quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

É o tempo que temos

Imagem: Google
Por Germano Xavier

Para todas as pessoas que amo e que amei.

Acabou mais um ano. O relógio não parou. O relógio não para. As luzes piscam, cada vez mais nítidas. Os prédios só cresceram. As pessoas só se proliferaram. Céus se desenrolaram por sobre as nossas cabeças, muitas vezes pesadas de tanta labuta. E hoje bateu aquela vontade louca de romper. Mais do que nunca, meus amigos. Romper com o mau-caratismo, romper com a hipocrisia, romper com tudo aquilo que não nos leva além. Deixar de lado os rumores de discórdia, o falso companheirismo que nos apunhala pelas costas, fugir das mágoas e das mentiras e abraçar aquilo que é amor.

Vamos, não é hora de discutir se isto ou aquilo é clichê ou não, se é démodé ou não, se é sujo ou não. É hora mesmo de partir para cima daquilo que é verdade em nós, de conquistar o bem que nos faz sentido, seja material ou não, é hora de se deixar e ser muito mais, hora de ousar mais. Até porque nós podemos mais. A vida é só uma e só há uma chance para sermos felizes. Dura realidade. Esqueçamos todas as teorias, todos as nossas possíveis vidas que não aconteceram até agora e esqueçamos também os nossos arrependimentos. Amanhã é um novo tempo de poder, de saber, de ir.

Aliás, produzamos mais amor, façamos mais amor, sejamos mais amor. Que amemos mais o nosso lugar de origem, que amemos mais o lugar que nos acolhe neste momento, que amemos mais o lugar dos nossos sonhos, pois assim teremos mais força para que consigamos chegar até ele um dia. Amemos muito mais a nossa mãe, desastrada como sempre por tanto amar, amemos mais o nosso pai cheio de mistérios e silêncios sábios, amemos mais o nosso irmão que se distanciou por algum motivo, a nossa irmã cascuda, que amemos mais.

Não deixemos de rogar amor aos nossos parentes olvidados, de lançar luzes sadias sobre nossas antigas paixões, afinal de contas foi tudo isto junto que fez a gente ser o que é hoje. Não nos esqueçamos de amar a menina que primeiro nos ofereceu o corpo em profunda ardência, sobre o sofá do velho apartamento mofado, não nos esqueçamos de doar amor ao sujeito até então estranho que nos ofertou socorro na hora mais improvável de toda a nossa vida, que não percamos de vista os homens e as mulheres de nossas vidas, nossos professores, nossos amores, nossas ilusões.

Todavia, o mais importante de tudo, diria eu, é não permitirmos que morra em nós mesmos a força para as mudanças. Se ficarmos apáticos, se presenciarmos a palidez de nossas próprias ações e a passagem em calmaria morna do tempo, perderemos mais facilmente a visão da liberdade, que é o caminho da felicidade pura. Este é mais um tempo para nos rebelar, uma nova e única chance para tentar mudar algo ou alguém e, sobremaneira, é o tempo que temos para sermos mais o próprio tempo, este ser impaciente que tem hora para nos abandonar.

Dezembro de 2013.

3 comentários:

PERSEVERÂNÇA disse...

Espetacular!!!definir um texto a sua harmonia, é muito importante, atenção o escritor está abrindo o coração, colocando ali em cada palavra seu sentimento, sua opinião, seu momento de ira, sua capacidade de demonstrar o seu profissionalismo.
Deixo abraço fraternal, desejo felicidades.
Nicinha

Helena Frenzel disse...

Belíssimo texto. Sim, sigamos pois a luta não nos permite descansar. Feliz Natal!

Helena Frenzel disse...

A luta pelo nosso tempo, quis dizer.