Pés no chão pra sentir que o chão é bom e triste é assistir filme sozinho. Eduardo é filho dos tempos de merenda escolar e dos ruídos da madrugada. Quartinho pequeno, tênis sem plural e mundo enorme. Eduardo tem os olhos bons. Bondade das senhoras que vendem doces e sabem a hora.
Saber a hora é questão de tempo.
Um par de mãos e Eduardo cata a vida que sopra sua melancolia de fim de dia. Mas o dia termina e logo ele traça plano novo. Vive desses planos – fazenda xadrez, subir ou descer. Adora algodão doce e finge não ter fome só pra servir de alimento.
Um santo. Um anjo em tons verdes. Compota de mel.
Se o vento tem nome, deve ter o nome desse personagem de verdade. Se as luzes se apagam, a força concreta que o menino Eduardo possui, acende e faz clarão - como relâmpago que ilumina cidade pequena. Rios correm por ele. Novas estrelas surgem. Deus faz as ordens e sabe que no mundo Eduardo faz sentido.
Porque menino é sentido. Amor também. Velas são.
Eduardo existe em excesso porque não sabe ficar quieto. Embora tímido, seu silêncio ecoa mais que hino em dia de jogo de futebol. Eduardo corre o mundo e não consegue ser ausente. É parte de versos escritos por Drummond que soube andar com as mãos.
Unidas mãos em oração.
Eduardo é verso e o seu inverso é contente.
Eduardo rima tudo e completa sua coleção de cenas enquanto ajusta o sinal de sua televisão. Ele só não acredita que o mundo mudou. Quase sem fé, mas sendo o Eduardo, tem perdão.
Criança que tem história tem sempre flores a seu favor.
Não esquece. Como mulher, ele não esquece. Fruta madura que alguém tenta roubar, mas daquela altura, é verso que permanece vivo. Sem transcrição. Eduardo é obra de outro autor.
Alice.
Para o poeta, jornalista e professor Germano Xavier.
Escreve livro, faz sentido e gosta de palavra difícil.
Verso Rouco.
Alice é Letícia Palmeira, Virgínia Borges e mãe do Pedro.
Escreve livro, faz sentido e gosta de palavra difícil.
Verso Rouco.
Alice é Letícia Palmeira, Virgínia Borges e mãe do Pedro.
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