Por Germano Xavier
Cabeça:
Jugular-angular. Base. A voz em tons. Toda cabeça é uma noite. Toda cabeça é uma noite? Toda cabeça é um sol ao quadrado. Toda cabeça é um caminho e uma perdição. Na cabeça está o instante íntegro, o que é puro ainda. Há nela a sedimentação do desejo, que era apenas um envolvimento de Andrômedas distantes. Toda cabeça é um sistema nervoso.
Olho:
O olho é o revólver. Todo olho atira. Todo olho atinge. Todo olho perfura, marca, fere. Todo olho sangra. O olho é a parábola. A decisão. O olho ataca porque sabe que vence. Nunca perde porque nenhum olho perde. Até o olho que não vê, vê. Ver é um estado crítico. Leão domado o olho que se esconde.
Coração:
Todo coração é um banimento. Todo coração é um aterro sanitário. É nele onde se atira o bruto. O coração não filtra. O coração é ingênuo. O coração é um bom samaritano. Guarda até o odiável. Todo coração é um medo de fotografia. Ele sempre some na revelação. Quem conhece um coração? Coração só sabe amar, mesmo quando não ama. Todo coração é um sistema penoso.
2 comentários:
Crédito da imagem:
"Cartier-Bresson - Series II by ~smartybarty"
DEviantart
Instante íntegro é título de poema. Uma história inteira em duas palavras. E, mesmo que se divague em poesia, cabeça é sistema nervoso. Assim dizia o Realismo.
Muitos aforismos de alimento.
Você construiu conceitos que eu passaria a vida imaginando, mas não conseguiria escrever.
"Ver é um estado crítico".
Perfeito. Feito peixe e anzol.
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