No capítulo 4 do livro FONÉTICA E FONOLOGIA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO, as autoras Izabel Christine Seara, Vanessa Gonzaga Nunes e Cristiane Lazzarotto-Volcão atrelam ao conceito de Fonologia o sentido de “contrato” - ainda que tomado implicitamente -, que une os usuários de uma respectiva comunidade linguística, sendo que tal “acordo” seria a própria língua.
Somente a partir do século XX é que a Fonologia ganha forma de campo de conhecimento de relevância insuspeitada, divergindo sua atuação da Fonética ao centrar suas investigações nas funções linguísticas dos sons da fala. Assim, para a Fonologia as distinções de sentido que implicam a produção ou não de um determinado som determinam suas produções, assim como suas possíveis segmentações.
Depois de seu surgimento, os estudos fonológicos foram se ampliando consideravelmente, permitindo aos pesquisadores da área em questão o lançamento de novos e diversificados olhares sobre o mesmo prisma, daí a intervenção de importantes teóricos estruturalistas, funcionalistas e gerativistas. Os sons da fala, assim, passam a incorporar em particular valores (funções) nunca antes percebidos e analisados.
A corrente estruturalista, de base saussuriana, onde há uma divisão de ordem dupla, dicotômica, entre Língua e Fala, Substância e Forma, foi a operação inicial dentro dessa problematização. O termo Fonologia, identificando-se como tal área de estudo, começou a ser prestigiado a partir das intervenções do Círculo Linguístico de Praga. Nomes de prestígio, como os de Trubezkoy, Jakobson, Benveniste e Martinet relocaram os sons da fala ao panteão dos componentes fundamentais da palavra, pondo novas considerações acerca de seus envolvimentos para com a linguística contemporânea.
Paralelos a tudo isso, a Fonêmica e a Fonologia Gerativa, esta baseada na relação dicotômica de Competência X Desempenho, também enveredam-se em seus dados estudos e ampliam horizontes afins. Para as autoras do livro, todas as ramificações de estudo dos sons da fala observaram a organização da cadeia sonora da fala, agregando sentidos e significâncias distintas a depender de seus posicionamentos perante o objeto.
Por fonemas, entende-se que sejam as unidades mínimas distintivas de som presentes em uma palavra. As menores unidades detentoras de significado, por conseguinte, recebem o nome de morfemas. Uma mesma palavra pode ser percebida fonologicamente como possuidora de mais de uma representação sonora. A tal fenômeno, denomina-se Alofonia (ou ainda Variação).
Para o detalhamento do estudo fonológico dos componentes de uma língua, existem várias engrenagens e instrumentações, também chamados de traços articulatórios e/ou acústicos, que servem de parâmetros para definições as mais variadas possíveis. Uma dela é a ideia dos pares mínimos, duas sequências fônicas cuja única distinção se dá na ordem de um fonema apenas.
Nesse conjunto de interações, entra em vigor também a problemática dos pares de sons suspeitos e os pares análogos, requisito usado para se buscar um dado referencial fônico quando não se pode usar dos regimentos dos pares mínimos ou pares de sons mínimos.
Quando nos referimos ao Arquifonema, faz-se preciso entender que ele é o elemento-símbolo oriundo de uma neutralização fonêmica, isto é, quando se dá o fenômeno conhecido por variação livre, que consiste na perca de distinção entre dois fonemas a partir de um dado contexto de uso da fala.
BIBLIOGRAFIA
SEARA, Izabel et al. Fonética e Fonologia do Português Brasileiro. UFSC. 2011. Disponível em http://goo.gl/tQy90q. Acesso em 28 de abril de 2015.
Imagem: http://luciarvalho-sociofonematica.blogspot.com.br/
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