Por Germano Xavier
apalpo a pilha de livros
na estante e é
como suas costas largas,
um andaime frágil eu subisse.
se você
soubesse que pus a rodar
um disco azul
para te lembrar na fria noite
em cima dos morros
não sopraria seus ardis
na direção tortuosa das febres.
venha ver o oratório, o busto
de um deus,
a cobertura felpuda
de um agasalho empalhado
no cabide e saberás, intimamente,
que da chama muída
e pertinaz das horas
que me abraçam abordo
um bruto aspecto de pressa e vagar.
estas tônicas
visitas melíferas e inesperadas
são porções fúteis
de infância que combato.
aberto, o dicionário prende
as asas de uma falena possível.
há vôos, há ânsias,
há apenas o gotejamento.
mas tu não te entregas, fazes corpo mole
e esta tu’alma rija, tu,
tu que me aspiras,
pois sou o pó. e te inalo,
sobre o sofá sujo de engodos vitais
e gorduras,
exalando amor, amor, amor...
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Crédito da imagem:
"my words .... by *chriseastmids"
Deviantart
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