domingo, 26 de janeiro de 2014

Borrão que me ofusca um bem

Imagem: Deviantart
Por Germano Xavier

juntando cacos inquebráveis e ana c.


como se escreve saudade num papel
que no agora me serve
de barquinho n'água
ou mesmo vontade de um algo mais profundo
nos dentros de tamanha suavidade
ou mesmo carência
de estar sem ter estado
nem um tantinho sequer
num teu abraço
tão coisa fina

como não te sonhar, menina?, como não existir nada mesmo após o afastamento?, como
se se escrever saudade num papel
desmonta o agora que não serve
de ancoradouro
quero chegar quero buscar quero querer quero você
afora a ínfima saliência protuberante e escandalosa do amor
ou da paixão
em ser e ser além do vil estado
uma máxima forma
de me adorar em você
eis o espaço do controle inevitável
desde que me apareceras
toda uma poética mudou
(com sublimações irreversíveis, admito)

é fácil ancorar um navio no espaço
basta me por levitado
(e nisso és expert)

Um comentário:

Daniela Delias disse...

Lembrei de outro poema dela (Último adeus II)

O navio desatraca
imagino um grande desastre sobre a terra
as lições levantam voo,
agudas
pânicos felinos debruçados na amurada

e na deck chair
ainda te escuto folhear os últimos poemas
com metade de um sorriso

...

E o teu, lindo.

Beijo