sábado, 1 de fevereiro de 2014

Chuva oblíqua d'outro Atlântico

Por Germano Xavier

para Luísa Fresta, a Dama de Portugal,
com imenso carinho.


"...Sobre as minhas mãos cheias de desenhos de portos
Com grandes naus que se vão e não pensam em voltar...
Pó de oiro branco e negro sobre os meus dedos...
As minhas mãos são os passos daquela rapariga que abandona a feira,
Sozinha e contente como o dia de hoje..."

Do poema Chuva Oblíqua, de Fernando Pessoa.




esta chuva

que chove de lado
esta chuva
de molhadas águas
que molha a passarela
de pedra
o coração da mulher

alva
esta chuva chuvosa
escorregadeira natural
desafiadora dos passos lentos
de quem vai
de quem vem

esta chuva ancestral
qu'encanta brasis
antiga em Portugal
macia de rumo íngreme
esta chuva fenomenal

esta chuva

que chove de lado
esta chuva
de molhadas águas

chuva de bem e de mal

chuva de Pessoa chuva serena
chuva minha imagem real
esta chuva
imensa chuva pequena
é chuva e coro
e também um sinal

Um comentário:

Anônimo disse...

É lindo, Germano, parece que a gente desliza nessa chuva que cai dentro do teu poema...
abração!!!!!!
Luísa