sábado, 22 de março de 2014

Musa errática



Por Germano Xavier

a voz da poesia ignora o falso
crepúsculo da palavra, a falsa
medida.

o grito poético interfere
e não fere o próprio grito.

que diz o meu poema,
senão meus assuntos corrosivos?

que dirá essa voz poética
quando invadir tão logo possa
tua ciranda interna?

apropriação indébita e tarefa hercúlea,
o poeta - deus em trajos de mortal, em danação,
no saber-se fraco de carnes e comum,
assim como possuidor dum reino nada piadoso
e obsedado por forças angélico-energúmenas -
desamola as lâminas da guilhotina que vara o ar,
num curto espaço abarca a vida inteira
e, duro, retraça a vida-morte com mãos limpas.

2 comentários:

Juliana disse...

Agradeço pela visita! Voltarei aqui mais vezes também.

Só não entendi o "C," no seu comentário em meu blog! rsrs!

Juliana disse...

Ah, sim! Clarice, Clarice!