Angola, Regional e Contemporânea), citaram a importância de alguns baluartes da capoeira brasileira e iraquarense, falaram sobre os instrumentos musicais que acompanham a capoeira contemporânea – estilo praticado pelo grupo. Em 2009, o professor Pessoa teve a oportunidade de mostrar seu trabalho na Alemanha e na Holanda, e de lá diz ter trazido na bagagem experiências para a vida toda. "No exterior, e principalmente na Europa, a capoeira não é vista como um movimento de marginalizados, como infelizmente ainda acontece no Brasil. Eu tento passar um pouco dessa minha vivência para meus alunos hoje, e mostrar que, assim como eu, eles também têm a possibilidade de realizar os seus sonhos através da disciplina e da prática da capoeira", reforça o mestre. Acreditando nisso, Mandinga finaliza sua fala, dizendo: "A capoeira me fez acreditar em meus sonhos, a ter mais determinação, a superar todas as barreiras da minha vida. E nosso trabalho é fazer com que muitas outras pessoas também passem a acreditar verdadeiramente em si mesmo através da capoeira".

O trabalho do Grupo de Capoeira Origem da Bahia também acontece na sede da AABB, em Iraquara-BA, toda segunda-feira, a partir das 19:30hs.

III Projeto Esporte é Vida destaca esfera social


 Por Germano Xavier

A Cidade das Grutas, Iraquara-BA, empreenderá neste ano de 2012, o III Projeto Esporte é Vida, idéia proposta pela Secretaria de Educação no ano de 2009, mas que de fato só veio à público no ano de 2010, nas modalidades Futsal, Handebol, Baleado Feminino, Atletismo, Pega-Bandeira, além de jogos culturais, tais como Dica, Soletrando, Passa ou Repassa e Prova Escrita de conhecimentos gerais. Segundo Diomário de Sousa, professor de matemática há mais de 10 anos na comunidade da Queimada-BA, "o Esporte é Vida contempla todos os alunos do Ensino Fundamental I e II, e tem o intuito de amenizar a situação de evasão e reprovação escolar. Em 2009, foi feito um estudo nas escolas da rede municipal de ensino, e nos foi apresentado o resultado final com o indicativo de muitos problemas, inclusive vários casos de indisciplina. Aí surgiu o pensamento de reunir todos os segmentos para averiguar as possíveis soluções, inclusive manter os alunos em sala de aula", diz o educador, hoje também um dos coordenadores esportivos responsáveis pela realização do evento, juntamente com Adeilton José Pereira. Diomário explica que ao passo que as etapas do projeto vão sendo distribuídas e colocadas em prática, a equipe tenta reforçar a idéia de que este projeto não tem apenas o caráter de competição. "Para este ano de 2012, o foco principal é reforçar isso. A missão do projeto não é apenas lúdica, a desportiva, mas antes é também a de integrar as escolas, os professores e os estudantes”. O Esporte é Vida possui algumas semelhanças com as Olimpíadas Estudantis, que aconteceram de 1994 ao ano de 1998, porém diferencia-se estruturalmente, já que a seleção das equipes segue critérios rígidos, abarcando diversos aspectos e valores de cada integrante. "Nós dividimos tudo por idade/categoria, gêneros masculino/feminino, o que facilita muito nos dias de culminância", diz Diomário. O evento acontece a partir da Jornada Pedagógica, dura todo o ano letivo e seu momento mais importante acontece na sede, com a realização de uma passeata com todas as escolas envolvidas pelas ruas iraquarenses e, por fim, as disputas interescolares. "Ainda tem escola que não se prepara para a primeira etapa, que é interna, dentro da própria localidade, fato que prejudica muito nas horas decisivas. Muitos professores, por isso acontecer, sofrem com a falta de treinamento", diz Diomário, que ainda reclama do desinteresse de alguns professores, de algumas localidades, que ainda não conseguiram enxergar a real importância do projeto. Sobre as datas, o professor diz que teve problemas no último ano, pois se misturou com os festejos da padroeira da cidade, Nossa Senhora do Livramento. Como 2012 é o ano do cinquentenário de emancipação de Iraquara, a proposta agora é a de realizar a parte principal do projeto no mês de julho. Trazer um atleta de renome regional ou nacional para comparecer e palestrar sobre a importância do esporte também está nos planos traçados pelos organizadores.

Pré-Jornada Pedagógica traça planos para ano letivo de 2012


 Por Germano Xavier

Está acontecendo, em Iraquara-BA, a Pré-Jornada Pedagógica, iniciada dia 23 de janeiro de 2012 e que se estenderá até a próxima sexta-feira, dia 27. De acordo com Sirleide Neves, Supervisora Técnica da Educação Infantil, o encontro servirá para pautar todas as equipes gestoras das escolas do município em prol de um plano de atuação geral para o ano letivo que logo começará. “Nós estamos reunidos esta semana com os diretores e coordenadores de todos os segmentos. Este encontro tem por objetivo possibilitar um olhar sobre todas as ações que serão desenvolvidas no decorrer do ano, tendo em vista a preparação da Jornada Pedagógica com os professores dentro das escolas”, reforça. A Pré-Jornada discutirá os projetos institucionais das escolas, assim como os da secretaria de educação, entre outros importantes assuntos. Com isso, espera-se que cada vez mais a educação de qualidade esteja em voga. “Buscamos alinhar o trabalho pedagógico das escolas, expor resultados de diagnósticos, elaborar planos de ação que serão elementos de discussão na Jornada, que acontecerá do dia 30 ao dia 04 de fevereiro em todas as escolas da rede. Aqui a gente irá discutir as questões institucionais das escolas, englobando não só aquilo que é de natureza didática, de dentro da sala de aula, mas também como as bibliotecas funcionarão, quais alunos passaram de ano com ressalva e o porquê, etc. Nossas expectativas são as melhores possíveis. Para este ano, ano de aniversário de cinquenta anos de Iraquara, estamos muito otimistas e desejosos de fazer um bom trabalho no âmbito cultural, no próprio incentivo à leitura, e também com relação à produção de material cultural regional”, relata Elaine Alves, Supervisora Técnica do Ensino Fundamental II. Segundo a coordenadora da creche Mãe Marieta, Didácia Costa, “momentos como este são bons porque quando a gente senta para conversar sempre tem uma ou outra idéia nova para dividir com o restante do pessoal”, diz. “É a primeira vez que participo, e para mim está sendo de suma importância participar da Pré-Jornada, porque estamos vendo não só o resultado geral do ano de 2011, mas também enxergando o futuro de nossas ações para este ano”, reitera Iudes Ferreira.