Na seção 37 de seu livro GRAMÁTICA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO, intitulada de PRONÚNCIA, o professor Mário A. Perini destina a discussão elaborada nas seguintes páginas de sua obra principalmente aos falantes nativos do Português Brasileiro (PB) e decide destacar algumas diferenças na pronúncia do nosso português frente ao português padrão. Para tal elaboração, Perini (2010) escolhe elucidar essas problemáticas da língua falada a partir de como se pronunciam as suas respectivas formas ortográficas.
O autor inicia suas profusões explicando ao leitor um pouco do funcionamento do português, sua organização gráfica geral, além de explicitar alguma parcela acerca das bases de pronúncia das palavras. As bases da ortografia, segundo Perini (2010), são fonológicas e, por serem assim, representam a pronúncia com uma aproximação evidente, com poucos casos que podem apresentar dissonâncias nesta natureza do saber linguístico.
Algumas exceções imersas nesta pronunciação que fogem à regra podem ser citadas a tomar em vista:
1) a pronúncia do e e do o tônicos, quando não acentuados nem parte de um ditongo qualquer (pera, fera, sopa, réu, dói, réis);
2) a pronúncia do e e do o átonos pretônicos (perigo, tesoura, cegonha, telinha);
3) a pronúncia de s como [s] ou [z], quando depois de vogal nasal (pensar, trânsito, subsídio);
4) a pronúncia ou não do u depois de q ou g e antes de e, i (tranquilo, aquilo, aguentar, guerra).
Estes são, para Perini (2010), os casos em que as formas ortográficas não imprimem pistas satisfatórias no intuito de não se apresentar alguma inconsistência na relação direta em ortografia e pronúncia.
Logo após elucidar tais conflitos, Perini (2010) entra em mais detalhes sobre as consoantes – e aqui também os dígrafos -, demonstrando ao leitor as possibilidades de pronunciação das palavras. As representações de pronúncia voltadas ao uso do NH, do T, do D, do R, do L, do M, do N, do X e do W voltam-se para os usos mais empregados no sudeste brasileiro, aliás, região que norteou a análise da maioria das apreciações presenciadas no referido livro, bom salientar.
Feito isso, Perini (2010) envereda-se pelo campo da pronúncia das vogais, agora salientando o sistema de acentos (primário e secundário) como também situações de uso do e e do o, além de se ater ao fenômeno do ensurdecimento vocálico quando no final de enunciados.
Adiante, na seção 38 de sua GRAMÁTICA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO, Perini (2010) tece investigação acerca dos FENÔMENOS NÃO MARCADOS NA ORTOGRAFIA – título do capítulo -, que nada mais são que situações de uso da língua que são presenciadas na fala, mas na escrita não são representados de nenhuma forma.
Diante de tais ocorrências, o pesquisador deixa claro os contextos de uso diferenciados dos proclíticos (Ele bateu em mim = Ele bateu ni mim), do verbo (es)tar (Ele estava em cima da cama = Ele tava em cima da cama), cuja primeira sílaba é geralmente omitida, da partícula negativa não (com sons diversos), dos sufixos de gerúndio, das formas de 1º pessoa do plural e do pronome pessoal você.
Em última observância, ainda na seção 38, Perini (2010) elabora visões sobre os fenômenos conhecidos como Sândi (junção de palavras), a citar os casos envolvendo elisão (casa amarela = casamarela) e haplologia (Faculdade de Medicina = faculdadimedicina), fechando com uma menção ao uso das contrações na língua portuguesa brasileira.
BIBLIOGRAFIA
PERINI, Mário A. Gramática do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2010, p. 339-358.
* Imagem: http://chuvadeideias.concatena.org/2015/04/17/a-escrita-e-a-tecnologia-que-mais-define-e-distingue-o-ser-humano/
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