Logo na introdução de seu livro Fonética e Fonologia, Hora (2009) já mostra indícios sobre a diferenciação conceitual dos dois termos que dão nome à obra supracitada. Sendo a linguística uma corrente epistemológica que está interessada, primordialmente, nos mecanismos estruturais da língua, há de se ter em mente a existência de algumas subdivisões de conteúdo que perfazem tal campo, a citar a Semântica, Sintaxe, Morfologia, Fonética e Fonologia, estas duas últimas preocupadas com as unidades linguísticas menores.
Os estudos fonéticos precedem aos fonológicos quanto à marcação temporal, possuem eixos de abordagem diversificados, mas se correlacionam entre si numa relação de interdependência. A Fonética cuida dos sons da fala, destacando para isso os seus modos de produção, recepção e articulação de ordem físico-corporal.
A Fonética pode ser resumida em três configurações, cada qual com a capacidade de abordar aspectos diferentes de um mesmo objeto de estudo. São elas: Fonética Articulatória, Fonética Acústica e Fonética Auditiva. A primeira configuração dá conta dos estudos dos sons sob o prisma fisiológico. Neste ínterim, a segunda vai observar os sons a partir de suas respectivas propriedades físicas, tendo seus respectivos processos de recepção como um dos fatores mais importantes para estudo. Por fim, a terceira configuração prioriza a percepção dos sons no tocante ao aparelho auditivo.
Historicamente, a Fonética Articulatória foi mais bem amparada pelos olhares dos estudiosos, por motivos talvez pífios, ocasionando certo ostracismo intelectual diante das outras duas modalidades. Colocando em destaque a modalidade Articulatória, Hora (2009) revela ao leitor de sua obra como se dá o processo de produção dos sons, e para isso traz à tona toda a engrenagem do aparelho fonador humano, instrumentação nata que nos permite realizá-los a todo instante, ao menor esforço possível, por meio da respiração, mais precisamente da expiração.
Várias partes do corpo humano são utilizadas para que um som seja produzido, órgãos cujas funções basais não são as ligadas à produção sonora, mas sim à alimentação e respiração. Na laringe, o início das definições dos tipos de som se dá. Depois, as cordas vocais se encarregam de continuar a elaboração, havendo ou não vibração em suas paredes. Feito isso, a faringe e o trato vocal seguem o percurso das segmentações dos sons.
Destarte, os sons – leia-se, sons da língua portuguesa – quanto ao modo de articulação podem ser: oclusivos, fricativos, africados, nasais, laterais, vibrantes, tepes e retroflexos. Já quanto ao ponto de articulação, os sons classificam-se em: bilabial, labiodental, dental/alveolar, palato-alveolar, palatal e velar, cada qual com suas particularidades e idiossincrasias.
Vale salientar que todos os comandos aferidos até aqui são válidos para o estudo das consoantes. Importante destacar, também, a existência do IPA (Alfabeto Fonético Internacional), que objetiva a unificação das transcrições sonoras observadas no mundo. Para as vogais, sempre vozeadas e núcleos silábicos, as classificações se dão a partir de três prismas: quanto à posição vertical da língua (alta, média e baixa); quanto à posição horizontal da língua (anteriores, centrais e posteriores) e quanto ao posicionamento dos lábios (arredondadas e não-arredondadas).
BIBLIOGRAFIA
HORA, Demerval da. Fonética e Fonologia. UFPB, 2009. Disponível em http://goo.gl/ecYlc Acesso em 15 de abril de 2015.
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